A
expressão de desânimo da platéia não condiz com o som de aplausos efusivos em
playback e nem com a euforia exagerada da apresentadora Susy Camacho entrando
no palco para apresentar mais um “Quem Convence Ganha Mais”, nas noites de
sexta-feira, no SBT. Não há como não fazer, imediatamente, uma associação ao
mesmo clima do “Programa do Ratinho”. Susy Camacho também faz a linha
“popularesca” de Carlos Massa. A psicóloga é praticamente a nova Ratinha.
O tema do
programa na sexta-feira (9) era “Nem tudo que eu tenho é de anão”. A questão
central tratava de atores pornôs, sendo um dos convidados Zezinho, um ator
pornô anão. Há um prêmio de 2 mil e de 1 mil reais para quem der a
justificativa para defender melhor sua causa: fazer filme pornô é certo ou
errado? Suzy Camacho se esforça para evoluir como apresentadora
sensacionalista. Como se fosse preciso ter psicologia para isso. Acaba correndo
pelo cenário como barata tonta, esquecendo-se até de dar atenção a todos os
convidados, fazendo gracinha com os “conselheiros”, o jornalista Felipp Campos,
aquele que faz a linha o repórter que queria ser artista, e a atriz e
comediante Vida Vlatt, aquela que fazia a empregada de voz irritante do
Clodovil na Rede TV!, e Elias Matogrosso, um apresentador que ninguém sabe de
onde saiu.
Depois de
meia hora no ar, só então Suzy se lembra de apresentar a ex-atriz pornô e
ex-Ronaldinha Viviane Burnieri, que estava desde o início no palco sem ter tido
sequer seu nome citado. Sentada ao lado do irmão do anão, que abriu a boca para
dizer duas ou três frases. Muitos quilos a mais, Viviane, ou Vivi, em nada mais
lembra a jovem sexy que posou para a Playboy em 1998 e ex-integrante do grupo
As Ronaldinhas, grupo surgido após ela ter namorado o jogador Ronaldo Fenômeno
em 1996, ao lado de outra ex do jogador, Nádia França. Em 2008, atuou em “Minha
1ª Vez”, contracenando com um sósia de Ronaldo. O jogador impediu que o filme
fosse lançado e ela então o acusou na época de ser o culpado pela depressão que
a fez engordar 15 quilos. “Posei nua, fiz filme pornô e me prostitui. Mas hoje
sou outra”, disse Vivi, que agora se apresenta como missionária evangélica.
Mas Suzy
dá mais atenção mesmo ao ator pornô anão, que dança e simula um strip teaser em
cima da bancada dos “conselheiros” e é praticamente assediado, em tom de
brincadeira, pelo jornalista Felipp Campos. É a mesma bizarrice do Ratinho. A
platéia também se manifesta: “Ela não tem vergonha na cara de fazer filme
pornô?”, pergunta uma jovem à atriz pornô Mônica Mattos, outra convidada. Dando
início a um bate-boca entre as duas com direito a palavrões ocultos pelo famoso
“piiii” que esse tipo de atração tanto gosta.
É
lastimável que, tendo a TV brasileira o reconhecimento que tem no mundo pela
qualidade de seus produtos e profissionais, ainda haja atrações como essa, que
foi copiada da televisão venezuelana. Um canal como o SBT, com a estrutura e
condições financeiras que tem, poderia investir mais nas ideias de ótimos
criadores que temos aqui e se preocupasse em também produzir programas com um
mínimo de qualidade.
Até mesmo
para oferecer entretenimento é preciso se ter um mínimo de comprometimento.
Os "conselheiros" do programa |