sábado, 10 de dezembro de 2011

"A Vida da Gente": enredo desperta no telespectador sensações contraditórias sobre o que é certo ou errado em escolhas que mexem com sentimentos profundos


Às vezes é preciso ser um pouco egoísta para defender nosso direito de ser feliz. Mas, até que ponto? Essa é uma das questões que nos propõem no momento a novela das seis, “A Vida da Gente”, ao mostrar o impasse que envolve as irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano), e Rodrigo (Rafael Cardoso). Na trama, a novelista Lícia Manzo faz um emaranhado de sentimentos fraternais e paixões, tudo mostrado de forma dúbia, que também deixa o telespectador com posições contraditórias em relação ao que é o certo ou o errado nas escolhas que mexem com sentimentos profundos.

Após um acidente de carro, Ana ficou cinco anos em coma, e sua filha, Júlia (Jesuela Moro), de poucos meses, ficou aos cuidados de Manu. É só então que Rodrigo descobre ser o pai de Júlia. Junto com Manu, ele cuida da menina e os três formam uma família. Mas agora Ana saiu do coma...

Não há como não se exaltar a delicadeza como a autora e seus colaboradores tem cuidado de um tema tão frágil como esse. Ficamos o tempo todo em dúvida sobre quem terá sido a maior vítima: Manu ou Ana? Irmãs e amigas inseparáveis. Rodrigo tem tudo para ser quem vai decidir, mas, por enquanto, faz apenas o contraponto. Nos próximos capítulos, Manu vai admitir para a avó Iná (Nicette Bruno) que se sente insegura com a relação de Rodrigo e Ana. Os três estão aprendendo, aos poucos, a lidar com as emoções e as novas funções que passaram a exercer ao lado de Júlia.

As opiniões se dividem. Por mais que o tempo tenha passado para ambas, terá Manuela, que sempre se mostrou a irmã amorosa, agido certo ao deixar que a sobrinha a chamasse de mãe quando a mãe verdadeira estava em coma? E por que se casou com o cunhado, como se não esperasse que Ana jamais voltasse do coma? E agora que Ana começa a se recuperar, ela parece se preocupar muito mais com o abalo que isso vai provocar em sua vida pessoal, na família que formou com a filha e o namorado da irmã. Mas Ana também errou no passado ao ter deixado se influenciar pela mãe, Eva (Ana Beatriz Nogueira), e escondido de Rodrigo que esperava um filho dele.

Um conflito de disputa semelhante foi visto em “Eterna Magia”, novela também das seis escrita por Elizabeth Jhin, que mostrava um triângulo amoroso formado por duas irmãs: Nina (Maria Flor) e Eva (Malu Mader), que se apaixonam por Conrado (Thiago Lacerda).

A história se passava entre os anos de 1938 e 1946, na cidade fictícia de Serranias, no interior de Minas Gerais. Eva era a primogênita de personalidade forte. Ao contrário da irmã mais nova, Nina, que era meiga e ingênua. Eva vai viver no exterior para investir na carreira de pianista e quando volta a irmã está de casamento marcado com Conrado. Eva então lança mão de todas as armas de sedução para ter o noivo da irmã. A diferença entre uma e outra novela é que a anterior tinha uma irmã com características claras de mazinha, frente à boazinha. Na atual, ambas são boazinhas. Até que se prove o contrário. 

Mas, tirando a coincidência de Thiago Lacerda estar de novo fazendo parte do que era um triângulo e agora é um quadrilátero amoroso, as histórias vão se repetindo. O mais instigante é esperar para descobrir se o errado estará no certo, ou o certo estará no errado...