Às vezes é preciso ser um pouco egoísta para defender nosso direito de ser feliz. Mas, até que ponto? Essa é uma das questões que nos propõem no momento a novela das seis, “A Vida da Gente”, ao mostrar o impasse que envolve as irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano), e Rodrigo (Rafael Cardoso). Na trama, a novelista Lícia Manzo faz um emaranhado de sentimentos fraternais e paixões, tudo mostrado de forma dúbia, que também deixa o telespectador com posições contraditórias em relação ao que é o certo ou o errado nas escolhas que mexem com sentimentos profundos.
Após um
acidente de carro, Ana ficou cinco anos em coma, e sua filha, Júlia (Jesuela
Moro), de poucos meses, ficou aos cuidados de Manu. É só então que Rodrigo
descobre ser o pai de Júlia. Junto com Manu, ele cuida da menina e os três
formam uma família. Mas agora Ana saiu do coma...
Não há
como não se exaltar a delicadeza como a autora e seus colaboradores tem cuidado
de um tema tão frágil como esse. Ficamos o tempo todo em dúvida sobre quem terá
sido a maior vítima: Manu ou Ana? Irmãs e amigas inseparáveis. Rodrigo tem tudo
para ser quem vai decidir, mas, por enquanto, faz apenas o contraponto. Nos
próximos capítulos, Manu vai admitir para a avó Iná (Nicette Bruno) que se
sente insegura com a relação de Rodrigo e Ana. Os três estão aprendendo, aos
poucos, a lidar com as emoções e as novas funções que passaram a exercer ao
lado de Júlia.
As
opiniões se dividem. Por mais que o tempo tenha passado para ambas, terá
Manuela, que sempre se mostrou a irmã amorosa, agido certo ao deixar que a
sobrinha a chamasse de mãe quando a mãe verdadeira estava em coma? E por que se
casou com o cunhado, como se não esperasse que Ana jamais voltasse do coma? E
agora que Ana começa a se recuperar, ela parece se preocupar muito mais com o
abalo que isso vai provocar em sua vida pessoal, na família que formou com a
filha e o namorado da irmã. Mas Ana também errou no passado ao ter deixado se
influenciar pela mãe, Eva (Ana Beatriz Nogueira), e escondido de Rodrigo que
esperava um filho dele.
Um
conflito de disputa semelhante foi visto em “Eterna Magia”, novela também das
seis escrita por Elizabeth Jhin, que mostrava um triângulo amoroso formado por
duas irmãs: Nina (Maria Flor) e Eva (Malu Mader), que se apaixonam por Conrado
(Thiago Lacerda).
A
história se passava entre os anos de 1938 e 1946, na cidade fictícia de
Serranias, no interior de Minas Gerais. Eva era a primogênita de personalidade
forte. Ao contrário da irmã mais nova, Nina, que era meiga e ingênua. Eva vai
viver no exterior para investir na carreira de pianista e quando volta a irmã
está de casamento marcado com Conrado. Eva então lança mão de todas as armas de
sedução para ter o noivo da irmã. A diferença entre uma e outra novela é que a
anterior tinha uma irmã com características claras de mazinha, frente à
boazinha. Na atual, ambas são boazinhas. Até que se prove o contrário.
Mas,
tirando a coincidência de Thiago Lacerda estar de novo fazendo parte do que era
um triângulo e agora é um quadrilátero amoroso, as histórias vão se repetindo.
O mais instigante é esperar para descobrir se o errado estará no certo, ou o
certo estará no errado...