Cris Vianna deu um exemplo não só de talento nos capítulos de “Fina Estampa” dessa segunda (26) e terça-feira (27), mas também de como uma atriz pode se impor com seriedade na profissão com seu comportamento ao incorporar seja que personagem for. No papel de Dagmar, sua entrega foi sincera e comovente nas cenas em que descobre que seu filho Leandro (Rodrigo Simas) é um garoto de programa. Sem exagerar nos gestos, mas carregando na emoção, Cris soube manifestar a dor desmedida daquela mãe de forma a comover qualquer telespectador com um mínimo de sensibilidade. E olha que foram capítulos nos quais havia um outro ponto alto acontecendo: os barracos nas festas de Griselda (Lilia Cabral) e Tereza Cristina (Christiane Torloni). Mas no quesito melhor e mais difícil interpretação, ganhou Cris.
No começo da novela,
quando Dagmar apareceu tomando banho de mangueira nua na laje, muitos
criticaram e acharam a cena apelativa. O autor Aguinaldo Silva, sempre superior
a qualquer tipo de comentário contrário ao seu texto, não se abalou e mostrou
outros banhos da morena. Nada que afetasse a trajetória de Dagmar, uma mulher
trabalhadora, cozinheira de mão cheia, mãe de dois filhos, que soube dar a
volta por cima até após a relação sem futuro com Quinzé (Malvino Salvador) e
que não se deixa abater pelo preconceituoso Albertinho (André Garolli), primo
de seu patrão Guaracy (Paulo Rocha). Mas tudo isso foi mostrado graças ao
talento de Cris em transformar cada empada que lhe colocavam na mão em
verdadeiros banquetes.
É preciso diferenciar
cenas e interpretações sensuais de cenas e interpretações apelativas. Só para
dar um exemplo, os banhos de Dagmar na laje foram arte diante das expressões
vulgares de Ana Carolina Dias, a “marida de aluguel” Deborah. Essa não está
sabendo aproveitar o espaço que ganhou ou não sabe fazer melhor do que isso.
E parece que Aguinaldo
Silva, nesses capítulos, permitiu que Cris Vianna exorcizasse as críticas
anteriores ao aparecer na mesma laje, enrolada em uma toalha de banho, molhando
com a mesma mangueira as cinzas das roupas caras de grife encontradas no
armário do filho, queimadas por ela e compradas pelo garoto com o dinheiro de
sua própria prostituição. “Hora de começar um novo dia e voltar para o batente
de novo”, afirmou com altivez a guerreira Dagmar.