sábado, 17 de dezembro de 2011

"Contos de Verão": Reprise do canal Viva traz a nostalgia de outra época em quando a estação ainda acontecia...


Chega a soar até engraçada a forma como a expressão “yuppie” era usada como sendo o máximo da “intelligentsia” no início dos anos 90, época da minissérie “Contos de Verão”, atualmente sendo reprisada pelo canal Viva. Yuppie, era a tradução da sigla YUP, Young Urban Professional, usado para, numa forma simplista, referir-se a jovens profissionais das classes média e alta, com formação universitária, que seguiam as tendências da moda. De forma conservadora e careta, bem diferente dos hippies. Mas a intenção aqui não é fazer uma leitura sociológica da época, e sim entrar em mais essa viagem no tempo em mais um produto televisivo.

De autoria de Domingos de Oliveira, “Contos de Verão”, de 1993, mostra histórias contadas como se fossem reais dentro da ficção, narradas pelo também fictício escritor Cabral (Reginaldo Faria), que busca na tranqüilidade de Búzios, no litoral fluminense, inspiração para escrever uma minissérie para televisão. 

No centro dessas histórias há espaço para dois casais que dividem uma casa de praia: Pâmela (Maitê Proença) e Ary (Nuno Leal Maia), e Renata (Bia Seild) e Thales (Antonio Calloni). Durante o veraneio, eles acabam envolvidos numa teia de traição entre casais e lavagem de roupa suja entre pessoas insatisfeitas com uma vida de felicidade aparente. Nada muito diferente do que, sabe-se, acontece ainda nos tempos atuais. E Domingos de Oliveira sempre soube mergulhar nas almas feminina e masculina ao descrever as insatisfações e prazeres que fazem parte do universo de qualquer um numa relação. É claro que há que se levar em conta também que esses dois casais estavam enquadrados no gênero “yuppie” da época...

Longe desses casais, o próprio narrador da história se vê às voltas com a insatisfação de sua mulher, Glorinha (Vera Zimmerman), uma mulher que vive a antiquada crise dos 30 anos por ser uma atriz fracassada e ainda não ter tido um filho. Oi? Como assim? Ela se sente frustrada aos 30 anos? Estranho é que, paralelamente, Thales, de 35 anos, largou seu escritório de advocacia porque estava na hora de parar de trabalhar e curtir a vida. O que causa revolta na própria mulher...

Enfim, fazer esses mergulhos no túnel do tempo nos traz gratas lembranças, como ver a saudosa Yara Lins. E Jece Valadão fazendo mais um deputado que empresta dólares e assina notas promissórias em cruzeiro. Além de surpresas como Deborah Secco, que na época era tão menininha que ainda estava nos créditos do fim do programa, como elenco de apoio, tendo seu nome escrito como Débora Seco.

Mas nada se compara à saudade do que Búzios era na época. Como Cabral falou no começo do primeiro capítulo: “Vou falar desse verão enquanto ele acontece”...