Chega a
soar até engraçada a forma como a expressão “yuppie” era usada como sendo o
máximo da “intelligentsia” no início dos anos 90, época da minissérie “Contos
de Verão”, atualmente sendo reprisada pelo canal Viva. Yuppie, era a tradução
da sigla YUP, Young Urban Professional, usado para, numa forma simplista,
referir-se a jovens profissionais das classes média e alta, com formação
universitária, que seguiam as tendências da moda. De forma conservadora e
careta, bem diferente dos hippies. Mas a intenção aqui não é fazer uma leitura
sociológica da época, e sim entrar em mais essa viagem no tempo em mais um
produto televisivo.
De
autoria de Domingos de Oliveira, “Contos de Verão”, de 1993, mostra histórias
contadas como se fossem reais dentro da ficção, narradas pelo também fictício
escritor Cabral (Reginaldo Faria), que busca na tranqüilidade de Búzios, no
litoral fluminense, inspiração para escrever uma minissérie para
televisão.
No centro
dessas histórias há espaço para dois casais que dividem uma casa de praia:
Pâmela (Maitê Proença) e Ary (Nuno Leal Maia), e Renata (Bia Seild) e Thales
(Antonio Calloni). Durante o veraneio, eles acabam envolvidos numa teia de
traição entre casais e lavagem de roupa suja entre pessoas insatisfeitas com
uma vida de felicidade aparente. Nada muito diferente do que, sabe-se, acontece
ainda nos tempos atuais. E Domingos de Oliveira sempre soube mergulhar nas
almas feminina e masculina ao descrever as insatisfações e prazeres que fazem
parte do universo de qualquer um numa relação. É claro que há que se levar em
conta também que esses dois casais estavam enquadrados no gênero “yuppie” da
época...
Longe
desses casais, o próprio narrador da história se vê às voltas com a
insatisfação de sua mulher, Glorinha (Vera Zimmerman), uma mulher que vive a
antiquada crise dos 30 anos por ser uma atriz fracassada e ainda não ter tido
um filho. Oi? Como assim? Ela se sente frustrada aos 30 anos? Estranho é que,
paralelamente, Thales, de 35 anos, largou seu escritório de advocacia porque
estava na hora de parar de trabalhar e curtir a vida. O que causa revolta na
própria mulher...
Enfim,
fazer esses mergulhos no túnel do tempo nos traz gratas lembranças, como ver a
saudosa Yara Lins. E Jece Valadão fazendo mais um deputado que empresta dólares
e assina notas promissórias em cruzeiro. Além de surpresas como Deborah Secco,
que na época era tão menininha que ainda estava nos créditos do fim do
programa, como elenco de apoio, tendo seu nome escrito como Débora Seco.
Mas nada
se compara à saudade do que Búzios era na época. Como Cabral falou no começo do
primeiro capítulo: “Vou falar desse verão enquanto ele acontece”...