segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

"Especial Roberto Justus +": Formato ágil e temas interessantes, mas faltou explicar como o cacique descobriu o Google


O que seria apenas um piloto do programa que Roberto Justus terá na Record a partir de fevereiro, “Roberto Justus +” acabou sendo exibido como um especial de fim de ano da emissora nesse sábado (17), logo após o “Legendários”. Mesmo tendo ficado em terceiro lugar em audiência no horário, não há como negar que o formato é interessante. Traz novidades tecnológicas para os ligados ao mundo high tech, dicas para quem está apenas querendo entrar no mercado de trabalho e entrevistas interessantes com quem está no ranking dos melhores em suas funções.
O programa começa com o quadro “O Que Vem Amanhã”, no qual Walter Longo conta sobre suas viagens no mundo das novas tecnologias. Justus duvida. Mas ele prova que já há, sim, um robô que consegue reagir a estímulos como se tivesse reflexos humanos, o Big Dog, ou burrico mecânico. E impressoras que reproduzem não só objetos em 3D como também traquéias e vasos sanguineos. “No futuro vamos produzir uma bolsa da Louis Vuitton, desde que se tenha licença da grife”, garante Longo.

Logo em seguida entra Nizan Guanaes, o entrevistado da noite, que tem como tema Criatividade, e está no centro da lista dos cem mais criativos do mundo segundo pesquisa da revista americana “Fast Company”. Saia justa total. “Um dos mais difíceis concorrentes que tenho no mundo da publicidade”, apresenta Justus. E ao tentar criar polêmica relembrando uma ocasião em que o convidado se posicionou como crítico político, o dono do programa parece incomodado ao não atingir seu feito. “Hoje acho melhor dar uma boa ideia do que tecer críticas”, respondeu Nizan. Imediatamente, Justus fez um discurso sobre o papel de seu programa de informar e fazer críticas. Um morde e assopra ao qual Nizan fica apenas observando, sério e calado, como esteve a maior parte do tempo. Afinal, Justus fala tanto que seu entrevistado parece mais um espectador da oratória descontrolada do anfitrião.

Para quebrar o clima de seriedade, vem o quadro “Entrevista de Emprego”, no qual Justus recebe candidatos ao posto de estagiário de produção em seu programa na Record. Dos 12 candidatos, a maioria mostrada são os hilários. O que não levou o currículo, a que sonha trabalhar com Almodóvar, o “extrovertímido” e os que não sabem o nome do vice-presidente da república ou desconhecem em que parte do planeta fica a Líbia.

De volta ao estúdio, Justus e Nizan recebem no palco o cacique Almir Suruí, cacique líder do povo Paeté Suruí, no estado de Rondônia, que luta pela preservação de sua etnia usando como armas a internet, o GPS e o Google Earth. As imagens mostram índios filmando, fotografando e baixando tudo na internet em laptops com uma desenvoltura que não se vê em muitos urbanos de baixa renda.

O cacique é conhecido internacionalmente, onde faz até palestras, e buscou ajuda lá fora já que não a tem aqui dentro. De cocar e blazer, o cacique recomenda: “Parte do território Suruí está em 3D, podem visitar no Google Earth”. No Facebook, Justus conta que ele tem mais de três mil amigos, inclusive o indígena Evo Morales, presidente da Bolívia. Isso me preocupou...

Faltou, principalmente, o programa explicar, ou alguém perguntar, como ele teve contato com o Google?  Como fez essa parceria? Foi tão fácil assim? Afinal, a internet não caiu lá no meio da floresta amazônica de pára-quedas, nem foi emitido sinal de fumaça para que ele se conectasse aos arquivos na nuvens, certo?

Essa parte do programa ficou muito estranha +