Não é de agora que a espontaneidade e a
transparência com que Sandra Annenberg e Evaristo Costa apresentam o “Jornal
Hoje” tem feito a maior diferença na comparação com os demais telejornais da
Rede Globo. E na edição dessa sexta-feira (30) a dupla de jornalistas deu no ar
e ao vivo mais uma demonstração de que a cumplicidade que mostram na bancada do
noticiário do começo das tardes da emissora está respaldada por uma amizade
sincera. Ao chamarem a repórter responsável pelo quadro sobre a meteorologia, Evaristo
brincou dizendo que precisava saber a previsão do tempo para suas férias.
Sandra, imediatamente, manifestou sua surpresa ao ser lembrada de que o colega
ficaria ausente. E no encerramento não perderam a chance de mais um momento de
descontração, coisa que já virou marca registrada da dupla: “Vou contar os dias
igual presidiário”, afirmou ela. E o companheiro de bancada a consolou em cena:
“Você vai ficar aqui cuidando da casinha”.
É claro que foi mais um motivo para que
imediatamente os nomes de ambos fossem parar nas redes sociais em comentários nos
quais, inclusive, alguns internautas fizeram confusão ao tratá-los como sendo o
novo “Casal 20”. E no meio de poucos tecendo defesas a favor do jornalismo tradicional,
com uma postura mais concisa dos apresentadores, a maioria aplaudia o fato de
Sandra e Evaristo não deixarem que a forma descontraída afetasse o teor dos
fatos. Entre os comentários estão lá: “Eles não têm
o estrelismo barato dos outros apresentadores; não tentam aparecer mais do que
a notícia”; “Pra mim passam uma credibilidade individual, além daquele algo a
mais que é a simpatia de ambos. Simplicidade, inteligência, carisma. Dois seres
humanos aparentemente resolvidos espiritualmente”; e “Eles são a realidade de
como é bom ter comunhão e harmonia no ambiente de trabalho... E tudo aquilo que
se faz com amor e respeito é maravilhoso e eles conseguem transmitir isto aos
telespectadores”.
Esse tipo de
manifestação do público não chega a ser uma novidade. Nesses mais de dez anos
juntos no comando de um telejornal diário da emissora os dois conquistaram uma
legião de fãs que sempre se manifestam cada vez que um ou outro precisa se
ausentar da bancada por um tempo. O
segredo do sucesso dessa parceria pode ser algo tão simples quanto uma receita
de bolo. Só que, mesmo tendo todos os ingredientes ao seu alcance, nem todos
conseguem acertar o ponto certo ao por a mão na massa. Basta observar as
tentativas que William Bonner tem feito de desconstruir o “Jornal Nacional” tentando
adotar uma postura informal que não condiz com um telejornal que já tem 46 anos
de história. É bem verdade que a diferença de idade do “JH” é pequena, apenas
dois anos a menos.
Mas o “JN” carrega a responsabilidade maior de ocupar uma
faixa no horário nobre e que, por isso também, não pode perder o rumo de sua
própria história em prol da vaidade de apresentadores que parecem se preocupar
mais em conquistar mais seguidores que curtam seus desempenhos na internet do
que em cumprir sua função profissional e social de realizar um trabalho que
realmente preste um serviço político e social de acordo com o horário que
ocupam. E até para descontrair é preciso
carisma e competência.
Talvez esteja aí o ingrediente nem tão surpresa assim da receita que vem dando certo no “JH”: mesmo o horário permitindo e a linguagem sendo tradicionalmente mais leve e coloquial, tudo acontece de forma espontânea. O riso é fácil quando cabe sorrir, as lágrimas escapam quando o choro é justificado. E o respeito com o telespectador que está em casa é traduzido através de atitudes cordiais e comportamento de pessoas bem educadas. Ali a notícia está sempre acima e à frente de qualquer tipo de vaidade.
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