sexta-feira, 2 de outubro de 2015

“The Voice Brasil”: Estreia traz candidatos sem atrativos, jurados exagerados na ânsia de brilhar e edição acomodada na zona de conforto de repetir o que já foi visto antes


Começou bem fora do tom e sem ritmo a quarta temporada do “The Voice Brasil” que estreou nessa quinta-feira (1), na Rede Globo. Fazendo um trocadilho também infame, parece música de uma nota só. Não trouxe nada de diferente das temporadas anteriores. A única novidade é a substituição do sertanejo Daniel por outro sertanejo, Michel Teló, no corpo de jurados, ao lado dos mesmos Lulu Santos, Carlinhos Brown e Claudia Leitte. A primeira das cinco edições da Audição Às Cegas trouxe candidatos que não chegam a ser totalmente fracos, mas também não apresentaram atrativos que valorizassem a estreia. Faltou a eles mais voz e mais carisma. A exceção ficou por conta de Rebeca e Lorena, coincidentemente ambas interpretando canções brasileiras “Não Leve a Mal” e “Deixa”, respectivamente, e ambas já no time de Lulu.

Se os sete primeiros programas estão gravados, conforme Lulu revelou essa semana quando esteve no “Vídeo Show”, poderiam ter feito uma edição mais caprichada para a estreia. Aquela tentativa de fazer suspense para a entrada dos jurados no palco fez lembrar o mesmo clima na chegada de Roberto Justus em sua estreia como apresentador de “A Fazenda 8”, reality rural da Record. No quesito Exagerados, Claudia Leitte liderou, como sempre completamente over na ânsia de se sobressair forçando a barra tentando encarnar a femme fatale e querendo roubar a cena não apenas dos outros jurados como também dos candidatos quando estão se apresentando, exagerando nas caras e bocas. Enquanto Lulu Santos e Carlinhos Brown não ficaram atrás, mal conseguindo se conter dentro deles próprios, numa excitação descontrolada que não os deixava ficar sentados nas cadeiras. E para que aquela interação pessoal o tempo todo deles dançando e ficando cara a cara com os candidatos?

E o estreante Michel Teló fez jus ao título de Novo Daniel, só que acompanhado de sua sanfona. Descaradamente, ele veio fazer companhia a Claudia na espera de que um dos outros dois jurados aperte a luz vermelha que faz a cadeira virar para também aprovarem o candidato da vez. Chegou ao cúmulo de, para aprovar um participante que estava cantando uma música dele precisou fazer uma combinação com os outros três jurados para todos virarem a cadeira juntos. Nem ouviram direito o coitado cantar, comentando entre eles que a música já tinha sido gravada pelo Teló. Constrangedor perceber que, até chegar no refrão, Lulu, Claudia e Carlinhos não reconheceram que se tratava de um “sucesso” do novo companheiro de cadeiras.

Já o papel de apresentador de Thiago Leiffer se resumiu basicamente a ficar na coxia com os familiares dos candidatos e chamar os intervalos. E que falta de criatividade também para inovar no encerramento: de novo o quarteto cantando algum sucesso de um deles, no caso “Tudo Azul”, do Lulu Santos. Definitivamente, uma competição musical cujo formato é considerado um dos mais famosos nas televisões de todo o mundo merecia ter um padrão de qualidade bem superior em sua versão brasileira.


Mais "The Voice Brasil" em: 
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/12/the-voice-lulu-santos-decepciona-ao.html