Quando Tony Ramos foi escalado para “A Regra do Jogo”,
novela das nove da Rede Globo, antes mesmo de se querer saber qual seria seu
personagem, a primeira coisa que vinha à mente era fazer uma gracinha do tipo “Ele
vai entrar em cena perguntando: ‘É Friboi’?”. A piada, claro, era uma
referência à marca do frigorífico do qual o ator é protagonista há meses em uma
campanha publicitária exaustivamente veiculada na mesma emissora.
E quando se falou que ele interpretaria um vilão na
novela de João Emanuel Carneiro, logo se buscou a lembrança de “Torre de Babel”,
novela de Silvio de Abreu, de 1998, na qual Tony era Clementino, um bandido que
chocou os telespectadores ao matar a mulher e o amante com uma pá. O autor
jamais admitiu que houvesse mudado o rumo da história em função de uma possível
rejeição provocada no público ao ver, como diria Fausto Silva, um “monstro
sagrado” da TV conhecido por sua fama de exemplo de correção e perfeição na
frente e atrás das câmeras encarnar um criminoso.
Mas, curiosamente, Zé Maria,
o presidiário fugitivo vivido por Tony parece ter se tornado a possível
salvação de “A Regra do Jogo”, que vem decepcionando em termos de audiência e
deixando a desejar em muitos pontos pela falta de ingredientes que realmente
atendam ao gosto dos noveleiros de plantão. Desde que apareceu em clima de
suspense no final do capítulo de sexta-feira (2), com esclarecimentos que
surpreenderam nas sequências iniciais no capítulo desse sábado (3), como um
membro oculto da facção criminosa da história, Tony ganhou um status na trama e
parece ter criado no público a expectativa que faltava sobre as “cenas do
próximo capítulo”.
É bem verdade que não só de mocinhos foi feita a
trajetória do ator, mas, talvez seja justamente pela imagem de bom moço que o
próprio ator tenta mostrar na vida real que cause alguma estranheza vê-lo fazer
tipos de personalidade duvidosa sem que esteja simultaneamente embutido neles
algum toque de humor ou ironia. Embora, como João Emanuel insiste em deixar no
ar desde a estreia que na novela, nem tudo que parecer ser realmente é: os
mocinhos podem ser vilões, e vice-versa. Então, esta pode ser apenas mais uma
cartada no jogo em que o verdadeiro Coringa ainda está guardado na manga do
autor.
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