sexta-feira, 30 de agosto de 2013

“Na Moral”: Programa com proposta de fazer a diferença de novo não inova e fala sobre aborto do mesmo ponto de vista machista que é manifestado há décadas, eximindo os homens de qualquer culpa



Na moral, por que um programa que se chama “Na Moral”, tentando com isso acender uma luz mais verdadeira sobre uma série de assuntos polêmicos fala sobre “Aborto”, como aconteceu nessa quinta-feira (29), na Rede Globo, sem sair do lugar comum de tantos outros debates sobre esse mesmo assunto? A mulher continuou sendo o foco como maior responsável da interrupção de uma gestação. O homem só é lembrado em casos de estupro. E nos outros casos?

Na moral, por que esse assunto é tratado tendo apenas a mulher como dona absoluta da decisão? A mulher é dona do seu corpo? Ok. Isso vale para a mulher classe média dona da sua vida. E quando a mulher não é dona nem da sua própria vida? E quando ela depende, sim, do aval do lado masculino responsável por essa gravidez?

Estatísticas e mais estatísticas são divulgadas de mulheres que procuram clínicas de aborto. Por que essas pesquisas não revelam quantas mulheres procuraram essas clínicas sozinhas, com amigos ou parentes, e quantas foram acompanhadas pelo pai da criança? Ou a questão masculina só é lembrada quando se trata de uma gravidez fruto de um estupro?

Quando uma mulher se decide por fazer um aborto ela interrompe uma vida pela qual não foi a única responsável pela concepção. Mas é a única que tem que carregar sobre seus ombros a responsabilidade dessa vida, enquanto muitos homens se eximem da figura de pai. Uma vida não é gerada unilateralmente. Se existe uma culpa a ser julgada nas costas de alguém, que seja nas costas de mulheres e homens. Ambos participaram do momento que resultou na geração de um embrião.

Ainda não vi debates sobre aborto trazerem a figura masculina para o centro da discussão também: o homem que pressionou a mulher a abortar o próprio filho; o homem que deu as costas à mulher que engravidou; o homem que se recusou a ter mais um filho, independentemente do tipo de relacionamento que ambos tinham. Por que fica tudo em cima da mulher em tempos em que a diversidade nos leva a tantos filhos de ‘pães’?

Mais "Na Moral" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/07/na-moral-pedro-bial-estreia-segunda.html