Não bastasse copiar situações já vistas e revistas
em outros folhetins, “Amor à Vida”, novela das nove da Rede Globo, agora está
repetindo tramas iguais dentro de sua própria história. Simultaneamente, tanto
o personagem de Caio Castro, Michel, quanto o de Luís Mello, Atílio, que quando
perde a memória passa a se chamar Gentil, estão divididos entre duas mulheres. E
querem continuar mantendo o relacionamento com ambas.
No caso de
Atílio, a bigamia aconteceu por acaso, quando ele perdeu a memória num acidente
de carro em que estava acompanhado da esposa, Vega (Christiane Tricerri), fugiu
do hospital e acabou indo parar no bairro onde mora Márcia (Elizabeth Savalla).
Desmemoriado, o administrador, que passou a usar o nome de Gentil, logo se
apaixonou pela vendedora de hot dog, com quem chegou a se casar. Só que, mesmo
após recuperar a memória e voltar para a mulher oficial, não consegue se
desligar de Márcia. E afirma que quer ficar com as duas.
Já Michel, que sempre fez a linha garanhão, está
alternando intencionalmente o relacionamento com a ficante que virou namorada e
a ex-mulher. Bancando o sedutor, o médico se envolveu com Patrícia (Maria
Casedavall), que trabalha na administração do San Magno, mas logo ela descobriu
que ele era casado, apesar de viver separado de Sílvia (Carol Castro), advogada
que também circula pelo mesmo hospital. E, para fazer ciúmes para Patrícia, ele
ensaia uma reconciliação com a esposa, mas não desgruda da ex-namorada.
O pior é a forma como essas mulheres são retratadas
pelo autor Walcyr Carrasco, já que, mesmo sabendo que estão sendo traídas,
Patrícia e Sílvia vivem se alfinetando, numa clara disputa pelo jovem médico. Enquanto
Vega e Márcia, que descobrirão a bigamia de Atílio/Gentil nos próximos
capítulos, também vão se engalfinhar por causa do administrador do hospital. É muita falta de autoestima e de amor próprio.
Há 26 anos, em “Brega & Chique”, o personagem de
Jorge Dória, Herbert, tinha duas mulheres, Rosemary (Glória Menezes) e Rafaela
(Marília Pêra), e uma família com cada uma delas. Silvio de Abreu já usou esse
mesmo tipo de trama em duas novelas de sua autoria: em “A Próxima Vítima”, de
1995, o italiano Marcello vivido por José Wilker, se dividia entre Francesca
(Tereza Rachel) e Ana (Susana Vieira); e mais recentemente, em “Passione”
(2010), outro italiano, Berilo, interpretado por Bruno Gagliasso, praticou a
bigamia ao se casar na Itália com Agostina (Leandra Leal) e no Brasil com
Jéssica (Gabriela Duarte). O problema nem é essa história de bigamia não ser novidade,
mas a falta de criatividade dos autores para tratarem do tema.
Mais "Amor à Vida" em:
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