Desde que Felix, em “Amor à Vida”, novela das nove
da Rede Globo, assumiu sua condição sexual e foi cruelmente rejeitado por César
(Antonio Fagundes), a discussão girou e continua girando apenas em torno de um pai
rejeitar um filho gay. Esqueceram-se, no entanto, de lembrar que o personagem
de Mateus Solano não representa a grande maioria de quem está nessa condição. O
personagem traz consigo não apenas a condição de homossexual como também a
falta de caráter, o cinismo, o vilanismo, o mau-caratismo.
É claro que todo ser humano traz consigo todos os
defeitos e todas as qualidades. Mas Félix acabou se tornando um ser quase
emblemático na novela de Walcyr Carrasco. Está longe de representar o que
deveria ser o comum, o normal, o respeitável, o aceitável. Virou uma figura que
usa sua sexualidade para atrair a atenção de uma forma desumanamente cruel com
trejeitos e frases de efeito disparadas para todos os lados. Fora da realidade?
Nem tanto. Há, sim, muitos Félix por aí. Ele mexe com religião, quando diz
frases de efeito nem tão originais assim, como “Eu salguei a Santa Ceia”. A
frase é tão batida quanto “Joguei pedra na cruz e acertei no olho”. Ouço isso
desde a minha adolescência. Não é novidade.
Mas, diferentemente do Crodoaldo, personagem
interpretado por Marcelo Serrado em “Fina Estampa”, e outros personagens
assumidamente gays em tantos outros folhetins em que o toque de graça encobria
seus traumas, Felix traz em si muito mais do que sua condição sexual, ele traz
o aspecto psicológico familiar e, acima de tudo, o seu caráter. Felix não é
apenas a retratação do gay enrustido, é a retratação do gay sem caráter. Tanto
que ele mantinha relações sexuais com a mulher como se hetero fosse. E ela
aceitava e continua aceitando tudo numa relação terapeuticamente necessitada de
avaliação. E nada é citado se nesse vai e vem de relacionamentos existe um
cuidado de prevenção nas relações.
Mais "Amor à Vida" em:
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