terça-feira, 6 de agosto de 2013

Análise: Autores não se preocupam em se reinventar e continuam repetindo situações recorrentes em suas novelas com uma enxurrada de testes de DNA falsificados


Há pouco menos de um mês comentei aqui sobre situações iguais que se repetem sucessiva e simultaneamente nas novelas da Rede Globo que estão no ar, a crítica está em http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/07/analisesemelhancas-de-situacoes-que-se.html, mas, como o público já está tão acostumado com a mesmice dos folhetins há tempos, os autores nem se preocupam em se reinventar.
A começar pelo já considerado famigerado teste de DNA da dramaturgia, que deixou de ser novidade há anos e continua sendo explorado com ares de suspense. No capítulo dessa terça-feira (6) de “Sangue Bom”, novela das sete da Rede Globo, Amora (Sophie Charlotte) conseguiu que um falso exame negasse que Fabinho (Humberto Carrão) é filho de Plínio (Herson Capri). O mesmo recurso foi usado recentemente por Félix (Mateus Solano) na novela das nove, “Amor à Vida”, para impedir que Paulinha (Klara Castanho) fosse declarada definitivamente como filha de Paloma (Paolla Oliveira).
Ora, recentemente, em “Cheias de Charme’, de 2012, Sarmento (Tatu Gabus Mendes) forjou um exame para posar de pai biológico de Cida (Isabelle Drummond) e assim usufruir do dinheiro que a empregadinha estava ganhando como integrante do grupo musical As Empreguetes. Curioso que nessa história foi o personagem de Humberto Carrão, Elano, quem descobriu a falcatrua. Agora é o ator que vive o outro lado da moeda.
Em 2003, Bruna Marquezine passou por esse tipo de drama em “Mulheres Apaixonadas” quando, com apenas 7 anos de idade, viu sua personagem, Salete, passar pelo teste para confirmar se era filha biológica de Téo (Tony Ramos). E voltou a viver a mesma situação em “Salve Jorge”, quando Lurdinha fez o exame para saber se era realmente irmã de Aisha (Dani Moreno), filha adotada de Mustafá (Antonio Calloni).
Já em 2010, em “Araguaia”, o poderoso Max, personagem de Lima Duarte, quase pôs fim ao sonho de amor entre sua filha Manoela (Milena Toscano) e o peão Solano (Murilo Rosa), ao forjar um exame de DNA que revelava que os dois eram irmãos. Mas logo foi desmascarada a possibilidade de uma relação incestuosa entre os dois jovens.
E não é de hoje que o tema é explorado. Quem deu o pontapé inicial para a exploração desse recurso científico comprobatório da real origem genética de um indivíduo na ficção da televisão brasileira foi a autora Glória Perez em “O Clone”, trama de 2002 protagonizada pelo ator Murilo Benício. Nela, a autora viajou pelas muitas possibilidades das pesquisas sobre clonagem, baseadas no DNA. A partir daí os testes ultrapassaram os limites dos “Exames de DNA” que o apresentador Carlos Massa já promovia no “Programa do Ratinho”, no SBT, desde 2001, com personagens da vida real.
O curioso nas novelas é a facilidade com que qualquer um tem acesso a esse tipo de exame, inclusive para fraudá-los, a rapidez com que os resultados são obtidos e a falta de contestação. No caso de “Amor à Vida”, por que Paloma, ao ter sua maternidade negada, não pediu imediatamente que Bruno (Malvino Salvador) também se submetesse a tal exame para provar que era realmente o pai de Paulinha? Mas, como se sabe, novela é uma obra aberta, não tem compromisso com a realidade, o autor tem liberdade poética e por aí vai. E a falta de originalidade e de criatividade vai continuando nas cenas dos próximos capítulos.


Mais Análise em:

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/08/analise-exemplo-de-atores-como-marcelo.html