domingo, 7 de maio de 2017

“Conversa Com Bial”: Jornalista se reinventa em programa com formato que se diferencia por investir mais no talk do que no show


Quem assistiu à apresentação especial de “Conversa Com Bial” na segunda-feira (1), deve ter se precavido de cair na tentação de fazer uma avaliação precipitada logo após a estreia do programa na noite seguinte. É um talk-show semelhante a tantos outros? Sim. Mas traz também elementos e movimentos novos. Logo na primeira semana mostrou que o formato não está engessado, que as entrevistas podem ser feitas dentro ou fora do estúdio, que o apresentador Pedro Bial pode estar atrás da bancada ou sentado no mesmo sofá dos convidados, que pode ter ou não músicos fazendo o som incidental no palco. E mostra também um Pedro Bial mais uma vez se reinventando. Mesmo após 15 anos apresentando 16 edições do “Big Brother Brasil” e sofrendo todo tipo de crítica por isso, Bial não perde a verve jornalística, sabe não apenas perguntar como também ouvir a resposta do entrevistado. O que faz toda a diferença.

A escolha diversificada de convidados para a semana inaugural foi acertada. A primeira entrevista foi com a ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, que foi ao ar justamente no dia em que o STF concedeu habeas corpus para o ex-ministro José Dirceu cumprir prisão domiciliar. Coincidente ou intencionalmente, já que existe uma frente de entrevista gravadas e prontas para serem exibidas, a pauta foi providencial e a informalidade da conversa, que contou ainda com a participação da atriz Fernanda Torres, caiu bem para uma estreia.

Na segunda noite, como era de se esperar, Rita Lee lavou a alma com aquela irreverência que o tempo tratou de adoçar, mas sem perder a postura rock’n’roll. Na terceira, a história da ex-ginasta Laís Souza, que perdeu os movimentos após sofrer um acidente durante treinos de esqui aéreo, foi tratada sem drama, e a presença do cientista Miguel Nicolelis, um dos 20 mais influentes do mundo, enriqueceu a conversa que foi de superação emocional a ciência e tecnologia. Na quarta noite, sexta-feira (5), Bial encerrou a primeira semana com uma reportagem especial feita com o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica. A entrevista, gravada no rancho onde o político mora, foi exibida no telão e comentada pelo apresentador junto com dois convidados no estúdio: a correspondente internacional Adriana Carranca e o escritor e músico Vitor Ramil, que é filho de uruguaio e já morou em Montevidéu.

Sem entrar no mérito sobre posicionamentos políticos, religiosos ou filosóficos dos convidados, o que vale é Bial saber manter sua função de repórter. Algo que alguns jornalistas esquecem quando se sentem “promovidos” ao posto de apresentador. E deixar que o telespectador faça seu próprio juízo de valor a respeito das opiniões manifestadas. É um programa que se diferencia apenas por investir mais no talk do que no show.


Mais Pedro Bial em:
https://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2014/07/na-moral-insistindo-na-vontade-de.html