terça-feira, 27 de setembro de 2016

“Escrava Mãe”: Lidi Lisboa e Taís Fersoza roubam a cena como escrava e sinhá vilãs em novela em que falta brilho à mocinha


Uma das qualidades de “Escrava Mãe” é o fato de a novela das sete da Record não ter perdido em quatro meses no ar o mesmo ritmo mostrado desde a estreia. A história de época escrita por Gustavo Reiz renova o fôlego a cada capítulo através de acontecimentos impactantes, mantendo um texto coerente e diálogos ágeis. Outro acerto do autor é atribuir importâncias consideráveis às tramas paralelas, sem se deter unicamente no vértice central que conta a origem da Escrava Isaura, heroína do clássico da literatura criado por Bernardo Guimarães. O que compensa o fato de Gabriela Moreyra, intérprete de Juliana, ainda não ter realmente deixado aflorar o carisma que a personagem-título deveria ter pelo posto que ocupa na história.

Mas enquanto aquela que um dia dará à luz Isaura não brilha, quem vem roubando a cena é Esméria, a escrava rebelde, rancorosa e que sempre invejou as regalias dadas a Juliana na Casa Grande, interpretada por Lidi Lisboa. Percebe-se que a personagem vem sendo defendida com garra pela atriz, que mergulha fundo nas variações de humores e sentimentos da mucama. Esméria consegue causar tanta repulsa por atraiçoar seus iguais para levar a melhor agradando seus senhores, quanto pode comover nos poucos momentos em que deixa aflorar as próprias carências.

O momento de glória de Esméria veio no capítulo dessa segunda-feira (26), em que encarou de frente Maria Izabel, a grande vilã da novela encarnada com maestria por Taís Fersoza. Assim como Lidi, Taís encontrou o tom perfeito para reinar absoluta como antagonista de Juliana, mostrando com força no olhar suas variações de humores, que vão do ódio à sedução, passando por momentos de falsos arrependimentos.

E na cena, trancadas no quarto, Esméria e Maria Izabel duelaram de igual para igual no jogo da tirania. Com vários trunfos na manga por conhecer todos os segredos de sua sinhá, como ter assassinado o próprio pai, a mucama resolveu inverter os papéis e assumiu o papel de sinhá, ordenando que suas vontades fossem atendidas, enquanto a outra engolia em seco a própria ira. Se o enfrentamento das personagens foi bom, o desempenho das atrizes foi melhor ainda. Certamente ainda haverá outros embates entre ambas até que Esméria consiga sua alforria para finalmente se tornar livre ao lado da irmã, a Condessa Catarina (Adriana Lessa), da qual foi separada no mercado de escravos quando criança e agora a reencontrou.


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