Uma das qualidades de “Escrava Mãe” é o fato de a
novela das sete da Record não ter perdido em quatro meses no ar o mesmo ritmo
mostrado desde a estreia. A história de época escrita por Gustavo Reiz renova o
fôlego a cada capítulo através de acontecimentos impactantes, mantendo um texto
coerente e diálogos ágeis. Outro acerto do autor é atribuir importâncias
consideráveis às tramas paralelas, sem se deter unicamente no vértice central
que conta a origem da Escrava Isaura, heroína do clássico da literatura criado
por Bernardo Guimarães. O que compensa o fato de Gabriela Moreyra, intérprete
de Juliana, ainda não ter realmente deixado aflorar o carisma que a
personagem-título deveria ter pelo posto que ocupa na história.
Mas enquanto aquela que um dia dará à luz Isaura não
brilha, quem vem roubando a cena é Esméria, a escrava rebelde, rancorosa e que sempre
invejou as regalias dadas a Juliana na Casa Grande, interpretada por Lidi
Lisboa. Percebe-se que a personagem vem sendo defendida com garra pela atriz,
que mergulha fundo nas variações de humores e sentimentos da mucama. Esméria
consegue causar tanta repulsa por atraiçoar seus iguais para levar a melhor
agradando seus senhores, quanto pode comover nos poucos momentos em que deixa
aflorar as próprias carências.
O momento de glória de Esméria veio no capítulo
dessa segunda-feira (26), em que encarou de frente Maria Izabel, a grande vilã
da novela encarnada com maestria por Taís Fersoza. Assim como Lidi, Taís encontrou
o tom perfeito para reinar absoluta como antagonista de Juliana, mostrando com
força no olhar suas variações de humores, que vão do ódio à sedução, passando
por momentos de falsos arrependimentos.
E na cena, trancadas no quarto, Esméria e Maria Izabel duelaram de igual para igual no jogo da tirania. Com vários trunfos na manga por conhecer todos os segredos de sua sinhá, como ter assassinado o próprio pai, a mucama resolveu inverter os papéis e assumiu o papel de sinhá, ordenando que suas vontades fossem atendidas, enquanto a outra engolia em seco a própria ira. Se o enfrentamento das personagens foi bom, o desempenho das atrizes foi melhor ainda. Certamente ainda haverá outros embates entre ambas até que Esméria consiga sua alforria para finalmente se tornar livre ao lado da irmã, a Condessa Catarina (Adriana Lessa), da qual foi separada no mercado de escravos quando criança e agora a reencontrou.
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