Para os aficionados em suspense e terror, “Supermax”, que
estreou nessa terça-feira (20), é uma série bem realizada pela Rede Globo em
termos de produção e direção. O nível de qualidade não chega a atingir padrões
internacionais, mas trata-se de um projeto ousado que representa bem o gênero
na televisão brasileira. A assinatura de José Alvarenga Jr. na criação e
concepção, ao lado de Marçal Aquino e Fernando Bonassi, já é garantia de uma inovação
pesquisada e construída em bases confiáveis.
Pode ser boa a ideia de replicar um reality show
dentro de uma série ficcional, mas não é fácil de executar já que o desafio
maior está em incutir no público a sensação de vida real, quando na verdade
trata-se de uma história interpretada por atores. E, para complicar ainda mais,
alguns deles simultaneamente no ar em outras obras da emissora, como Cleo Pires
e Mariana Ximenes, que também integram o elenco da novela das sete “Haja Coração”.
Para tentar confundir, o primeiro episódio conta com a
participação do jornalista Pedro Bial na mesma função que exerceu nos últimos
16 anos como apresentador do “Big Brother Brasil”. Através de um monitor, tal
qual no “BBB”, ele explica as regras do jogo para os sete homens e cinco
mulheres que viverão três meses de confinamento em um presídio de segurança
máxima desativado no meio de uma floresta, concorrendo a um prêmio de R$ 2
milhões. Os 12 foram selecionados por terem em comum o fato de já terem
cometido um assassinato. Só que um não sabe do crime cometido pelo outro, o que
acirra a desconfiança entre todos.
O problema é que a maioria dos participantes são
figuras conhecidas. Além de Cleo Pires (Sabrina, psicóloga) e Mariana Ximenes
(Bruna, enfermeira), estão no elenco Erom Cordeiro (Sérgio, ex-policial), Bruno
Belarmino (Luisão, ex-lutador de MMA), Nicolas Trevijano (padre Nando), Ademir
Emboava (José Augusto, assessor político), Maria Clara Spinelli (Janette, dona
de salão de beleza), Rui Ricardo Diaz (Artur, ex-craque de futebol), Fabiana
Gugli (Diana, ex-garota de programa), Mário César Camargo (Timóteo, médico
reformado do Exército), Vania de Brito (Cecília, ex-socialite) e Ravel Andrade
(Dante, jovem adepto a seitas satânicas).
Como a Globo já disponibilizou para assinantes na
internet 11 dos 12 episódios, percebe-se logo nos quatro da primeira semana
indícios sutis que podem levar às mais variadas conclusões sobre o que pode
realmente ser esse reality dentro da ficção. Será que realmente trata-se de um
show dentro de outro? Ou todos esses personagens foram levados para esse lugar como
cobaias de alguma espécie de experimento científico ou psicológico, achando que
estão em um jogo disputando um prêmio? Faz lembrar até o livro “Paciente 67”,
de Dennis Lehane, em que é questionado o quanto de dor o cérebro humano pode
suportar e até onde ele consegue ir antes que a demência supere a lucidez.
O roteiro de “Supermax” parece algumas vezes confuso ou desencontrado. Talvez por serem poucos episódios escritos por muitos autores. São oito: Bráulio Mantovani, Fernando Bonassi, Raphael Montes, Carolina Kotscho, Marçal Aquino, Dennison Ramalho, Juliana Rojas e Raphael Draccon. Mas a direção artística compensa traduzindo a textura sombria pedida no texto através de elementos como cenografia, fotografia, iluminação e trilha sonora. Sem dúvida, é uma aposta tanto ousada quanto arriscada. Mas arriscaria bem mais se no elenco fossem lançados atores desconhecidos ou que fossem, no mínimo, menos conhecidos do grande público.
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