Se a ideia do SBT era dar um tom maternal ao “Hell’s
Kitchen – Cozinha Sob Pressão” ao substituir o chefe Carlos Bertolazzi pela
chef Danielle Dahoui no comando dessa quarta temporada, o intento foi alcançado.
Ficou bastante claro na estreia, nesse sábado (3), que a competição culinária não
terá mais o mesmo sabor sem o tempero da austeridade, marca registrada da
atração britânica original que ganhou o mundo principalmente pelo carisma do implacável
chef Gordon Ramsay.
Nas três temporadas anteriores, Bertolazzi tentou
imitar o inglês no grito. Não deve ter agradado ao patrão Silvio Santos, já que
decidiram suavizar o tom colocando uma mulher para comandar a cozinha. Deveriam
ter mudado também o nome da atração, já que o que era pressão virou um “banho-maria”
e todos parecem estar mais em um paraíso do que num inferno.
O formato continua o mesmo. Os 20 cozinheiros foram
divididos em dois grupos: dez mulheres no time vermelho e dez homens no time
azul. Logo na primeira prova, em que cada um preparou o seu “prato de
assinatura”, dois foram eliminados: o gogo boy Marco e a professora Ludmyla. Os
18 restantes ganharam suas domas e foram para a primeira prova em equipe, em
que devem servir convidados do restaurante oficial do programa. Entre eles
estavam participantes do “Bake Off Brasil”, uma batalha de confeiteiros da
emissora que chegou ao fim no sábado passado, no mesmo horário.
Foi aí que se pode conhecer melhor o estilo de Danielle
Dahoui. Num primeiro momento ficou claro que ela está preocupada em não parecer
que irá privilegiar o time feminino, mas também precisa tomar cuidado para não
acabar sendo condescendente demais com o masculino. O problema é seu tom quase
professoral ao lidar com os cozinheiros, como se todos estivessem no Jardim de
Infância. Teve até o momento “chef-zen”, quando ela tentou acalmar uma
participante aconselhando suavemente: “Pensa numa luz dourada. Respira. Foco”.
Se o Gordon visse essa cena mandaria botar fogo na caixa d’água.
É compreensível que Danielle Bahoui não tenha
experiência em televisão, já que foi escolhida através de uma seleção que a
direção do programa fez após buscar chefs femininas pela internet. Mas foi
extremamente amador ter afirmado “É o meu que está na reta!”, ao reclamar do
time feminino que não estava indo bem nos pratos. Como assim? Ela estava com
medo de ser eliminada?
Ficou claro também que lhe falta perspicácia para
avaliar prontamente apenas no olhar quando um prato não está em condições de
sair da bancada e ir para a mesa. Vários foram devolvidos pelos clientes porque
as kaftas e as quiches estavam crus, e os tarteletes estavam duros. Ora, quando
a sobremesa estava sendo preparada, a chef conferiu de perto que todos tinham
errado ao assar a massa das tarteletes: “Mazipan não vai no forno. É cru!”,
alertou ela. E mesmo assim deixou que passassem da bancada, que é supervisionada
por ela, para as mesas. Ao menos nesse quesito Bertolazzi sempre teve razão ao
ser austero com os cozinheiros e exigente no resultado final dos pratos.
Já na hora da eliminação, Bahoui se saiu bem ao fazer
uma avaliação correta e criticar a forma injusta como o time azul indicou para
serem julgados dois participantes que não foram os piores da noite. Mas foi rápida
demais para anunciar a búlgara Borianka, que foi quem realmente não mostrou a
que veio no time vermelho, como sendo a terceira eliminada da estreia. Poderia
ter feito um pouco de suspense e criar expectativa em torno da decisão, afinal
ela está em um reality show...
Ah, só para lembrar: Dahoui é a primeira chef no comando da cozinha do “Hell’s Kitchen”, mas o programa já teve uma apresentadora em 2009, no ITV1, quando Claudia Winkleman dividiu a cena com o chef Marco Pierre White, mentor de Gordon Ramsay, à frente da competição culinária no canal britânico.
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