Há pouco mais de um mês no ar nas noites de sábado do
SBT, “Bake Off Brasil – Mão Na Massa” poderia ser apenas mais uma batalha entre
confeiteiros com bolos e merengues para todos os lados, mas não é o que
acontece. Diferentemente de outros programas do gênero, a competição culinária,
que está em sua segunda temporada, traz outros atrativos que cativam até os que
nem são muito chegados a doces. Até porque, volta e meia tem uma prova de
receita salgada. Talvez seja o clima bucólico e o relacionamento aberto e
sincero entre os concorrentes que valorizem muito essa versão brasileira para o
formato original inglês “The Great British Bake Off”, exibido pela BBC One no
Reino Unido, Aqui é apresentado por Ticiana Villas Boas, que mantém a mesma desenvoltura
mostrada na temporada anterior, assim como à frente de “BBQ Brasil – Churrasco na
Brasa”.
Para começar, a cozinha do “Bake Off Brasil” funciona
ao ar livre, sob uma tenda envolta por cortinas esvoaçantes de bual, montada em
meio a um parque florestal. A luz da manhã, horário em que acontecem as
gravações, valoriza o verde ao redor, assim como os takes de aves, borboletas e
bichinhos silvestres, como esquilos, resultam em uma fotografia suave, bem
condizente com os doces pedidos nos desafios.
A forma transparente como são mostrados os
relacionamentos de amizade que foram surgindo no convívio dos participantes incrementou
e descontraiu a edição. É curioso ver como ajuda a movimentar a rotina da
cozinha as óperas de Paula, a cantora lírica que quando solta a voz no meio de
uma prova tanto pode irritar alguns colegas quanto agradar a outros. Assim como
a chorona Gabriela, a jornalista que abre o berreiro sempre que algo dá errado
em sua receita, amoleceu até os corações dos jurados ao contar sobre seu problema
de visão que a aproximou da culinária. Sem dúvida o mais divertido era a
dobradinha que Lucas, já eliminado, fazia com Helga. O coordenador pedagógico não
perdia uma chance de imitar a voz esganiçada da simpática senhora executiva. O
que poderia ser motivo de discórdia, virou uma grande brincadeira entre os
dois, que faziam até performances à parte com ele imitando fazer ao vivo uma
dublagem dela.
A união entre todos durante as provas é um exemplo que
deveria ser seguido na vida real. Quando Helga errou ao acrescentar creme
cheese à massa de bolo e teve que colocar tudo fora, os demais concorrentes
contribuíram com os ingredientes que estavam sobrando em suas bancadas para ela
fazer outra massa. Assim como era bonito ver a solidariedade mostrada entre
Paula e a nutricionista Camila, última eliminada. Mas no programa desse sábado
(9) haverá prova de repescagem e os sete que já saíram terão uma chance de
voltar à competição ao lado dos outros sete que continuam melhor cotados ao
título de melhor da temporada e a publicar um livro de receitas de sua
autoria.
Talvez não tenha sido muito feliz a ideia de manter o
empresário Fabrizio Fasano Jr. como jurado, como na edição anterior, ao lado da
chef confeiteira Camila Fiorentino. Fabrizio pode até vir de uma família com
tradição na alta gastronomia, mas a praia dele é a publicidade, não a cozinha. Em
um episódio, o próprio riu ao ser chamado de “chef” por um participante. Sim,
por que a pessoa que participa desse tipo de competição quer ser avaliada por
quem realmente tenha formação e especialização no assunto.
O jurado chegou ao ponto de, ao criticar uma
concorrente que usou flores comestíveis na decoração do bolo, afirmar: “Ninguém
come rosas!”. Como assim? Suas avaliações são vazias, repetitivas, sem consistência
e muitas vezes deselegantes. Quando a manicure Tathianne foi eliminada ele
ironizou o fato de ela se preocupar com o próprio visual, como se outras
candidatas também não se apresentassem maquiadas e enfeitadas com acessórios.
Tathi ganhou até uma homenagem dos outros no episódio seguinte a sua
saída, quando todos fizeram um sinal na cabeça representando os turbantes que ela
sempre usava. Curioso é que em se tratando de Marcos, Fabrizio não poupa elogios à coleção
de gravatas borboletas que o jovem psicólogo usa...
Camila Fiorentino, por sua vez, é formada em gastronomia,
tem experiência no ramo e é até proprietária de uma confeitaria. Mas como não
tem um parceiro à altura para debater sobre os resultados, acaba tecendo
avaliações rasas, sem acrescentar muitos elementos a cada novo comentário. A repetição
de que sente falta “do aroma” na maioria dos pratos já cansou. Mas ao menos
Camila não tem o estrelismo do outro jurado.
Mais competição de culinária em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2016/07/batalha-de-cozinheiros-competicao-de_1.html