quarta-feira, 6 de julho de 2016

“Bake Off Brasil”: Competição culinária traz produção caprichada e participantes carismáticos, apesar de jurado destoante


Há pouco mais de um mês no ar nas noites de sábado do SBT, “Bake Off Brasil – Mão Na Massa” poderia ser apenas mais uma batalha entre confeiteiros com bolos e merengues para todos os lados, mas não é o que acontece. Diferentemente de outros programas do gênero, a competição culinária, que está em sua segunda temporada, traz outros atrativos que cativam até os que nem são muito chegados a doces. Até porque, volta e meia tem uma prova de receita salgada. Talvez seja o clima bucólico e o relacionamento aberto e sincero entre os concorrentes que valorizem muito essa versão brasileira para o formato original inglês “The Great British Bake Off”, exibido pela BBC One no Reino Unido, Aqui é apresentado por Ticiana Villas Boas, que mantém a mesma desenvoltura mostrada na temporada anterior, assim como à frente de “BBQ Brasil – Churrasco na Brasa”.

Para começar, a cozinha do “Bake Off Brasil” funciona ao ar livre, sob uma tenda envolta por cortinas esvoaçantes de bual, montada em meio a um parque florestal. A luz da manhã, horário em que acontecem as gravações, valoriza o verde ao redor, assim como os takes de aves, borboletas e bichinhos silvestres, como esquilos, resultam em uma fotografia suave, bem condizente com os doces pedidos nos desafios.

A forma transparente como são mostrados os relacionamentos de amizade que foram surgindo no convívio dos participantes incrementou e descontraiu a edição. É curioso ver como ajuda a movimentar a rotina da cozinha as óperas de Paula, a cantora lírica que quando solta a voz no meio de uma prova tanto pode irritar alguns colegas quanto agradar a outros. Assim como a chorona Gabriela, a jornalista que abre o berreiro sempre que algo dá errado em sua receita, amoleceu até os corações dos jurados ao contar sobre seu problema de visão que a aproximou da culinária. Sem dúvida o mais divertido era a dobradinha que Lucas, já eliminado, fazia com Helga. O coordenador pedagógico não perdia uma chance de imitar a voz esganiçada da simpática senhora executiva. O que poderia ser motivo de discórdia, virou uma grande brincadeira entre os dois, que faziam até performances à parte com ele imitando fazer ao vivo uma dublagem dela.

A união entre todos durante as provas é um exemplo que deveria ser seguido na vida real. Quando Helga errou ao acrescentar creme cheese à massa de bolo e teve que colocar tudo fora, os demais concorrentes contribuíram com os ingredientes que estavam sobrando em suas bancadas para ela fazer outra massa. Assim como era bonito ver a solidariedade mostrada entre Paula e a nutricionista Camila, última eliminada. Mas no programa desse sábado (9) haverá prova de repescagem e os sete que já saíram terão uma chance de voltar à competição ao lado dos outros sete que continuam melhor cotados ao título de melhor da temporada e a publicar um livro de receitas de sua autoria.

Talvez não tenha sido muito feliz a ideia de manter o empresário Fabrizio Fasano Jr. como jurado, como na edição anterior, ao lado da chef confeiteira Camila Fiorentino. Fabrizio pode até vir de uma família com tradição na alta gastronomia, mas a praia dele é a publicidade, não a cozinha. Em um episódio, o próprio riu ao ser chamado de “chef” por um participante. Sim, por que a pessoa que participa desse tipo de competição quer ser avaliada por quem realmente tenha formação e especialização no assunto.

O jurado chegou ao ponto de, ao criticar uma concorrente que usou flores comestíveis na decoração do bolo, afirmar: “Ninguém come rosas!”. Como assim? Suas avaliações são vazias, repetitivas, sem consistência e muitas vezes deselegantes. Quando a manicure Tathianne foi eliminada ele ironizou o fato de ela se preocupar com o próprio visual, como se outras candidatas também não se apresentassem maquiadas e enfeitadas com acessórios. Tathi ganhou até uma homenagem dos outros no episódio seguinte a sua saída, quando todos fizeram um sinal na cabeça representando os turbantes que ela sempre usava. Curioso é que em se tratando de Marcos, Fabrizio não poupa elogios à coleção de gravatas borboletas que o jovem psicólogo usa...

Camila Fiorentino, por sua vez, é formada em gastronomia, tem experiência no ramo e é até proprietária de uma confeitaria. Mas como não tem um parceiro à altura para debater sobre os resultados, acaba tecendo avaliações rasas, sem acrescentar muitos elementos a cada novo comentário. A repetição de que sente falta “do aroma” na maioria dos pratos já cansou. Mas ao menos Camila não tem o estrelismo do outro jurado.

E a fórmula está funcionando. Em relação aos outros dois programas do gênero no ar atualmente, “Bake Off Brasil” está apresentando audiência superior às de “MasterChef Brasil”, da Band, e de “Batalha dos Cozinheiros”, da Record, ambos exibidos nas noites de terça-feira. A diferença pode não ser grande, entre 1 e 2 pontos em média, mas no caso dessa receita qualquer pitada a mais já pode fazer toda a diferença no sabor final.




Mais competição de culinária em: 
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2016/07/batalha-de-cozinheiros-competicao-de_1.html