Há um mês e meio no ar,
“Escrava Mãe”, novela das 19h30 da Rede Record, tem mantido uma trajetória
linear na qualidade evidenciada desde a estreia, não apenas por manter um ritmo
acelerado nos acontecimentos e direção e edição ágeis, como também pela atuação
impecável do rol de atrizes escolhidas para viverem personagens que são peças-chave
no desenrolar de todas as tramas. Além de uma produção caprichada, o elenco no
geral foi muito bem escolhido e a cada capítulo todos os atores parece estarem
mais perfeitamente encaixados em seus personagens. O resultado desse contexto
reflete uma tendência que vem se fortalecendo entre a maioria dos autores de
novela que é a de não manter o ponto alto de qualquer folhetim focado em uma
única protagonista.
Mas, voltando a falar
sobre a ala feminina de uma história de época em que os homens tinham o poder
absoluto, Jussara Freire vem apenas reafirmar sua versatilidade ao esbanjar
talento em qualquer tipo de personagem que lhe caia nas mãos. Não está sendo
diferente com a histriônica Urraca de Góis Almeida, ou Marquesa de Barangalha,
uma mulher completamente fora do eixo, sem limite para a bebida e para a
luxúria, obcecada por escravos fortes e aficionada pela nobreza. O rol de
defeitos de Urraca, no entanto, ganham um tom irônico e divertido na interpretação
da atriz, que sabe não extrapolar e vai exatamente até onde permite o limite do
engraçado. Jussara consegue transformar várias cenas solitárias em verdadeiros
monólogos que dispensam contraponto. É como se contracenasse com ela mesma.
Luiza Tomé também está
sabendo aproveitar sua oportunidade de fazer um retrato bem traçado da dona de
bordel que tem os coronéis na palma da mão. Como já é tradicional no perfil
desse tipo de personagem, Rosalinda Pavão é aquela mulher esfuziante que
esconde uma ferida do passado mal cicatrizada. No caso, uma filha recém-nascida
que ela abandonou da Roda dos Enjeitados. Mas ela sabe disfarçar seus traumas.
E Luísa faz com Jussara uma boa dobradinha nos embates entre Rosalinda e Urraca.
Assim como Bete Coelho encontra em Beatrice, uma mulher que oscila entre realizar
um amor adormecido ou se manter como a matriarca tradicional, uma forma de surpreender com
sua interpretação ora contida ora impetuosa.
Thaís Fersoza, por sua
vez, deixa de apenas perambular pelo entorno como a boazinha ou a mazinha e
assume com segurança o posto de maior vilã da história. Sua personagem, Maria
Izabel, a filha mais velha de um poderoso coronel, já assassinou o próprio pai
a sangue frio, teve um filho bastardo em meio a um acampamento cigano, e não
mede as consequências para se tornar a toda poderosa dona das propriedades e de
toda a herança da família. Thaís encontrou o tom certo da personagem. E Lidi
Lisboa também está sabendo aproveitar a chance de se destacar como a mucama da
sinhazinha má. Esméria, a escrava insuportavelmente inescrupulosa, caiu como
uma luva na interpretação da atriz.
Mais "Escrava Mãe" em:
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