Há poucas semanas de completar um ano no ar, “Malhação
– Seu Lugar no Mundo” chegou à sua reta final mantendo o fôlego mostrado desde
sua estreia, com agilidade no desenrolar das tramas e reafirmando um
amadurecimento progressivo tanto no conteúdo quanto no tratamento dado por seus
realizadores. Aquela que em 1995 estreou sendo chamada de soap opera ou série e
depois até ganhou o apelido de “novelinha” dos finais de tarde da Rede Globo,
já pode ser promovida sem erro ao gênero Novela.
As ações que pontuaram os capítulos que foram ao ar
nessa semana e que culminaram com a morte de Filipe (Francisco Vitti), fugindo
do jovem traficante Samurai (Felipe Titto), mostraram um crescimento também no
trabalho de direção, no caso feita por uma equipe capitaneada por Leonardo
Nogueira. Curioso que essa temporada começou em agosto do ano passado também
buscando retratar a forma como as pessoas lidam com a morte de um ente querido.
Principalmente aquelas mais próximas. Lá atrás, foi o drama de uma mãe, Ana
(Vanessa Gerbelli), que perde o primogênito, João (João Vithor Oliveira),
também em um acidente. Agora veio a comoção com o sofrimento de Nanda (Amanda
Godoi), a noiva de Filipe, que foi surpreendida pela notícia da tragédia
enquanto preparava o apartamento do casal. Se Ana transferiu seu amor materno
para o bebê que Ciça (Júlia Konrad), namorada de João, esperava, agora Nanda vai
buscar forças defendendo a doação dos órgãos de seu noivo para auxiliar outras
vidas.
É preciso destacar o papel fundamental dos autores que
a cada ano estão se aprimorando no tratamento de temas delicados e de extrema
relevância para o público, dando a eles o cuidado e atenção que requerem. Como
no caso dessa vigésima terceira temporada em que Emanuel Jacobina – que foi um
dos criadores de “Malhação” ao lado de Andrea Maltarolli e agora dividiu a
autoria com Rodrigo Salomão - movimentou a história com dramas pessoais e
sociais que, no seu devido momento, envolveram personagens de todos os núcleos.
Foi levando para a ficção de um universo jovem acontecimentos
que fazem parte da vida real em qualquer idade que “Seu Lugar No Mundo” tocou
em casos polêmicos e trouxe esclarecimentos, como o caso de Henrique (Thales
Cavalcante), um jovem soropositivo que teve que enfrentar os pais de sua
namorada, que temiam que a filha pudesse ser contagiada. O racismo foi abordado
de uma forma imparcial através do romance entre Beto (Maicon Rodrigues) e Lívia
(Giulia Costa), que tiveram que derrubar o preconceito tanto da avó do garoto,
que não aprovava a nora por ela ser branca e de uma classe social mais favorecida,
quanto do pai da garota, que não via o genro com bons olhos por ele ser negro. Já
Samurai, cujo destino que terá no último capítulo ainda é mistério, foi
peça-chave para tratar de questões como o tráfico entre jovens, estupro e
violência.
Sem falar da discussão sobre Educação no país, que
sempre teve destaque no decorrer de toda a novela, mostrando a divisão entre
ensino público e privado, a falta de infraestrutura nas escolas públicas e do
pagamento em dia dos professores. A preocupação com emprego, ou a falta dele,
tanto entre os jovens quanto entre os adultos, corrupção envolvendo a
construtora do pai de uma estudante, romance entre uma mulher madura e um jovem
e até o um triângulo amoroso entre uma menina e dois amigos.
Enfim, essa foi uma temporada que conquistou o “seu lugar no mundo”, parodiando o próprio título. E vale lembrar que seu fim foi antecipado apenas por causa das transmissões das Olimpíadas. O último capítulo vai ao ar na próxima terça-feira, 2 de agosto, e a próxima, a vigésima quarta, estreia no dia 22 do mesmo mês.
Mais "Malhação" em:
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