quinta-feira, 24 de setembro de 2015

“Mister Brau”: Nova série mostra falta de traquejo ao tentar se equilibrar na linha tênue entre um humor ironicamente simples e um escracho pedantemente forçado


Precedida de uma ampla campanha de marketing que contou com depoimentos de artistas do cenário musical, como Lulu Santos, Ivete Sangalo e Nelson Motta, “Mister Brau”, série da Rede Globo que veio ocupar o espaço deixado por “Tapas & Beijos” não fez jus a tanto estardalhaço feito antes de sua estreia na terça-feira (22). Talvez tenham errado a mão e exagerado a dose na divulgação prévia, com direito a Lázaro Ramos e Thaís Araújo baterem ponto em programas da emissora, como “Domingão do Faustão” e “Fantástico”, caracterizados e encarnando seus personagens, os famosos cantor Brau e sua mulher, empresária e bailarina Michele. E o que se viu no primeiro episódio foi o mesmo: uma falta de traquejo geral ao tentar se equilibrar na linha tênue entre um humor ironicamente simples e um escracho pedantemente forçado.

O resumo da história é simples: um casal de novos ricos deslumbrados com o dinheiro que estão ganhando com seus shows musicais e guiados pela pretensão de se julgarem celebridades, usa e abusa de tudo e de todos sem medir consequências. O primeiro episódio foi marcado pela chegada dos dois à mansão adquirida em um bairro de luxo, com direito a pagode na piscina reunindo os amigos, tão sem noção e fora da casinha quanto os anfitriões. E a dor de cabeça que isso causou no casal vizinho, o advogado Henrique, interpretado por George Sauma, que ultimamente vinha fazendo vários personagens no “Zorra”, e Andréia, entregue à atriz Fernanda de Freitas, que mal saiu de “Tapas & Beijos” e já está repetindo o mesmo papel da mulherzinha pegajosa, interesseira e chorosa, tal como Flavinha era com Djalma (Otávio Muller).

Lázaros Ramos e Thaís Araújo com certeza estão fazendo o que seus personagens pedem no texto de Jorge Furtado e seguindo as coordenadas da direção de Maurício Farias. E quem cuida da parte de se preocupar com o telespectador? Com todo respeito aos excelentes roteiros já escritos por Jorge Furtado, mas o desta estreia realmente patinou e não saiu do lugar. Tendo como pano de fundo o mundo das celebridades instantâneas do universo musical nacional e internacional, foram criadas situações querendo fazer alguma alusão de crítica a diferenças sociais e raciais, mas que não trouxeram nada de original e não conseguiram nem fazer rir, muito menos fazer pensar. A cena em que Mister Brau faz piadas que até seu advogado fica com cara de bobão sem achar graça é quase um espelho de todo o episódio. Quando terminou, ficou no ar a pergunta: “Era para rir?”.


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