Com a improvável missão de concorrer com o “Jornal
Nacional”, da Rede Globo, e “Os Dez Mandamentos”, da Rede Record, “Cúmplices de
Um Resgate”, versão brasileira de um folhetim mexicano exibido no SBT, não tem
feito feio na audiência para os padrões da emissora desde que estreou, há um
mês. Em sua estreia, em 3 de agosto, conseguiu até mesmo dividir a
vice-liderança com a trama bíblica. Dirigida por Reynaldo Boury, a adaptação de
“Cómplices al Rescate” está sendo escrita por Íris Abravanel, mulher de Silvio
Santos que também assinou a autoria dos remakes de “Carrossel” e “Chiquititas”,
e conta a história de Isabela e Manuela, irmãs gêmeas que foram separadas ao
nascer. Uma ficou com a mãe biológica, pobre, e a outra foi criada por outra
mãe, rica. Apesar de crescerem desconhecendo uma a existência da outra, ambas
sonham se tornar uma cantora famosa e, por uma coincidência, acabam se
conhecendo. Diante da semelhança gritante, decidem, em segredo, trocar de
família. E aí vão se desenrolando as tramas paralelas da história.
Como já acontece em outras novelas infanto-juvenis
do SBT, “Cúmplices de Um Resgate” explora o universo musical, mas mostra um
aperfeiçoamento na estética visual mais contemporânea, com elementos ligados à
era digital e computadorizada e temas que vão desde questões sociais até
religiosas, estão lá o padre católico e o pastor evangélico ganhando mesmo
espaço, o que tem contribuído para que a novela atinja um público de uma faixa
etária mais abrangente, de crianças a adultos. O cuidado com cenografia,
iluminação e sonoplastia também corresponde à escola que a emissora vem fazendo
no gênero. Até mesmo figurino e maquiagem, que poderiam parecer exagerados
apenas pela origem mexicana da história, justificam-se perfeitamente pelo
lúdico de uma novela na qual animais “falam” entre eles e interagem com o
elenco através de legendas em balões, como em histórias em quadrinho. E os
clipes musicais, reunindo os personagens e pontuado por desenhos
computadorizados reforçam o espírito lúdico da trama.
Em relação ao elenco, vemos atores bem dirigidos e
cumprindo seus papéis corretamente. Destaque para Mira Haar, no papel de Dona
Nina, avó das gêmeas, que vive situações de picuinhas engraçadas na feira com
Fiorina, a italiana enfezada interpretada por Bárbara Bruno. E também para
Tânia Bondezan, que está perfeita como a babá Marina. Juliana Baroni, que não
deixa de ser a mocinha da história, tem se saído bem no esforço para convencer
como Rebeca, a mãe da jovem protagonista. Já Duda Nagle ainda está deixando a
desejar como Otávio, o mocinho da história. O ator parecia mais à vontade
fazendo o arrogante bad boy de “Caminho das Índias”, atualmente sendo reprisada
na Globo.
Mais sobre novelas mexicanas no SBT em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/05/analise-sucesso-de-tres-novelas.html