terça-feira, 15 de setembro de 2015

“Cúmplices de Um Resgate”: Novo folhetim infanto-juvenil conquista boa audiência com linguagem moderna, atuações competentes e estética alegre e contemporânea


Com a improvável missão de concorrer com o “Jornal Nacional”, da Rede Globo, e “Os Dez Mandamentos”, da Rede Record, “Cúmplices de Um Resgate”, versão brasileira de um folhetim mexicano exibido no SBT, não tem feito feio na audiência para os padrões da emissora desde que estreou, há um mês. Em sua estreia, em 3 de agosto, conseguiu até mesmo dividir a vice-liderança com a trama bíblica. Dirigida por Reynaldo Boury, a adaptação de “Cómplices al Rescate” está sendo escrita por Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos que também assinou a autoria dos remakes de “Carrossel” e “Chiquititas”, e conta a história de Isabela e Manuela, irmãs gêmeas que foram separadas ao nascer. Uma ficou com a mãe biológica, pobre, e a outra foi criada por outra mãe, rica. Apesar de crescerem desconhecendo uma a existência da outra, ambas sonham se tornar uma cantora famosa e, por uma coincidência, acabam se conhecendo. Diante da semelhança gritante, decidem, em segredo, trocar de família. E aí vão se desenrolando as tramas paralelas da história.

Como já acontece em outras novelas infanto-juvenis do SBT, “Cúmplices de Um Resgate” explora o universo musical, mas mostra um aperfeiçoamento na estética visual mais contemporânea, com elementos ligados à era digital e computadorizada e temas que vão desde questões sociais até religiosas, estão lá o padre católico e o pastor evangélico ganhando mesmo espaço, o que tem contribuído para que a novela atinja um público de uma faixa etária mais abrangente, de crianças a adultos. O cuidado com cenografia, iluminação e sonoplastia também corresponde à escola que a emissora vem fazendo no gênero. Até mesmo figurino e maquiagem, que poderiam parecer exagerados apenas pela origem mexicana da história, justificam-se perfeitamente pelo lúdico de uma novela na qual animais “falam” entre eles e interagem com o elenco através de legendas em balões, como em histórias em quadrinho. E os clipes musicais, reunindo os personagens e pontuado por desenhos computadorizados reforçam o espírito lúdico da trama.

Em relação ao elenco, vemos atores bem dirigidos e cumprindo seus papéis corretamente. Destaque para Mira Haar, no papel de Dona Nina, avó das gêmeas, que vive situações de picuinhas engraçadas na feira com Fiorina, a italiana enfezada interpretada por Bárbara Bruno. E também para Tânia Bondezan, que está perfeita como a babá Marina. Juliana Baroni, que não deixa de ser a mocinha da história, tem se saído bem no esforço para convencer como Rebeca, a mãe da jovem protagonista. Já Duda Nagle ainda está deixando a desejar como Otávio, o mocinho da história. O ator parecia mais à vontade fazendo o arrogante bad boy de “Caminho das Índias”, atualmente sendo reprisada na Globo.

Mas, sem dúvida, a escalação acertada de Larissa Manoela para interpretar as gêmeas está contribuindo muito para valorizar a novela. A atriz-mirim “conversa” com as câmeras com desenvoltura e revela talento ao se dividir em duas personagens distintas como a mimada e rebelde Isabela e a doce e compreensível Manuela. Mais jogo de cintura ainda tem a menina ao ter que inverter os próprios papéis, ora fingindo ser uma e ora tentando enganar a todos sendo outra. Situação já vista em muitos folhetins, mas cuja tarefa geralmente é dada para gente grande. Apesar de ter apenas 14 anos de idade, já se apresenta como modelo, cantora, dubladora e atriz. A estreia na televisão foi aos 6 anos fazendo ela mesma na série “Mothern”, do GNT, meses após ter participado no teatro do espetáculo musical “A Noviça Rebelde”. Entre outros trabalhos estão interpretar Dalva de Oliveira adolescente na minissérie “Dalva e Herivelto: Uma Canção de Amor”, em 2010, na Rede Globo, e um ano depois estava no cinema vivendo a Guilhermina do filme “O Palhaço”, dirigido e protagonizado por Selton Mello. Também dublou a voz de Narizinho na série de desenho animado “O Sítio do Picapau Amarelo”, produzida pela Mixer e pela Globo. Há três anos no SBT, a atriz-mirim já se destacou integrando o elenco das novelas “Corações Feridos” e “Carrossel” e da série “Patrulha Salvadora”. Agora se apresenta como uma aposta promissora da teledramaturgia da emissora. E ajuda a fazer de “Cúmplices de Um Resgate” uma séria concorrente de “Chiquititas” ao título de melhor folhetim infanto-juvenil do SBT.


Mais sobre novelas mexicanas no SBT em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/05/analise-sucesso-de-tres-novelas.html