quinta-feira, 3 de setembro de 2015

“Além do Tempo”: Irene Ravache e Nívea Maria dão verdadeiras aulas de dramaturgia através dos duelos verbais ricos de gestuais entre suas personagens na novela das seis


Duas estrelas de primeira grandeza, Irene Ravache e Nívea Maria estão mostrando que talento e uma longa jornada na televisão brasileira fazem toda a diferença na hora de cumprir a difícil missão de brilhar em uma história de época, como é “Além do Tempo”, quando muitos ainda colocam a modernidade e os temas polêmicos como pilares essenciais em uma novela. Tanto Irene quanto Nívea, interpretando a Condessa Vitória e a governanta Zilda, respectivamente, duelam dramaturgicamente na trama das seis da Rede Globo com uma maestria poucas vezes vista nos folhetins mais recentemente exibidos na emissora.

É claro que pesa, e muito, os diálogos contundentes, as tiradas irônicas e as situações arrebatadoramente misteriosas escritas pela autora Elizabeth Jihn, assim como contribui para o resultado excepcional a direção de Pedro Vasconcelos nas cenas vividas por ambas num dueto afinado e muito bem orquestrado, como aconteceu no capítulo dessa quinta-feira (3), quando a Condessa se desespera ao descobrir que não era seu filho o homem encontrado por Bento (Luiz Carlos Vasconcelos) e é amparada por sua fiel, embora maltratada, escudeira. São confrontos verbais enriquecidos de gestuais corporal e facial, ao mesmo tempo carregados e contidos, que dá vontade de aplaudir a cada cena.

Irene Ravache, 71 anos de idade, completando agora, em 2015, 50 de novelas e minisséries, prêmios importantes por seus trabalhos e uma trajetória de momentos marcantes. Entre eles, na Globo, estão Rachel de “Sol de Verão” (1982), Leonora de “Sassaricando” (1987), Madalena Aguilar na minissérie “A Casa das Sete Mulheres” (2003), Katina em “Belíssima” (2005), e as famosas Clô de “Passione” (2010) e Charlô do remake de “Guerra dos Sexos” (2012), além da comovente Lola do remake de “Éramos Seis” feito em 1994 pelo SBT.

Já Nívea Maria, 68 anos de idade, e apenas um ano a menos na TV do que sua parceira de cena, também coleciona personagens de sucesso, como a inesquecível Jerusa bastos de “Gabriela” e a protagonista de “A Moreninha”, ambas novelas exibidas há 40 anos. Depois vieram outros trabalhos em que se destacou, como “Dona Xepa” (1977), “Brega & Chique” (1987), “Meu Bem, Meu Mal (1990), “O Clone (2001), “Celebridade” (2003), “Caminho das Índias (2009), e, como Irene, a minissérie “A Casa das Sete Mulheres.

Sem dúvida, duas grandes damas da TV que devem servir de exemplo para que muitas jovens atrizes. E, por que não dizer, também para algumas outras com um pouco mais de idade e algum tempo de profissão, mas que não atingiram tamanha maturidade, simplicidade e, acima de tudo, uma modéstia a toda prova.



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