sexta-feira, 11 de setembro de 2015

“I Love Paraisópolis”: Há quatro meses no ar e depois de superar audiência de “Babilônia”, novela das sete mantém médias mais altas do que “A Regra do Jogo”


Assim como incomodou o autor Gilberto Braga quando superava a audiência de “Babilônia”, agora “I Love Paraisópolis”, novela das sete da Rede Globo, repete o feito superando por várias vezes consecutivas o ibope de “A Regra do Jogo”, a nova trama do horário nobre da emissora, de João Emanuel Carneiro, em sua segunda semana no ar. Então, é bobagem usar como justificativa para a queda de audiência de qualquer novela o crescimento da internet, a TV por assinatura e outras tantas desculpas que também já estão para lá de ultrapassadas. Ou será que apenas a trama das sete está imune a essas tantas outras formas de concorrência?

Essa “imunidade” talvez se explique pelo fato de “I Love Paraisópolis”, escrita por Alcides Nogueira e Mário Teixeira, ter praticamente os mesmos elementos explorados nas tramas do horário nobre, porém tratados de uma forma mais leve, mais acessível e, por que não dizer, mais digerível. Estão lá a favela, os bandidos, as traições, as falcatruas, assim como também estão os dramas - alguns sérios, como é o caso do Alzheimer da personagem de Nicette Bruno - os romances, as relações familiares e de amizades, que variam de brigas a afagos que só valorizam cenas típicas do cotidiano, traduzidas também através de diálogos inteligentes e perspicazes, simples e nem por isso rasos.

Até mesmo o “tom acima” que Letícia Spiller dá a sua Soraia, que se justifica pelo perfil melodramático e vulnerável ao extremo da personagem, não chega a ser algo que incomode muito, pelo fato de não ter gestuais ou tiques desnecessariamente repetitivos. Até mesmo Tatá Werneck soube “baixar a bola” ao perceber que sua Pandora não era o umbigo da história e logo aprendeu a coloca-la na sua devida casinha e a respeitar o quadrado dos demais personagens. Contribui ainda para o bom resultado as direções geral e de arte e a iluminação corretas e autores que escrevem para todos terem seu momento de destaque em algum momento da trama, não privilegiando determinados atores, mesmo contando com a participação especialíssima de Lima Duarte no elenco.

No mais, as tramas continuam se desenrolando, apresentando situações sempre novas nas quais problemas vão surgindo e sendo solucionados de forma rápida, sem se perder nas famosas e tediosas “barrigas”. Nem mesmo o improvável quadrilátero amoroso formado por Grego (Caio Castro), Marizete (Bruna Marquezine), Margot (Maria Casedavall) e Benjamin (Maurício Destri) caiu na mesmice e vem tendo situações inusitadas para mostrar as idas e vindas necessárias entre os casais para tentar criar suspense sobre quem fica com quem. Tem até Margot grávida de Ben, que está noivo de Marizete, sendo paparicada por Greco... 

Fato é que “I Love Paraisópolis” completou nessa sexta-feira (11) quatro meses no ar, ultrapassou seu capítulo de número 100, ou seja, já se aproxima da previsão inicial de se encerrar no 154, sem causar estardalhaço nem “bombar” nas redes sociais, mas está cumprindo a missão fundamental de uma novela: conquistar o grande público. E conquistar o grande público, nesse caso, significa ter audiência. Qualquer outro produto que seja considerado mais refinado e que pode se dar ao luxo de ser exibido em qualquer horário até mesmo ingrato pode se vangloriar de não atingir o grande público, mas ser considerado de qualidade. Esse tipo de orgulho pode até parecer plausível diante de minisséries, seriados, casos especiais, não é tolerável, no entanto, quando se trata do gênero telenovela.


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