quarta-feira, 16 de setembro de 2015

“MasterChef Brasil”: Band peca ao tentar apresentar como sendo ao vivo prova final de reality culinário gravada previamente


A Band errou a mão no seu próprio cardápio ao dar a entender que ofereceria ao público uma final do “MasterChef Brasil” totalmente ao vivo nessa terça-feira (15) e na hora H servir um programa mezzo gravado mezzo direto dos estúdios da emissora. A estranheza começou a partir do momento em que Ana Paula Padrão apareceu para apresentar a final com exatamente o mesmo vestido e acessórios usados no programa da semana passada. Em seguida, os três jurados, Paola Carossella, Henrique Fogaça e Erick Jacquin, também surgiram com o mesmo figurino de quando aconteceu a prova que definiu o publicitário Raul e a produtora de eventos Izabel como finalistas. E a partir daí o pseudo-ao-vivo ficou comprovado: do estúdio da cozinha do programa com plateia, de repente, sem qualquer explicação, Raul e Izabel - que também tiveram o cuidado de repetir o visual, ela com a mesma bandana na cabeça - apareceram no mesmo espaço, só que sem plateia e com os familiares ocupando o mezanino. A explicação: após a semifinal os dois se enfrentaram na gravação da prova que decidiria o campeão. A pergunta: por que mentir dizendo que a prova seria feita com transmissão simultânea se na verdade apenas o anúncio do vencedor seria feito realmente ao vivo? E para que insistir numa farsa mal feita até o fim do programa, quando Izabel foi declarada a vencedora?

O despreparo para organizar um evento como esse foi percebido meia hora antes de o programa começar, quando naquele espaço antes ocupado para a “Prévia” com os melhores momentos da edição anterior, resolveu montar um palco para Preta Gil comandar um grupo de tuiteiros formado por figuras da emissora, como Milton Neves, e algumas subcelebridades das redes sociais. Vem cá, qual o sentido de levarem tuiteiros para comentarem sobre um programa gravado? Eles poderiam ter feito o mesmo, ou até melhor, de suas próprias casas. Aliás, o que foi Ana Paula Padrão, totalmente fora da casinha, dizer que só quem estava em casa saberia em primeira mão o nome do campeão pelo Twitter?

Em casa também poderiam ter ficado as pessoas que foram para a frente da Band participar das torcidas de Raul e Izabel. O desânimo da maioria era visível e constrangedor. E a decepção não foi menor para quem conseguiu entrar na emissora para ver da plateia tudo in loco e constatou que estava ali apenas para assistir a um telão. Não foi à toa que muitas se levantaram e foram embora antes de saber quem era o novo MasterChef. Aliás, onde estavam Preta Gil e seus companheiros tuiteiros após Izabel ser aclamada campeã?

É lastimável que tenha sido tão indigesta a produção para o gran finale da versão brasileira de um dos realities de culinária mais reconhecido no mundo. Afinal, sua realização como um todo teve muito mais acertos do que erros. A começar pela excelente seleção de candidatos que mostraram uma evolução não apenas como cozinheiros, mas também como pessoas ao longo da competição. E também pelo trio afinado de chefs jurados, que soube dosar muito bem a fama de mau, ingrediente essencial na receita original do formato, com peculiaridades que fazem parte de suas próprias marcas registradas. Como a sensibilidade do paulista Fogaça, que parece acarinhar os candidatos até mesmo quando grita. Não à toa foi ele que, na primeira seleção, foi quem chamou Izabel de volta por ter sentido que ela tinha algo a dizer e lhe deu o avental, passaporte para entrar no programa. Extremamente exigente, mas com seu jeito bonachão, o francês naturalizado brasileiro Jacquin rendeu momentos engraçados quando chamava a atenção da chinesinha Jiang. E a argentina Paola, com seu caminhar tramando as longas pernas à la Gisele Bündchen, também fez a diferença com suas expressões faciais que são um prato cheio a qualquer caricaturista, apesar de tecer opiniões que pareciam estar sempre em banho-maria, aguardando o veredicto do paladar de seus companheiros de bancada. Tanto que sua torcida evidente para Raul não pesou na balança para o resultado final. Felizmente para Izabel, que, na final do MasterChef Brasil, preparou um menu com inspiração bem brasileira.


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