Afastada na temporada desse ano de “Pé Na Cova”,
Marília Pêra está de volta ao humorístico da Rede Globo provando que quem é
rainha nunca perde a majestade. No episódio da semana passada, sua personagem,
a maquiadora de defuntos Darlene já tinha dado o ar de sua graça na última cena
batendo à porta de seu ex-marido, Ruço, o dono da funerária interpretado por
Miguel Falabella. “Voltei”, foi sua única fala. E sua ausência foi sentida no
bate-bola deliciosamente ousado que faz com Falabella, tratando de miudezas do
cotidiano de uma forma irônica, mas com uma crítica aplicada quase como uma
injeção, que vai fundo na pele de cada um.
No começo do ano, a atriz teve que se submeter a uma
cirurgia nos quadris, devido a um desgaste da ossatura provocado pelo excesso
de movimentos feitos no musical “Alô, Dolly”, que ela encenou nos palcos,
também ao lado de Falabella, em 2013. Por isso, por recomendação médica, teve
que ficar em repouso por alguns meses.
Mas foi nessa terça-feira (1), que a atriz teve seu
retorno comemorado, de forma discreta, sem grande alarde. O episódio começou ao
som de “Roda Viva”, composição de Chico Buarque usada no final da temporada
passada, uma homenagem a Marília que, em 1967, participou de peça censurada que
levava o mesmo título da música. Mas Darlene só foi aparecer na cena seguinte, rodeada
de outros personagens sentada no sofá da sala da casa de Russo, em uma conversa
descontraída, pedindo uma dose de gim. “Mas você não foi para uma clínica para
parar de beber? Foi lá fazer o quê?”, indagou Ruço, referindo-se à desculpa
dada para a ausência da personagem no programa durante tanto tempo. E ela, com
suas saídas sempre brilhantes, respondeu na hora: “Ué, estava repousando. Ser
pobre o ano inteiro é muito pesado”.
Redator-final do texto do programa, Miguel Falabella
também continua inspirado nas frases que, embora num contexto de humor, trazem
sempre uma identificação quase dramática que leva à reflexão. Como quando diante
das aberrações cometidas pelo Dr. Zoltan (Diogo Vilela) em sua clínica
psiquiátrica e da transformação de Soninja, personagem que antes de se submeter
a uma lipo era interpretada por Karin Hils e após a cirurgia surgiu na pele da
atriz Mary Sheila, Ruço desabafa: “A sensação que eu tenho é de que eu grito no
deserto e ninguém me escuta”. E é também admitindo que aceita “o que não é
normal”, que o dono da funerária se conforma ao descobrir, através de um teste
de DNA, que Cléscio (Magno Bandarz) não é seu filho biológico com Darlene.
Mais "Pé Na Cova" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/06/analise-das-series-de-humor-que.html
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