quarta-feira, 2 de julho de 2014

“Pé Na Cova”: Marília Pêra volta à cena e coroa com chave de ouro encerramento de mais uma temporada de um dos melhores seriados de humor da Rede Globo


Afastada na temporada desse ano de “Pé Na Cova”, Marília Pêra está de volta ao humorístico da Rede Globo provando que quem é rainha nunca perde a majestade. No episódio da semana passada, sua personagem, a maquiadora de defuntos Darlene já tinha dado o ar de sua graça na última cena batendo à porta de seu ex-marido, Ruço, o dono da funerária interpretado por Miguel Falabella. “Voltei”, foi sua única fala. E sua ausência foi sentida no bate-bola deliciosamente ousado que faz com Falabella, tratando de miudezas do cotidiano de uma forma irônica, mas com uma crítica aplicada quase como uma injeção, que vai fundo na pele de cada um.

No começo do ano, a atriz teve que se submeter a uma cirurgia nos quadris, devido a um desgaste da ossatura provocado pelo excesso de movimentos feitos no musical “Alô, Dolly”, que ela encenou nos palcos, também ao lado de Falabella, em 2013. Por isso, por recomendação médica, teve que ficar em repouso por alguns meses.

Mas foi nessa terça-feira (1), que a atriz teve seu retorno comemorado, de forma discreta, sem grande alarde. O episódio começou ao som de “Roda Viva”, composição de Chico Buarque usada no final da temporada passada, uma homenagem a Marília que, em 1967, participou de peça censurada que levava o mesmo título da música. Mas Darlene só foi aparecer na cena seguinte, rodeada de outros personagens sentada no sofá da sala da casa de Russo, em uma conversa descontraída, pedindo uma dose de gim. “Mas você não foi para uma clínica para parar de beber? Foi lá fazer o quê?”, indagou Ruço, referindo-se à desculpa dada para a ausência da personagem no programa durante tanto tempo. E ela, com suas saídas sempre brilhantes, respondeu na hora: “Ué, estava repousando. Ser pobre o ano inteiro é muito pesado”.

Redator-final do texto do programa, Miguel Falabella também continua inspirado nas frases que, embora num contexto de humor, trazem sempre uma identificação quase dramática que leva à reflexão. Como quando diante das aberrações cometidas pelo Dr. Zoltan (Diogo Vilela) em sua clínica psiquiátrica e da transformação de Soninja, personagem que antes de se submeter a uma lipo era interpretada por Karin Hils e após a cirurgia surgiu na pele da atriz Mary Sheila, Ruço desabafa: “A sensação que eu tenho é de que eu grito no deserto e ninguém me escuta”. E é também admitindo que aceita “o que não é normal”, que o dono da funerária se conforma ao descobrir, através de um teste de DNA, que Cléscio (Magno Bandarz) não é seu filho biológico com Darlene.

Curiosamente, nas “cenas do próximo episódio”, recurso usado antigamente em novelas quando eram antecipadas as “cenas dos próximos capítulos”, uma das sequências antecipadas mostrou Darlene confessando ao ex-marido: “Você foi o único homem que amei na minha vida. O resto foi o resto”. Sinal de que o último capítulo de “Pé Na Cova” promete que deixará no ar o desejo de mais uma temporada daquele que tem sido um dos melhores seriados de humor no ar na Rede Globo.


Mais "Pé Na Cova" em:
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