terça-feira, 1 de julho de 2014

“Dancin’ Days”: Reprise de sucesso de três décadas passadas traz a chance de várias gerações se encantarem com o talento insuperável do saudoso Mário Lago


Quando Mário Lago saiu de cena em 2002, definitivamente, aos 90 anos, deixou um legado riquíssimo em várias vertentes exploradas pelo ator, que é possível resgatar através de imagens tiradas do fundo do baú. E tem sido extremamente gratificante ver o canal Viva trazer de volta um pouquinho dessa herança deixada por grandes artistas de gerações passadas, como ele, através de reprises de novelas e programas que marcaram época. Rever novamente Mário Lago interpretando o sonhador e altivo Alberico de “Dancin’ Days”, sucesso de 1979, escrita por Gilberto Braga, não é apenas fazer uma viagem no tempo, como também é uma oportunidade de reavaliar com outros olhos uma obra assistida há mais de três décadas.

Quando a novela, dirigida por Daniel Filho, foi ao ar pela primeira vez na TV Globo, as atenções se concentravam basicamente em torno do drama de Júlia Matos, a ex-presidiária interpretada impecavelmente por Sonia Braga. Eram tempos em que o foco principal de qualquer folhetim era quase que forçosamente voltado exclusivamente para a protagonista, ou o protagonista, da história. Os personagens dos demais núcleos flutuavam em torno dessa figura. Mas, já naquela época, aos 68 anos, Mário Lago já era um exímio “ladrão de cena”.

Os olhares enviesados, os gestuais refinados, as reações incisivamente contidas, o tom de voz ironicamente cativante de Mário na pele do Alberico Santos valem mais do que muitas aulas de interpretações. Assim como já tinha sido uma aula de pós-graduação para qualquer ator ou aspirante à profissão a tradução que o ator já tinha dado ao personagem Atílio Souza, três anos antes, em 1976, na novela “O Casarão”, também dirigida por Daniel Filho. Na trama escrita por Lauro César Muniz, seu personagem era um ex-combatente de guerra, esclerosado, e que usava da surdez para se manter em um mundo à parte da realidade que o rodeava. Um show de interpretação.

Seu último trabalho como ator foi em 2001, fazendo uma participação especial em “O Clone” como o Dr. Molina, personagem de sucesso que ele interpretou em “Barriga de Aluguel”, ambas novelas de autoria de Glória Perez. Mário Lago não foi apena um ator de sucessos de décadas de teledramaturgia, como foi poeta, escritor, roteirista, radialista e compositor brilhante. Autor de sambas históricos como “Atire A Primeira Pedra” e “Ai, Que Saudades da Amélia”, ambos em parceria com Ataulfo Alves, fez-se popular entre as décadas de 40 e 50. Sua história e sua obra merecem serem vistas e revistas por todas as gerações.



Mais "Dancin' Days" em:
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