Independentemente de qualquer crítica que se faça ao
conjunto de “Em Família”, novela das nove da Rede Globo escrita por Manoel
Carlos, em que o autor prometeu ser seu último folhetim com a protagonista
chamada Helena, no último capítulo, exibido nessa sexta-feira ( 18), o que mais
constrangeu foi o fato de ver a mesma ter perdido o posto de heroína para se
tornar mera coadjuvante de uma história sem protagonistas. Uma atriz do calibre
de Júlia Lemmertz, convidada a prestar uma homenagem a sua mãe, Lilian Lemmertz,
primeira a interpretar a precursora de uma série de Helenas em novelas de
Manoel Carlos, em “Baila Comigo”, de 1981, merecia ter vivido uma história mais
rica.
Antes de “Em Família” estrear, em fevereiro deste
ano, Maneco afirmou que, ao decidir encerrar o ciclo das Helenas, pensou logo
em Júlia: “Tinha vontade de escrever para ela. A matriz é a Lilian Lemmertz, e
eu tinha essa dívida de amor que eu pago com essa escolha”. Se a dívida era
apenas passar personagem de mãe para filha, foi paga. Mas, se a dívida era
coroar o ciclo de uma personagem, ficou devendo.
Não que alguma outra, ou algum outro personagem,
tenha se sobressaído nessa novela. Shirley (Viviane Pasmanter) com sua cobra foi
uma versão bem chinfrim de Luz Del Fuego. O flashback de Laerte (Gabriel Braga
Nunes), à beira da morte, passando o rodo nas personagens de Júlia, Viviane,
Helena Ranaldi e Bruna Marquezine, foi algo que beirou o ridículo. No fundo ele
era apenas um músico psicopata e tarado que até agonizando só pensava em
sacanagem. Pior ainda foi ver Selma, a mãe de Laerte interpretada por Ana
Beatriz Nogueira, ter tomado tanto espaço no capítulo, ora lendo um livro para
defuntos no cemitério onde o filho estava enterrado, e depois chegando atrasada
ao aniversário da amiga, Francisca (Natália do Vale), dizendo que o marido
(morto) tinha ficado lá fora resolvendo uma questão de trânsito. E todos no
recinto achando graça. Daria até para achar engraçada se fosse uma cena de “Pé
Na Cova”, não no último capítulo de uma novela das nove classificada no gênero
drama.
Mas, constrangedor mesmo foi ver a Helena de Júlia
Lemmertz ter um desfecho tão em segundo plano, tão apagado, tão sem luz, apesar
de ela e Virgílio (Humberto Martins) terem tido o jardim de Claude Monet, em
Paris, como cenário para suas declarações de amor. Nem a beleza da locação
tirou a superficialidade da sequência, apesar do esforço dos atores em tentarem
se superar dizendo um texto tão artificial.
Mais "Em Família" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2014/05/em-familia-humberto-martins-deixa.html
Leia também entrevistas de TV em:
http://www.folhadoslagos.com/blogs/elena-correa/fanfarrao-apresentador-andre-vasco-da-novo-folego-a-band#.U8s5ckApuSo