Quando o original de “O Rebu” foi ao ar, entre 1974
e 1975, na TV Globo, eu era adolescente, mas, já aficionada por novelas, estava
curiosa sobre aquela história ousada que se passava em uma única noite. As
lembranças mais marcantes que guardo são as do grande Ziembinski em cena como
Conrad Mahler e de todo mistério brilhantemente conduzido por ele naquela trama
de Bráulio Pedroso, dirigida por Walter Avancini. Nunca me esqueci da imagem daquele
ator polonês. E muito menos do jovem Buza Ferraz, interpretando Cauê.
Principalmente por, apesar de minha pouca idade, não ter deixado de entender que
a história tratava de um caso de homossexualidade. E descobrir que a censura na
época tinha exigido que Cauê fosse mostrado como filho adotivo do velho Conrad.
Bobagem. Censura nenhuma tolhe a inteligência do público, de que idade for.
Nesse remake que estreou nessa segunda-feira (14),
na Rede Globo, o personagem Cauê foi rebatizado como Bruno Ferraz, interpretado
por Daniel Oliveira. Seria uma homenagem ao Buza Ferraz? Talvez. Mas, para por
aí. O Bruno atual é apresentado como um garanhão, que teve caso com as personagens
de Patrícia Pillar, Cássia Kis Magro, Shophie Charlote, Mariana Rios. Nesse
ponto, a nova versão escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, com
colaboração de Charles Peixoto, Flávio Araújo, Lucas Paraízo e Mariana
Mesquita, fogem totalmente ao original. Nem Tony Ramos ainda fez jus ao posto
de novo Ziembinski. Ou será que José de Abreu é o seu representante?
No mais, a obra que realmente deve continuar na história é o original de "O Rebu".