sexta-feira, 25 de agosto de 2017

“MasterChef Brasil”: Band faz show de qualidade na final e auditoria informal de internautas garante vitória de Michele


A final do “MasterChef Brasil 4” conseguiu, sem a menor dúvida, superar em todos os quesitos as transmissões ao vivo que marcaram o encerramento e anúncio dos campeões das três temporadas anteriores. Antes mesmo de terça-feira (22), quando o programa foi ao ar na Band, o embate entre as torcidas de Michele e Deborah já havia ultrapassado os limites da cozinha e invadido as redes sociais. E a vitória da catarinense sobre a carioca mostrou que vivemos tempos em que não existe auditoria melhor para validar um resultado do que aquela feita individualmente pelo público através de suas páginas pessoais na internet. A própria Michele revelou que conseguiu manter o controle, apesar do barulho que os ex-participantes faziam do mezanino torcendo pela outra finalista enquanto aguardavam saber quem seria a campeã, porque seu olhar estava focado nos números do monitor indicando que mais de 70 por cento dos internautas estava do lado dela. Não seria de bom tom a emissora ignorar a vontade da maioria do púbico tendo presente no estúdio o francês Arnaud Guerpillon, chef de cuisine e diretor-técnico da Le Cordon Bleu em Madri. Ele foi representando a escola de gastronomia mais prestigiada do mundo que oferece cursos distintos para quem fica em primeiro e segundo lugar na competição. Aliás, ficou feio para Deborah ter sido flagrada levantando o blazer do seu terninho para puxar a cintura da calça para cima, justamente enquanto o chef de cuisine estava falando. Como era ao vivo, não teve como cortar o gesto deselegante da assessora de investimentos.

Na parte técnica, a direção do programa caprichou na edição das imagens no bloco de abertura do programa, com depoimentos fortes das duas oponentes e dos três jurados, os chefs Érick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella, além da apresentadora Ana Paula Padrão. Com ritmo ágil, os roteiristas fizeram um resumo enxuto e coerente dessa quarta temporada, iniciada há quatro meses, e criaram um clima realmente vibrante de decisão. Pode-se perceber que houve uma empolgação tanto da plateia de dentro do estúdio quanto da que estava do lado de fora, em frente à emissora. Animação que não foi vista nas finais anteriores, em que a emissora ainda estava tentando se ajustar à mistura do “ao vivo” com as partes gravadas. E, como toda receita sempre pode ser aperfeiçoada, daqui para frente só se esperar o melhor das próximas temporadas.   

Já em relação à competição em si, no começo da prova decisiva, Fogaça afirmou que seria a criatividade da Deborah contra a habilidade da outra, mas quando o duelo gravado começou o que se viu foi apenas Michele reunindo as duas qualidades. Deborah já queimou na largada anunciando que faria farofa na entrada, no prato principal e na sobremesa. Não foi à toa que rendeu vários memes na web como “a farofeira”. Para quem acompanhou o programa não surpreendeu ver Jacquin e Fogaça irem para a bancada da carioca, defendida e protegida por eles, mesmo quando coou sopa com pano de prato, serviu alho queimado e lagosta crua. Até na final ela deu mancada chamando de cavaquinha a lagosta baby que pegou no mercado. Enquanto isso, na bancada de Michele, Paola se deliciava só de imaginar o menu descrito pela finalista.

Na degustação, Jacquin mais uma vez não disfarçou sua preferência. Depois que Deborah serviu de entrada uma vieira crua com farofa e aiöli de azedinha sem acidez, Michele surpreendeu com um tutano com champignon bem executado. Incomodado, o chef francês começou a limpar com a faca o osso do seu prato de forma grosseira, dizendo que estava sujo. Parecia ter errado de programa, comportando-se como se estivesse no “Pesadelo na Cozinha”. Nesse momento, Fogaça chegou a abaixar a cabeça, constrangido pela atitude do outro jurado. Para completar, depois que a entrada feita por Michele foi elogiada, Jacquin tentou desestabilizá-la dizendo: “Cuidado! Quando começa muito bem às vezes atrapalha um pouco”. A agressividade, no entanto, foi suavizada ao chegar diante da bancada de sua favorita quando ela preparava o prato principal: “Chuchu, mon chuchu, tudo bem? O que nós vamos comer?”, perguntou para Deborah, que serviu lagosta com chuchu. Novamente mais ousada, Michele fez uma carne de cupim recheado com pupunha. E dessa vez foi Ana Paula Padrão que não foi feliz na sua avaliação dizendo que Michele estava ousando porque Deborah teve mais vitórias e sempre foi considerada favorita: “Ela está arriscando porque é a chance dela do tudo ou nada”. E existia alguma outra opção que não fosse o tudo ou nada?

Coincidência ou não, foi justamente na hora da sobremesa, que definiria quem seria a vencedora, o coco que Michele pegou no mercado do programa estava azedo. Tentando fugir da saia justa criada com o patrocinador, os jurados tentaram disfarçar dizendo que ela deveria ter colocado o ingrediente na geladeira. Aí compararam com a lagosta que a Deborah deixou no gelo. Ora, comparar lagosta com coco? Além do mais, como coco ralado embalado estraga tão rapidamente se o tempo que elas tinham para cozinhar era de apenas duas horas e 45 minutos? E Jacquin perdeu a chance de ficar calado ao cutucar Michele no momento em que ela ficou abalada emocionalmente diante da necessidade de adaptar sua receita: “Não precisava chorar para fazer”, ironizou o chef francês. Mas quando ele viu que a vitória da catarinense era certa, tentou limpar sua barra: “Eu tinha certeza de que você ia chegar aqui”, disse ele. Seria mais honesto se tivesse saído à francesa, como fez Deborah após constatar que não tinha vencido.


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