A eliminação de Ivo no
“MasterChef Profissionais” dessa terça-feira (29), na Band, foi uma verdadeira
explosão não de sabores mas de sentimentos, ações e reações. Teve Paola
Carossela se emocionando ao anunciar a eliminação do participante, teve Érick
Jacquin gritando para Marcelo conter sua comemoração no mezanino por Dário ter
se salvado e teve o próprio Ivo chorando na entrevista de despedida. Mas suas
lágrimas não esconderam a postura machista que manifestou desde o começo do
programa. Quando Ana Paula Padrão perguntou quem iria ganhar, Ivo apontou
Marcelo ou Dário. “E a Dayse, é uma aluna bacana, né?”, indagou a
apresentadora. “Ela é teimosa, mas está surpreendente, espero que se dê muito
bem também”, falou o cozinheiro, não conseguindo disfarçar o mesmo incômodo
demonstrado outras vezes em que sua ex-assistente o superou nas provas.
Considerado o veterano da
competição por ter 25 anos de atuação no mercado, Ivo se equivocou ao acreditar
que ser mais experiente que os outros bastaria para ele ganhar o jogo. Logo na
primeira prova desse episódio 9, que consistia fazer três técnicas diferentes
de um produto, cujo convidado foi um estudioso da gastronomia brasileira,
Ricardo Maranhão, Dário mostrou-se confiante por ter participado recentemente de
uma palestra do historiador. Ou seja, ele é jovem, tem pouca experiência, mas
está buscando novos conhecimentos também fora da cozinha.
E como o próprio Ivo
afirmou no começo do programa: “Tem hora que a gente não está no dia bacana,
não está no dia ideal”. Não foi um bom dia para ele, que se deu mal na prova
Surf and Turf, que consistia em combinar proteínas do mar e da terra. Mas além
de perder a competição, o cozinheiro também perdeu a chance de ter deixado uma
imagem menos machista e autoritária. A tal humildade citada por Ana Paula
Padrão no vestiário não correspondeu ao que foi mostrado ao longo dos episódios
anteriores nos quais foi visível a forma grosseira como Ivo tratou primeiro
Priscylla, desestabilizando a cozinheira que já eliminada, e depois Dayse, que não
deixou se abalar nem quando seu ex “chefe” sugeriu que ela pegasse uma vassoura
e varresse a cozinha, e agora é semifinalista. Numa posição orgulhoso e
arrogante, Ivo nem correspondeu plenamente ao abraço de Dário na sua despedida.
Mas quem extrapolou mesmo
foi Marcelo na comemoração exagerada quando Dário subiu ao mezanino. Com um
comportamento descontrolado e tentando chamar a atenção falando em voz alta,
levou Jacquin até a gritar três vezes “Menos!”, para ele respeitar o momento do
eliminado. Paola também ficou incomodada e, após acompanhar Ivo até a porta de
saída, olhou para o mezanino e fez um sinal para eles abrirem o olho.
Realmente é constrangedora
a forma como Marcelo demonstra sua ojeriza por Dayse e a preferência por ter
outro homem com ele na final. Mais irritante ainda é seu comportamento no
mezanino, o tempo inteiro fazendo comentários pessoais sobre os outros que
estão cozinhando, mas sempre com o olhar nervoso voltado para os jurados ou
para os câmeras. Entre as pérolas ditas por Marcelo, sozinho no mezanino,
estão: “Se essa mina ficar vai ser a maior roubalheira da face da Terra” e “Me
surpreenda e me faça calar a boca”. Ficou tão evidente que era proposital as
críticas contra a receita de Dayse que Paola até o chamou para descer e provar
o prato da concorrente depois de pronto. E ele teve que enfiar a viola da
prepotência no saco e reconhecer que a única mulher que resta na competição
tinha criado uma receita deliciosa.
“Eu deveria mostrar pro
Marcelo que sou uma boa cozinheira, mas não estou nem aí pra ele”, afirmou
Dayse, tranquilamente. Foi sem rancor também que ela subiu ao mezanino como
melhor dos melhores na prova de eliminação, sendo recebida com reverências por
Marcelo. “Olha a falsidade”, debochou Fogaça, diante da postura contraditória
do cozinheiro. Enquanto isso, o conceito de Dayse, que no começo não despertou
muito a simpatia do público, só vem subindo no programa. Foi curioso no clipe
que mostrou um pouco da sua trajetória ela ter contado que já teve que enfrentar
situações difíceis nos seus 12 anos como chef de cozinha, principalmente por
causa do machismo que impera no meio. “Eu tive um subchefe que sabia onde eu
poderia chegar e dava até tapa na minha cara”, contou ela, levando na esportiva
e acrescentando: “Se eu não tivesse engolido esses sapos talvez não estivesse
aqui agora, né?”. Coincidência ou não, depois de Fádia, eliminada no episódio
anterior, agora é uma semifinalista que denuncia o preconceito de homens em
relação a mulheres nas cozinhas profissionais. Parece sintomático...
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