segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

“Cozinha Sob Pressão”: Na final, campeã apela com um discurso fora de contexto e chef apresenta visual de trama mexicana


Depois de uma semana agitada pela repercussão da final do “MasterChef Profissionais”, na Band, o último episódio do “Hell’s Kitchen – Cozinha Sob Pressão” passou quase despercebido nesse sábado (17), no SBT. Curiosamente, enquanto um movimentou as redes sociais por levantar a questão do machismo nas cozinhas profissionais, o outro, que nessa quarta temporada tentou surpreender por ser a primeira vez que uma mulher comandou a atração, naufragou justamente pela falta de pulso, estilo e personalidade da mesma em uma final. A chef Danielle Dahoui estreou na função bastante insegura ao assumir a missão de deixar de lado a agressividade que é a marca registrada de Gordon Ramson copiada por Carlos Bertolazzi, e exagerou no tom maternal. Foi melhorando seu desempenho no decorrer do programa, mas na reta final voltou a se perder na forma tatibitate de tratar os concorrentes e desandou de vez na final, quando precisava ter uma postura mais madura e incisiva.

Aliás, seu maior erro no último episódio foi ter se colocado como convidada e não como dona do programa. O próprio figurino escolhido para a ocasião merece um comentário à parte. Foi muito estranho ela aparecer no restaurante sem seu doma de chef máxima das duas equipes que estavam na cozinha. Para piorar, faltou bom gosto na escolha do vestido: um preto básico, curto, de mangas compridas e soltas, totalmente inconvenientes em uma cozinha, e uma cintura justa que não favoreceu a silhueta da apresentadora. Assim como o cabelo e a maquiagem que no conjunto faziam lembrar uma personagem de novela mexicana. Nada a ver com a circunstância.

Já na prova entre os três últimos concorrentes, Cris, Gabriel e Maílson, foi legal a ideia de fazer às cegas a avaliação dos pratos para a decisão dos dois finalistas, mas a chef não precisava necessariamente ter ficado em um quarto escuro. O mesmo tipo de avaliação é feito em “Duelo de Mães”, também do SBT, e os jurados não precisam nem ter os olhos vendados, basta ficarem isolados sem saber quem preparou qual receita. Dahoui poderia analisar também a aparência da comida, sem necessariamente saber quem preparou. Além do mais, ficou artificial sua voz trêmula o tempo todo ao falar com os últimos concorrentes. Uma emoção tão forçosamente nervosa que perdeu a naturalidade.

E quando restaram apenas Cris e Maílson na disputa, os dois apelaram demais em seus depoimentos. Cris foi a mais exagerada, dizendo que estava ali “pelas minorias, pelos excluídos”. E Maílson repetiu o velho discurso de estar ali pensando em ajudar seu pai, sua mãe, toda a família. Nesse tipo de competição, o que o público quer ver é uma disputa entre dois competidores empenhados em mostrar seus talentos e, acima de tudo, orgulhosos por estar tendo a oportunidade de buscar a vitória mostrando seus dotes como excelentes profissionais de cozinha. Esses discursos prontos que soam como chantagem emocional podem funcionar em programas como o “Casos de Família”, não em um reality de culinária.

Até mesmo na hora do anúncio de Cris como vencedora, ela voltou a apelar gritando “A primeira mulher!”, e dedicando a vitória “às mulheres e às minorias”. Aí faltou muito de uma atitude mais coerente da direção do programa, que deveria ter se tocado que a participante estava pesando a mão na dose da mesma bandeira. E, para completar, ainda colocou um som épico como música incidental na final, transformando o show ainda mais bizarro, fora de contexto e fora da cozinha. Que sirva de experiência para não repetir a mesma receita na próxima temporada.


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