sexta-feira, 15 de maio de 2015

“Wayward Pines”: Série de drama policial da Fox traz roteiro ágil, sem perder o tempo de suspense necessário para manter o mistério


Quem leu “Pines” deve ter assistido à estreia de “Wayward Pines”, nessa quinta-feira (14), na Fox, já tentando se adiantar nas pistas do que virá pela frente nos próximos nove episódios dessa minissérie inspirada no romance de Blake Crouch. Não é o meu caso. Mesmo assim, ou talvez por isso, também me incluí no grupo de telespectadores imbuídos no papel de investigadores do drama policial desenvolvido por Chad Hodge e produzida pelo diretor M. Night Shyamalan. Conduzindo a história está o ator Matt Dillon, interpretando Ethan Burke, um agente do serviço secreto dos Estados Unidos que recebe a missão de investigar o desaparecimento de dois colegas também do FBI. Ao sair de Seatle, seu carro sofre um acidente e ele vai parar na pequena Idaho, uma cidade misteriosa, vigiada por câmeras, sem saída e com habitantes enigmáticos.

Em um primeiro momento, essa situação envolvendo Burke remete à vivida por Mattew Fox em “Lost”, assim como o ambiente inicial remete ao universo de “Twin Peaks”. Nada que comprometa a identidade própria mostrada no desenrolar do episódio que surpreendeu ao desvendar questões que aparentemente seriam guardadas para as cenas dos próximos capítulos. Talvez nesse óbvio estejam ocultas respostas que Shyamalan só revelará no final, no melhor estilo “Sexto Sentido”, filme de horror psicológico escrito e dirigido por ele para o cinema em 1999. Sua assinatura também é reconhecida na direção de arte e fotografia com iluminação soturna, nas passagens rápidas e sonoplastia nervosa.

Mas o ases na manga de “Wayward Pines” está mesmo no roteiro que faz um jogo entre tempo e espaço para aguçar o instinto investigativo do público. Onde e em que época está realmente vivendo o agente? Nem Burke sabe. E quem são essas pessoas que o cercam como a enfermeira que causa arrepios apenas com seu olhar, interpretada por Melissa Leo, e o psiquiatra claramente manipulador vivido por Toby Jones? Fico pensando se não haverá alguma surpresa no desfecho semelhante ao do livro “Paciente 67”, drama de suspense psicológico de autoria de Dennis Lehane. É esperar para ver. Afinal, “Não existem grilos em Wayward Pines”.