A final do “MasterChef Brasil 4” conseguiu, sem a
menor dúvida, superar em todos os quesitos as transmissões ao vivo que marcaram
o encerramento e anúncio dos campeões das três temporadas anteriores. Antes mesmo
de terça-feira (22), quando o programa foi ao ar na Band, o embate entre as
torcidas de Michele e Deborah já havia ultrapassado os limites da cozinha e
invadido as redes sociais. E a vitória da catarinense sobre a carioca mostrou
que vivemos tempos em que não existe auditoria melhor para validar um resultado
do que aquela feita individualmente pelo público através de suas páginas pessoais
na internet. A própria Michele revelou que conseguiu manter o controle, apesar
do barulho que os ex-participantes faziam do mezanino torcendo pela outra
finalista enquanto aguardavam saber quem seria a campeã, porque seu olhar
estava focado nos números do monitor indicando que mais de 70 por cento dos
internautas estava do lado dela. Não seria de bom tom a emissora ignorar a vontade
da maioria do púbico tendo presente no estúdio o francês Arnaud Guerpillon,
chef de cuisine e diretor-técnico da Le Cordon Bleu em Madri. Ele foi representando
a escola de gastronomia mais prestigiada do mundo que oferece cursos distintos
para quem fica em primeiro e segundo lugar na competição. Aliás, ficou feio
para Deborah ter sido flagrada levantando o blazer do seu terninho para puxar a
cintura da calça para cima, justamente enquanto o chef de cuisine estava
falando. Como era ao vivo, não teve como cortar o gesto deselegante da
assessora de investimentos.
Na parte técnica, a direção do programa caprichou na
edição das imagens no bloco de abertura do programa, com depoimentos fortes das
duas oponentes e dos três jurados, os chefs Érick Jacquin, Henrique Fogaça e
Paola Carosella, além da apresentadora Ana Paula Padrão. Com ritmo ágil, os
roteiristas fizeram um resumo enxuto e coerente dessa quarta temporada,
iniciada há quatro meses, e criaram um clima realmente vibrante de decisão.
Pode-se perceber que houve uma empolgação tanto da plateia de dentro do estúdio
quanto da que estava do lado de fora, em frente à emissora. Animação que não
foi vista nas finais anteriores, em que a emissora ainda estava tentando se
ajustar à mistura do “ao vivo” com as partes gravadas. E, como toda receita
sempre pode ser aperfeiçoada, daqui para frente só se esperar o melhor das
próximas temporadas.
Já em relação à competição em si, no começo da prova
decisiva, Fogaça afirmou que seria a criatividade da Deborah contra a
habilidade da outra, mas quando o duelo gravado começou o que se viu foi apenas
Michele reunindo as duas qualidades. Deborah já queimou na largada anunciando
que faria farofa na entrada, no prato principal e na sobremesa. Não foi à toa
que rendeu vários memes na web como “a farofeira”. Para quem acompanhou o
programa não surpreendeu ver Jacquin e Fogaça irem para a bancada da carioca,
defendida e protegida por eles, mesmo quando coou sopa com pano de prato,
serviu alho queimado e lagosta crua. Até na final ela deu mancada chamando de
cavaquinha a lagosta baby que pegou no mercado. Enquanto isso, na bancada de
Michele, Paola se deliciava só de imaginar o menu descrito pela finalista.
Na degustação, Jacquin mais uma vez não disfarçou
sua preferência. Depois que Deborah serviu de entrada uma vieira crua com
farofa e aiöli de azedinha sem acidez, Michele surpreendeu com um tutano com
champignon bem executado. Incomodado, o chef francês começou a limpar com a
faca o osso do seu prato de forma grosseira, dizendo que estava sujo. Parecia ter
errado de programa, comportando-se como se estivesse no “Pesadelo na Cozinha”. Nesse
momento, Fogaça chegou a abaixar a cabeça, constrangido pela atitude do outro
jurado. Para completar, depois que a entrada feita por Michele foi elogiada, Jacquin
tentou desestabilizá-la dizendo: “Cuidado! Quando começa muito bem às vezes
atrapalha um pouco”. A agressividade, no entanto, foi suavizada ao chegar
diante da bancada de sua favorita quando ela preparava o prato principal: “Chuchu,
mon chuchu, tudo bem? O que nós vamos comer?”, perguntou para Deborah, que serviu
lagosta com chuchu. Novamente mais ousada, Michele fez uma carne de cupim recheado
com pupunha. E dessa vez foi Ana Paula Padrão que não foi feliz na sua
avaliação dizendo que Michele estava ousando porque Deborah teve mais vitórias
e sempre foi considerada favorita: “Ela está arriscando porque é a chance dela
do tudo ou nada”. E existia alguma outra opção que não fosse o tudo ou nada?
Coincidência ou não, foi justamente na hora da sobremesa, que definiria quem seria a vencedora, o coco que Michele pegou no mercado do programa estava azedo. Tentando fugir da saia justa criada com o patrocinador, os jurados tentaram disfarçar dizendo que ela deveria ter colocado o ingrediente na geladeira. Aí compararam com a lagosta que a Deborah deixou no gelo. Ora, comparar lagosta com coco? Além do mais, como coco ralado embalado estraga tão rapidamente se o tempo que elas tinham para cozinhar era de apenas duas horas e 45 minutos? E Jacquin perdeu a chance de ficar calado ao cutucar Michele no momento em que ela ficou abalada emocionalmente diante da necessidade de adaptar sua receita: “Não precisava chorar para fazer”, ironizou o chef francês. Mas quando ele viu que a vitória da catarinense era certa, tentou limpar sua barra: “Eu tinha certeza de que você ia chegar aqui”, disse ele. Seria mais honesto se tivesse saído à francesa, como fez Deborah após constatar que não tinha vencido.
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