sábado, 14 de novembro de 2015

“Totalmente Demais”: Temas como assedio e crime ambiental valorizam interpretação de jovens atores em prol da novela


Em sua primeira semana no ar, “Totalmente Demais”, novela das sete da Rede Globo que estreou na segunda-feira (9), apresentou os ingredientes que já fazem parte da receita de bolo da maioria dos folhetins exibidos no horário: uma pitada de humor, uma boa dose de glamour e romances a gosto. E a cereja ficou por conta do drama da protagonista, que sofre assédio moral e sexual do padrasto. Um tema sério que merece ser tratado com cuidado e atenção e que está sendo muito bem representado através das excelentes interpretações de Marina Ruy Barbosa, como a jovem Elisa; de Paulo Rocha, o algoz Dino, e também de Leona Cavalli, no papel de Gilda, a mãe submissa e dependente do marido que sofre por não ter coragem de defender a própria filha.

O primeiro capítulo fez a tradicional apresentação dos personagens principais de forma ágil e inteligente, pois permitiu logo de cara que o público logo entendesse a história de cada um e o tipo de envolvimento entre eles. Juliana Paes está convincente como Carolina, a poderosa editora de uma famosa revista de modas, embora fique muito clara sua inspiração em Meryl Streep em “O Diabo Veste Prada”. Nada que prejudique, ao contrário, até valoriza a personagem, mas tem que cuidar para não cair no exagero.

Assim como Fábio Assunção, que parece ter dado uma repaginada no Jorge, o empresário dono de boate de “Tapas & Beijos” para fazer de Arthur, o empresário dono de uma agência de modelos, um bon vivant mais chique. E também mais inconsequente, como mostrou nas cenas em que o personagem apareceu dirigindo em altíssima velocidade e fazendo manobras perigosas ao cortar dois caminhões que estavam em sentido contrário na rodovia. Péssimo exemplo e referência desnecessária para um galã.

Muito bem está Felipe Simas como Jonatas, o jovem que abriu mão da vida fácil na casa da família para viver nas ruas vendendo balas nos sinais de trânsito de dia e atuando como flanelinha à noite. O fato de não ter o protótipo de beleza arrebatadora que geralmente é esperado para um protagonista pode até estar valorizando ainda mais a forma como o ator está sabendo fazer por merecer o desafio que lhe foi dado. Afinal, o concorrente de Jonatas para conquistar Eliza será ninguém menos do que Arthur.
O mesmo vale para Daniel Blanco representando Fabinho, o filho do casal Germano (Humberto Martins) e Lili (Viviane Pasmanter), que tem papel chave na questão ambiental defendida pelos jovens contra as indústrias de cosméticos. Tema factual que deve continuar sendo atualizado.

O mesmo não é possível falar de Samantha Schmutz, que está sofrendo da mesma síndrome de Tatá Werneck quando ganhou um papel de destaque em “I Love Paraisópolis” e atuava como se estivesse em um programa de humor e não em uma novela. A atriz pode e deve imprimir em Dorinha sua veia cômica, mas não pode esquecer nunca de que ali não é o “Zorra Total”.

A abertura também deixou a desejar. O clipe de imagens parece mais uma abertura de “Malhação”. E o tema musical, “Totalmente Demais”, ficaria melhor em sua versão original, da banda Hanoi-Hanoi, da década de 80. Daria um tom vintage, já que a mesma já teve uma regravação moderninha feita por Perlla em 2006 para “Cobras & Lagartos”, quando foi tema de Ellen, personagem de Taís Araújo. Essa segunda regravação, agora com Anitta, soa estranha, já que a cantora bate ponto em todos os programas da emissora.

A pergunta que não quer calar é: por que foram para a Austrália gravar cenas de um ensaio fotográfico, sendo que, aparentemente, o país nada tem a ver com a história? Os personagens ficaram o tempo todo só fazendo selfies. Com a cotação do dólar em alta, por que não fizeram esse ensaio em alguma das muitas praias paradisíacas do Brasil?