Em sua primeira semana no ar, “Totalmente Demais”, novela
das sete da Rede Globo que estreou na segunda-feira (9), apresentou os ingredientes
que já fazem parte da receita de bolo da maioria dos folhetins exibidos no
horário: uma pitada de humor, uma boa dose de glamour e romances a gosto. E a
cereja ficou por conta do drama da protagonista, que sofre assédio moral e
sexual do padrasto. Um tema sério que merece ser tratado com cuidado e atenção e
que está sendo muito bem representado através das excelentes interpretações de
Marina Ruy Barbosa, como a jovem Elisa; de Paulo Rocha, o algoz Dino, e também
de Leona Cavalli, no papel de Gilda, a mãe submissa e dependente do marido que sofre
por não ter coragem de defender a própria filha.
O primeiro capítulo fez a tradicional apresentação
dos personagens principais de forma ágil e inteligente, pois permitiu logo de
cara que o público logo entendesse a história de cada um e o tipo de
envolvimento entre eles. Juliana Paes está convincente como Carolina, a poderosa
editora de uma famosa revista de modas, embora fique muito clara sua inspiração
em Meryl Streep em “O Diabo Veste Prada”. Nada que prejudique, ao contrário,
até valoriza a personagem, mas tem que cuidar para não cair no exagero.
Assim como Fábio Assunção, que parece ter dado uma
repaginada no Jorge, o empresário dono de boate de “Tapas & Beijos” para
fazer de Arthur, o empresário dono de uma agência de modelos, um bon vivant mais chique. E também mais
inconsequente, como mostrou nas cenas em que o personagem apareceu dirigindo em
altíssima velocidade e fazendo manobras perigosas ao cortar dois caminhões que
estavam em sentido contrário na rodovia. Péssimo exemplo e referência
desnecessária para um galã.
Muito bem está Felipe Simas como Jonatas, o jovem
que abriu mão da vida fácil na casa da família para viver nas ruas vendendo
balas nos sinais de trânsito de dia e atuando como flanelinha à noite. O fato
de não ter o protótipo de beleza arrebatadora que geralmente é esperado para um
protagonista pode até estar valorizando ainda mais a forma como o ator está
sabendo fazer por merecer o desafio que lhe foi dado. Afinal, o concorrente de Jonatas
para conquistar Eliza será ninguém menos do que Arthur.
O mesmo vale para Daniel Blanco representando
Fabinho, o filho do casal Germano (Humberto Martins) e Lili (Viviane
Pasmanter), que tem papel chave na questão ambiental defendida pelos jovens
contra as indústrias de cosméticos. Tema factual que deve continuar sendo
atualizado.
O mesmo não é possível falar de Samantha Schmutz,
que está sofrendo da mesma síndrome de Tatá Werneck quando ganhou um papel de
destaque em “I Love Paraisópolis” e atuava como se estivesse em um programa de
humor e não em uma novela. A atriz pode e deve imprimir em Dorinha sua veia
cômica, mas não pode esquecer nunca de que ali não é o “Zorra Total”.
A abertura também deixou a desejar. O clipe de
imagens parece mais uma abertura de “Malhação”. E o tema musical, “Totalmente
Demais”, ficaria melhor em sua versão original, da banda Hanoi-Hanoi, da década
de 80. Daria um tom vintage, já que a
mesma já teve uma regravação moderninha feita por Perlla em 2006 para “Cobras
& Lagartos”, quando foi tema de Ellen, personagem de Taís Araújo. Essa segunda
regravação, agora com Anitta, soa estranha, já que a cantora bate ponto em
todos os programas da emissora.