terça-feira, 25 de agosto de 2015

“Malhação – Seu Lugar No Mundo”: Nova temporada traz temas atuais, dramas adultos e jovens afinados na interpretação


Em sua vigésima terceira temporada, “Malhação” galga mais um degrau no amadurecimento que vem mostrando pouco a pouco nesses 20 anos no ar. Não por menos o autor atual é Emanuel Jacobina, que também escreveu as histórias que foram ao ar entre 1995 e 2001 e entre 2010 e 2011. Os alunos cresceram, e Jacobina mostra que acompanhou esse crescimento com um olhar atento e uma sensibilidade aguçada. “Malhação – Seu Lugar No Mundo”, que estreou há uma semana, na segunda-feira (17), está longe de ser mais uma história focada no umbigo de jovens novatos protagonistas sedentos por atingirem o estrelato dentro e fora da ficção.

Quando assisti ao primeiro capítulo pensei: “Pronto, lá vem mais uma banda e mais uma temporada de cantoria como já teve em outras anteriores”. Mas não foi o que aconteceu. Em dois toques o desenrolar mostrou que vinha pela frente uma história que trata os jovens como gente grande. Como todo adolescente, desde sempre, quer ser tratado. Agora, graças à destreza com que lidam com as novas tecnologias, eles puderam se colocar de forma mais autônoma no mundo e ter seu lugar aos poucos ser reconhecido sem a mesma resistência que havia na era pré-internet.

Mas, é claro, há outros dilemas a serem vivenciados. Alguns novos, outros, nem tanto. Como é o fato de se estar mostrando as diferenças entre o universo da escola pública e o da escola particular. A discussão é nova na novela, mas muito antiga na vida real. Assim como a questão do bullying, violência física ou psicológica que acontece desde os primórdios dos tempos escolares, mas que só ganhou atenção e destaque real depois que foi descrita através de uma expressão inglesa. O que vale é a forma como esses temas estão sendo tratados. E, sem dúvida, com um cuidado e um pano de fundo que ajuda a atrair a atenção e a valorizar os assuntos.

Dentre os veteranos que estão no elenco, destaque para Vanessa Gerbelli, que vem emocionando como Vanessa, mãe de três filhos que passa pela dor de perder o mais velho em um acidente de carro. Solange Couto ainda faz lembrar muito a sua Dona Jura de “O Clone”, mas sua personagem, Dona Vanda, promete ainda provocar muita rejeição do público pelo fato de maltratar o filho mais velho para privilegiar o mais novo, que vive aprontando e tem vergonha da própria mãe por serem de uma família pobre. Já os atores novatos chegaram bem afiados na interpretação. Mas nenhum que mereça ser apontado como uma grande revelação. Pelo menos por enquanto.

Comentários à parte da trama de “Malhação”: por que novelas gravadas no exterior sempre dão crédito aos países que serviram de locação para as cenas dos primeiros capítulos e cenas gravadas no Brasil fora do eixo Rio-São Paulo, que também não são tão conhecidas do grande público, não ganham o mesmo tratamento? As cenas de alpinismo dos personagens de Nicolas Prattes e João Vithor Oliveira nos dois capítulos de estreia foram gravadas em Arraial do Cabo, Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Por que não contribuir para o turismo interno e dar o devido crédito a esses lugares nas cenas? O mesmo vale para a novela das seis, “Além do Tempo”, que explora a Serra Gaúcha sem nem ao menos citar as cidades que servem de locação para ambientar a história. Fica a pergunta.


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 http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/07/malhacao-elenco-jovem-se-mostra.html