sábado, 29 de agosto de 2015

“Babilônia”: Constrangedor, final não merece crítica e reações mostra que público não se deixa mais enganar com situações surreais



Se alguém suspendeu os jardins da Babilônia, com certeza não foram os autores da novela das nove da Rede Globo que chegou ao fim nessa sexta-feira (28). O último capítulo foi tão constrangedor que nem merece uma crítica. Mas reação nas redes sociais serve como alerta para autores em geral saberem que o público não se deixa mais enganar facilmente com situações que não correspondem à realidade. Por mais liberdade poética que exista, é triste, é quase cruel para quem se dedica a tecer análises sobre obras da teledramaturgia deparar-se diante de um desfecho que foi a pá de cal para uma novela que nunca foi o que nem ela própria se propunha a ser.

Aí se apegaram nesse papo de que a história se perdeu porque houve uma rejeição a um beijo gay entre senhoras da terceira idade e que tiveram que mudar os rumos da história. Ah, por favor... Essa desculpa está tão esfarrapada e a prova de que não condiz com a realidade está no fato de que o público aceitou, sim, a relação entre Ivan e Sérgio. E olha que nessa relação não existia apenas o fato da homossexualidade, mas também a questão racial, já que Ivan é negro e veio da favela.

Chega de dizer que o telespectador é que é racista, preconceituoso ou outro “adjetivo” mais que sirva de argumento para justificar o fracasso de uma novela que não agradou desde a primeira semana no ar. Não agrada uma trama que não conte uma história com os elementos que realmente tragam uma mensagem que toque no emocional do telespectador, mas que não seja um emocional babaca. Tem que traduzir a realidade, mas sem ser um telejornal. Tem que ter dramaturgia, mas sem ser um “Linha Direta”.

A audiência é feita de gente de todas as cores, todos os credos, todas as condições sexuais. A audiência é feita de gente. Pura e simplesmente assim! Essa falta de identidade do público com as obras que têm sido exibidas não é de hoje. A saída para isso? Por favor, escrevam histórias para gente como a gente e o resultado será outro. Deixem de lado essa preocupação de colocar acima de tudo a preocupação em defender bandeiras para provocar polêmica pura e simplesmente. O tiro pode sair pela culatra. Se quiserem, podem até fazer sessão de análise no momento da criação. Mas deixem seus talentos de escritores fluírem com base no universo geral que existe à sua volta e não apenas dentro de suas coberturas. E, por favor, não tentem fingir conhecimento sobre um universo que está longe de suas realidades e sobre o qual não pesquisaram com profundidade. O tal “laboratório” não serve apenas para atores, deve ser lição de casa para autores também.



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