domingo, 29 de março de 2015

"Big Brother Brasil 15": Muitos não admitem que assistem, mas nas vezes que viu deve ter identificado atitudes e comportamentos de alguém que circula pelo prório universo


Ok, não vou repetir o óbvio nem requentar uma discussão que começou a se esboçar há 15 anos e de lá para cá não saiu do lugar comum. Estou falando sobre o "Big Brother Brasil". Com certeza eu também não vou falar nenhuma novidade. Quem tem tal pretensão está caindo no mesmo ledo engano que caem os prováveis possíveis candidatos que são escolhidos para tal jogo. Aqui, ali ou acolá ninguém tem razão, ninguém é dono da verdade, ninguém é original. Porque as pessoas se repetem, as histórias de cada um valem um filme, sim, mas isso não é privilégio de ninguém e não existem verdades absolutas. Cada um tem a sua verdade, a sua história, que conta ou oculta conforme a situação.

Mas, deu vontade de escrever sobre o que tenho visto. Nessa edição, sem dúvida, houve uma preocupação em se buscar perfis inusitados para serem misturados aos perfis corriqueiros. A maioria dos corriqueiros já saiu. Poucos inusitados ficaram. E aí, o público vai dar o prêmio ao melhor. Ou não... Confesso que esse papo de votos "auditados" por tal e qual empresa não me convencem.

Enfim, não vou repetir aquele papo de intelectualóides de plantão que na ânsia de falar sobre um reality show ficam discorrendo filosoficamente para não assumir que assistem ou já assistiram, sim, esse tipo de programa. E é nesse tipo de programa que identificamos qualidades e defeitos com os quais convivemos no nosso dia-a-dia. É a verdade e a mentira escancarada ou disfarçada sorrateiramente. É a pessoa que um dia diz uma coisa e no outro se esquiva dizendo que "não disse" ou "não lembra que disse". Pior ainda ainda é quando finge não lembrar de algo que fez.

Muitas pessoas podem não acompanhar ou não admitir que acompanham ou já assistiram ao "Big Brother Brasil", mas com certeza, em alguma vez que assistiu, "por acaso",  deve ter identificado atitudes e comportamentos de alguém que circula pelo seu próprio universo, seja no meio familiar, seja no grupo de amigos, seja no ambiente de trabalho... Ou não???

Na boa, para se criticar alguma coisa, programa ou seja lá o que for, a pessoa tem que ter algum conhecimento sobre o mesmo. Então, esse papo de que nunca viu não cola. Se nunca viu, não tem embasamento para comentar! Se viu, assuma que viu! Isso dará maior credibilidade à opinião manifestada.

Essa décima quinta edição está trazendo um personagem ímpar: Adrilles! Uma pessoa que, literalmente, pira ao se ver confinado em meio a jogadores natos que já entraram com uma história pronta a ser contada. Por mais preparado que supostamente julgasse estar, Adrilles é o personagem mais perdido e autêntico em uma história onde o que vale é o merchan. Mas não confio que vá muito longe. Até porque, há 14 anos me decepciono com o resultado do "BBB".
Será que vai ser diferente dessa vez?


Mais "Big Brother Brasil" em:
https://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/01/bbb-12-faltou-explicar-ao-publico-o.html




domingo, 22 de março de 2015

“Babilônia”: Com texto excepcional e temas atuais, primeira semana divide o público entre amor e ódio por relação homoafetiva entre mulheres na terceira idade


Em apenas uma semana no ar, “Babilônia”, nova novela das nove da Rede Globo, já conseguiu o que outras não conseguiram nem em meses: despertar sentimentos de amor e ódio no público, ambos com a mesma intensidade. De autoria de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, a história mescla cenas fortes, texto contundente e situações polêmicas. Logo na estreia, na segunda-feira (16), já se viu Beatriz, em mais uma interpretação magistral de Glória Pires, matando com um tiro a sangue frio o amante para escapar da chantagem feita por Inês, vivida por Adriana Esteves, que promete se superar depois da sua marcante Carminha de “Avenida Brasil”. Ponto para as duas atrizes que prometem viver um duelo de titãs, como ficou comprovado durante a semana, não apenas pelo talento de ambas, mas também pelo texto primoroso dos autores. Como não se deliciar quando Inês fala: “Você sabe o que é ser advogada num país sem Justiça?”. E, em outro momento, é a vez de Beatriz afirmar com ironia: “O bom advogado é o que conhece as leis. O excelente advogado é o que conhece os juízes!”. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Ainda no primeiro capítulo, Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg protagonizaram um beijo na boca, já que suas personagens, Teresa e Estela, respectivamente, formam um casal da terceira idade assumidamente vivendo uma relação homoafetiva. O que mexeu com a ala mais conservadora ou menos preparada para ver na prática o que tem ouvido só na teoria ou ainda que não aceita que esse tipo de condição sexual não é uma invenção das novas gerações.

Fora essa polêmica (?), o que vale mesmo é que a novela no seu todo traz críticas sociais e políticas claramente expostas através da maioria de suas personagens. Não é nem preciso ir muito longe para se encontrar na vida real exemplos semelhantes a Aderbal Pimenta, o político corrupto vivido por Marcos Palmeira. Nem de cafetões disfarçados de príncipes que circulam pela capital carioca como é o caso de Murilo, personagem de Bruno Gagliasso, que, diga-se de passagem, ainda está muito preso ao seu perfil em “Dupla Identidade”. Camila Pitanga também poderia buscar um tom que não torne a sua Regina, que tem tudo para ser uma mulher forte diante do que já viveu e continua vivendo, em uma mocinha boba que aceita tudo com um sorriso congelado porque quer passar a imagem de que é muito legal morar na favela e ser mãe solteira da filha de um homem casado que a enganou. No caso, Luís Fernando, vivido por Gabriel Braga Nunes, que está se repetindo ao dar ao personagem nuances de Leo, trabalho que marcou sua volta à Globo em “Insensato Coração”. Já Sophie Charlotte deixou para trás a Duda do remake de “O Rebu” e voltou repaginada na pele da Alice Junqueira, filha de Inês que promete ainda causar muito. A atriz não deixou a dever em nada nos embates que teve até aqui com Adriana Esteves. A cena do aborto espontâneo da personagem foi realizada com a delicadeza indispensável ao momento.

Em termos de direção geral e de arte, iluminação, figurino e cenografia, a novela ainda não trouxe nenhuma grande inovação, mas tem sabido aproveitar muito bem todas as locações, tanto nas imagens iniciais feitas em Paris, na França, e em Dubai, nos Emirados Árabes, quanto nas sequências cotidianas em bairros e praias do Rio de Janeiro e, especificamente, na favela Babilônia, localizada no bairro do Leme, Zona Sul carioca. Felizmente não optaram pelo óbvio de colocar como tema da abertura a música “Rio Babilônia”, de Jorge Bem Jor, nem “Babilônia Rock”, de Fernanda Abreu, ou “Jardins da Babilônia”, de Rita Lee. O samba “Pra Que Chorar”, de Vinícius de Moraes e Baden Powell, cantado por Mart’nália, encaixou perfeitamente. Mais um dos muitos pontos a favor. Aguardando os próximos capítulos que, esperamos, ainda venham nos surpreender, assim como continuamos pedindo que esse (novo?) Brasil mostre sua cara.





domingo, 15 de março de 2015

“Império”: Cenas de ação e emoção e com interpretações magistrais coroaram o último capítulo da novela de Aguinaldo Silva


O último capítulo de “Império”, novela das nove da Rede Globo, exibido na sexta-feira (13) e reprisado no sábado, deixou no ar a sensação de se estar assistindo à estreia de uma história terminando, mas que foi concluída como se estivesse começando. O recurso utilizado pelo autor Aguinaldo Silva de encerrar com uma aparição no melhor estilo ghost na cena final pode até ter virado motivo de meme na internet, mas não foi uma inovação. O mesmo já foi muito utilizado no cinema para o público ficar em dúvida sobre o verdadeiro final do filme. Assim como matar o protagonista maior, Zé Alfredo, numa interpretação irretocável e excelente de Alexandre Nero, também não foi um marco. Afinal, Aguinaldo foi mais um a repetir o gesto ousado e inédito de Janete Clair, há exatamente 40 anos, quando matou Carlão, personagem de Francisco Cuoco, na versão original de “Pecado Capital” (1975).

Muito mais do que mostrar desfechos de tramas paralelas, evidenciou características humanamente compreensíveis de cada personagem, inerente de serem qualidades ou defeitos. O autor soube fazer isso de uma forma sutil, mas através de atitudes e reações viscerais. E valeu mesmo o turbilhão de ações que pontuaram o capítulo final, dando o devido destaque aos personagens principais e a oportunidade de seus intérpretes darem um verdadeiro show em cena, como foi o caso de Othon Bastos, Caio Blat, Leandra Leal, Carmo Dalla Vechia, Tato Gabus e Zezé Polessa. Sem falar na oportunidade dada às atrizes Dani Barros, a Lorraine, e Viviane Araújo, a Naná, de mostrarem que souberam agarrar com garra a oportunidade que lhes foi dada. Já falar de Lilia Cabral seria chover no molhado. A atriz já tem garantida sua posição na galeria de grandes damas de novelas.
No mais, discorrer sobre os 203 capítulos seria tão cansativo como são aqueles períodos de “barriga” das novelas. Rei morto, rei posto, vamos agora rumo à “Babilônia”.


Mais "Império" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2014/11/imperio-paulo-vilhena-mostra-maturidade.html

sexta-feira, 13 de março de 2015

“Sete Vidas”: Com texto e direção refinados, além de elenco afinado, novela das seis traz amadurecimento digno de horário nobre


Depois de um passeio pelos anos 70, embalado pelo som e visual da época mostrada em “Boogie Oogie”, “Sete Vidas”, que estreou na segunda-feira (9), já mostrou em sua primeira semana que os tempos são outros e que chegou a vez de o horário das seis ganhar uma história com jeito de gente grande na Rede Globo. De autoria de Lícia Manzo e Daniel Adjafre, a novela vem mostrando a cada capítulo um texto maduro, diálogos bem elaborados sem cair no trivial das conhecidas frases de efeito e tramas bem costuradas, encerrando cada bloco de forma inteligente, deixando o famoso “gancho”, que deixa no telespectador o desejo de saber o que virá depois. O toque retrô ficou apenas nos detalhes das imagens do clipe de abertura ao som de “What A Wonderful World”, de Louis Armstrong, cantada por Tiago Iorc.

Conta a favor o elenco enxuto e muito bem escalado, com Débora Bloch e Domingos Montagner numa sintonia que fez o público ficar torcendo pelo casal Lígia e Miguel logo nas primeiras cenas. Espera-se, no entanto, que com o afastamento dos dois, devido a uma falsa morte do biólogo, eles não acabem caindo naquela batida mesmice de amores mal resolvidos que se arrastam até o último capítulo.

Destaque também para Malu Galli interpretando Irene, uma mulher forte, segura e preocupada com a irmã, Lígia, e para Cláudia Mello, que, no papel da sofrida Guida, já deixou no ar a deixa de que conhece o grande segredo de Marta (Gisele Fróes). Certamente tem a ver com a real paternidade de Júlia (Isabelle Drummond) que em algum momento será revelado para permitir que a jovem possa viver um romance com Pedro (Jayme Matarazzo), de quem ela pensa ser meia irmã.

Sem grandes malabarismos dramatúrgicos, os principais ingredientes para um bom folhetim estão lá. E a receita ainda tem a mão de Jayme Monjardim na direção geral. As imagens captadas na Patagônia Argentina não só mostraram com riqueza o ambiente formado por geleiras, icebergs e animais marinhos, como traduziram bem a emoção da viagem feita pela equipe para registrar as cenas. As sequências do acidente com o barco de Miguel sob uma tempestade em alto mar, que foram ao ar nos capítulos de quarta e quinta-feira, apesar de serem de ação, tiveram o tempo, o som, as cores e a suavidade característicos da assinatura de Monjardim. Agora é torcer para que os próximos mantenham a qualidade e o ritmo vistos nesses primeiros capítulos.




domingo, 8 de março de 2015

“Boogie Oogie”: De volta aos anos 70, novela conclui viagem com competência evidenciada em texto, atuação do elenco e cuidado da direção em todas as áreas


O autor Rui Vilhena carimbou com visto de ouro a viagem feita aos anos 70 em “Boogie Oogie”, novela das seis da Rede Globo que chegou ao fim nessa sexta-feira (6). A história trouxe ingredientes já vistos em folhetins tradicionais, como troca de bebês, homens infiéis, mulheres traídas sedentas de vingança, entre outros, mas realizada de uma forma eficaz, dando ao corriqueiro um toque clássico. A ideia de fazer um desfecho que remeteu a situações semelhantes às do capítulo de estreia foi bem elaborada, sem cair na mesmice e encerrando cada bloco com ganchos, como aconteceu nos finais dos capítulos ao longo da novela.

O lance do mistério envolvendo o grande segredo de Carlota, brilhantemente interpretada por Giulia Gam, também é um trunfo ao qual a maioria dos autores se apega em suas novelas, mas nem todos conseguem manter o fôlego de não deixá-lo cair no lugar comum, como fez Rui Vilhena, com as investigações flutuando ora com um personagem, ora com outro.

Destaque para a excelente caracterização, que engloba figurinos, acessórios, cabelos e maquiagens, e também para a direção de arte e cenografia, minuciosa nos detalhes de época. Assim como para a trilha sonora escolhida a dedo e que embalou tanto os saudosistas daquela época quanto a nova geração que só agora tomou contato com sons como o tema de Sandra (Ísis Valverde) e Rafael (Marco Pigossi), “Your Song”, música composta por Elton John no final dos anos 60 e lançada em 1970.

A sintonia existente entre todos no elenco com certeza foi sentida na entrega de cada um a seu personagem. Bianca Bin, que já tinha se saído bem como vilã no remake de “Guerra dos Sexos”, em 2012, dessa vez se superou como Vitória, uma menina mimada má, mas também com demonstrações de humanidade que tiveram seu ponto alto no final, ao ser a heroína salvando Sandra, sua maior rival na disputa pelo amor de Rafael. Assim como foi o caso de Alessandra Negrini, que fez de sua Suzana uma mulher muito mais irresponsável e destrambelhada do que mesmo maquiavélica, quase incorporando sua marcante Engraçadinha.

Delícia também foi ver o reencontro de Betty Faria e Francisco Cuoco em cena. Não teve como não recordar do par romântico que fizeram na primeira versão de “Pecado Capital”, em 1975, como Lucinha e Carlão, respectivamente. E, para concluir a viagem em grande estilo, foi divertida e tudo a ver com toda a novela a ideia de reunir o elenco se esbaldando na pista de dança da Boogie Oogie. Isso após Carlota ter recuperado as jóias escondidas no túmulo do falecido marido bandido e partido sozinha para a Europa deixando uma carta que encerrava com a emblemática frase que justificou toda sua trajetória: “Dane-se o amor!”.