terça-feira, 3 de outubro de 2017

“Tempo de Amar”: Com direção artística deslumbrante, texto irretocável e elenco estelar, novela traz padrão de horário nobre


“Tempo de Amar” completa uma semana no ar mostrando que tem tudo para entrar para a galeria de tramas de época com alto padrão de qualidade, apresentando uma história simples, porém envolvente, interpretações irretocáveis e uma fotografia deslumbrante. Com uma textura cinematográfica, a novela das seis da Rede Globo que estreou na terça-feira (26 de setembro) traz a marca registrada da direção artística de Jayme Monjardim através da suavidade na luz obtida através de filtros devidamente dosados e da leveza de cada movimento de câmara. E essa linguagem visual veste perfeitamente a história de autoria de Alcides Nogueira, que tem todos os ingredientes dos bons e autênticos folhetins, como amores proibidos, traições, personagens marcados por tragédias ou por segredos do passado, discursos políticos, religiosidade e a disparidade entre classes sociais. A sucessão de acontecimentos dá agilidade e reforça as tramas dramáticas, assim como o texto pausado valoriza e dá força aos diálogos.

Ambientada em 1927 e baseada no livro “Amor e Morte”, de Rubem Fonseca, e tem como eixo principal a história de amor de Maria Vitória (Vitória Strada) e Inácio (Bruno Cabrerizo), que vivem em Portugal. Ela é a menina rica, órfã de mãe e filha do rico produtor de uvas José Augusto (Tony Ramos), que se revolta ao saber que ela está esperando um filho rapaz, morador de um vilarejo, que partiu para Brasil em busca de novas oportunidades no Rio de Janeiro, sem saber da gravidez da amada. E aí começa os desencontros do casal. A aposta em dois atores praticamente desconhecidos do grande público para protagonizarem o casal romântico da novela foi um acerto, pois dá um frescor novo aos personagens. Gaúcha, Vitória, de 20 anos, está estreando em televisão, enquanto Bruno, de 38, é um ex-jogador de futebol carioca que desistiu do esporte e foi para a Itália trabalhar como modelo, ator e apresentador de TV. A sintonia entre os dois no vídeo foi imediata, não permitindo nem que a diferença de idade fosse percebida.

Com um elenco de primeira grandeza, nesses sete primeiros capítulos Marisa Orth foi um dos destaques interpretando a fadista Celeste Hermínia, mulher correta, mas que se submete há 30 anos à condição de amante do Conselheiro Francisco Alcino (Werner Schünemann), que vive preso ao compromisso de cuidar da esposa doente. Marcada mais por personagens com perfil cômico, a atriz vem surpreendendo com um trabalho emocionalmente dramático. Ocupando a posição hors concour está Regina Duarte, emprestando todo seu talento, experiência e versatilidade a Madame Lucerne, a cafetina francesa que brilha no palco e circula com desenvoltura pelo salão da sua Maison Dorée. Mas ela também guarda segredos não confessados nem nas visitas que faz à igreja camuflada de viúva. Sem dúvida, a atriz brilhando nos cenários do Rio Antigo e Tony Ramos nas locações que representam a cidade fictícia de Portugal contribuem para tornar nobre o elenco do horário.