Ao não dar nem ao menos uma nota coberta sobre a
morte de Russo, o assistente de palco que trabalhou por quase 50 anos na Rede
Globo, o “Jornal Nacional” desse sábado (28) mais uma vez mostrou não apenas
uma falta velada de comprometimento com a notícia como uma total falta de
sensibilidade com aqueles que fazem parte da história da própria emissora.
Independentemente de questões pessoais, o contrarregra, demitido em 2015, fez
parte da história da televisão brasileira ao lado de nomes como Chacrinha, Xuxa,
Fausto Silva e Luciano Huck, que através da internet dedicou a ele o “Caldeirão”,
deste sábado, que estava gravado. Faustão, no “Domingão”, ao vivo, também fez
seu registro, lamentando a morte aos 85 anos do operador de microfones Antônio
Pedro da Silva: “Ele trabalhou 46 anos na Globo com muita competência e
dignidade”, afirmou o apresentador. E muitos outros artistas, da Globo e de
outras emissoras, prestaram suas homenagens a Russo através das redes sociais,
inclusive com repercussão no portal sobre celebridades que faz parte do grupo.
Não é de hoje que é perceptível a diferença tanto da
linha editorial quanto do carisma dos apresentadores do “Jornal Nacional” em
relação aos demais telejornais da emissora. E é incompreensível como o “JN”
continue sendo tratado como carro-chefe do jornalismo da Rede Globo. E, como
tal, continue tendo o poder de ditar as regras em relação aos demais
telejornais da casa. Até porque é gritante a diferença que há entre a forma
como uma mesma informação veiculada no “JN” é tratada no “Bom Dia Brasil”, no “Jornal
Hoje” e no “Jornal da Globo”. Lógico que pesa a visão dos respectivos
editores-chefes. E também da postura dos apresentadores.
Como a morte de Russo
aconteceu em um sábado, é claro que a decisão sobre a cobertura ou não do fato ficou
por conta da chefia do “JN”. Portanto, cabe à editoria do mesmo toda a
responsabilidade pela omissão do fato.Talvez já esteja na hora de tirar do telejornal, que tem a figura de William Bonner como marca registrada tanto como editor-chefe quanto como apresentador, uma representativa que ele já não tem mais. Desde a era da internet, a notícia não tem mais horário nobre. A informação está no ar o tempo todo. E se a direção do Jornalismo da Globo não tirar o “Jornal Nacional” de um pedestal que não lhe pertence mais, a derrocada poderá ser lenta, mas cada vez mais constrangedora através da reação das redes sociais.
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