sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

“Amor e Sexo”: Estreia trata feminismo com velhos chavões, censura opinião masculina e não traz contribuição à luta das mulheres


O tema para a largada da nova temporada de “Amor e Sexo”, Feminismo x Machismo, não é novo, pelo contrário, mas sempre desperta interesse e rende polêmicas. No entanto, o assunto não foi bem desenvolvido, virou mais uma repetição de chavões já batidos, sem inovação e sem um comprometimento responsável na estreia que foi ao ar nessa quinta-feira (26), na Rede Globo. Culpa de Fernanda Lima? Não. Percebeu-se claramente que a apresentadora estava apenas seguindo o texto escrito pela equipe de roteiristas e atendendo a linha desejada pela direção. Só que no conjunto bateu-se na mesma tecla de forma repetitiva, sem trazer qualquer tipo de inovação ou contribuição.

Para piorar, caiu na radicalização ao não deixar os representantes masculinos que fazem parte do programa se manifestarem. Foi constrangedor ver Otaviano Costa, José Loretto e Dudu Bertholini com tarjas na boca para não opinarem. Otaviano, que não chega a ser uma presença muito atraente, até quis mostrar um pouco de personalidade ao tentar contestar o fato de não poder expressar seu apoio à causa. E Fernanda Lima, ligada no automático e apoiada por Mariana Santos, Gabi Amaranto e Karol Conka, nem quis ouvir e seguiu o roteiro exatamente como segue cada passo das coreografias preparadas especialmente para ela sensualizar diante das câmeras.

O que deveria ser um esclarecimento de novos conceitos só reforçou velhos rótulos ao buscar o velho e ultrapassado sutiã como símbolo. Uma pena que com tantas convidadas representando a luta pelos direitos das mulheres – que, aliás, nem foram devidamente identificadas no ar - como a roteirista Antônia Pellegrino e Djamila Ribeiro, secretária-adjunta dos Direitos Humanos, Fernanda ficou batendo na tecla de que é preciso avançar na luta, quando ela própria não avançou em nada na questão através do seu programa. E para tornar a discussão ainda mais fanfarrona teve as participações de Eduardo Sterblitch (aquele ex-Pânico) fazendo uma desconstrução machista ridícula e da atriz Grace Gianoukas vestida de Clitônia.

A única cereja nesse bolo foi mesmo a presença sempre reverenciável de Elza Soares. E a cantora arrasou até no bate pronto da entrevista em que a apresentadora deixa no ar para ela completar: “O que nunca disseram de você...”. E Elza respondeu prontamente: “O que nunca disseram eu nunca ouvi, porque nunca disseram, né?”.
E Fernanda Lima encerrou o programa com aquela naturalidade artificial de quem está sempre lendo o texto pronto no teleprompter... Ou seja, sobre o que não está no script ela não fala, porque não escreveram...


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