Qualquer análise sobre a estreia de “Adnight”,
programa comandado por Marcelo Adnet na Rede Globo, nessa quinta-feira (25),
poderia começar com uma palavra: constrangedora. A apresentação especial feita
pela emissora na semana passada já tinha dado sinais de que não havia motivo
para se criar grande expectativa em relação à nova atração. Mas o público
sempre alimenta a esperança de ser surpreendido. De preferência que seja uma
surpresa positiva. Não foi o que aconteceu.
Esse estilo stand-up comedy almofadinha na TV já virou
zona de conforto para comediante de palco que não sabe realmente se virar
diante de uma câmera voltada diretamente para ele. No teatro é muito mais fácil
distrair o espectador e até desviar a atenção dele para quem também está na
plateia ou para qualquer outra coisa que não seja o próprio artista. Na
televisão não dá. O telespectador está focado na imagem do monitor e precisa
ser cativado para assim continuar. Adnet mostrou despreparo e insegurança para
ser dono do seu programa.
Para começar, seu primeiro convidado é ninguém menos
do que Galvão Bueno. E Adnet justifica dizendo que é para “matar a saudade” da
Olimpíada. Como assim? Os jogos olímpicos acabaram há apenas quatro dias, será
que alguém realmente está sentindo saudade do Galvão? Por favor, só
gritando “Cala a boca, Adnet!”. Aí entra Daniela Mercury, Reginaldo Lemos e
Arnaldo Cézar Coelho para participar de um quiz com perguntas bobas sobre o
narrador-comentarista. Para quê?
Aí, alguém teve a ideia esdrúxula de colocar apresentador
e entrevistado para pisar em uvas dentro de uma tina enquanto, entre uma
pergunta e outra, Adnet quer saber com quantos anos Galvão perdeu a
virgindade... Oi? Depois vem uma dança de tango fora de hora, só para a mulher
do comentarista esportivo fazer uma aparição relâmpago. E em seguida, num mico
completamente fora de contexto, Galvão, Adnet e Arnaldo Cézar Coelho se vestem
de faraó para fazer uma selfie, fingindo que estão no Egito. O que tinha no
vinho que eles beberam antes???
Não bastasse ser mais um programa com o formato batido
de ter uma banda musical de prontidão no palco, as letras das músicas que
pontuam os momentos da entrevista ganharam sempre uma versão que deveria ser
cômica, só que nenhuma teve a menor graça. O apresentador, absurdamente perdido,
parecia um bobo tentando agradar a corte. O auge do amadorismo e da falta de
noção foi a disputa de corrida em bichos de pelúcia de brinquedo, desses que têm
em shopping, pelos corredores dos estúdios da Globo, culminando com Adnet
gritando: “O nosso amor pelo Galvão em nome de todo povo brasileiro”. Alguém aí
deu procuração para o Adnet falar em nosso nome?
Independentemente do próximo convidado, ficou visível que Marcelo Adnet ainda precisa aprender muito para ser um apresentador e entender que ter um programa próprio exige responsabilidade muito maior do que ser apenas parte de um grupo de humoristas interpretando piadas em esquetes. Está faltando experiência na mesma proporção em que está sobrando deslumbramento com a nova função.
Mais Marcelo Adnet em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/04/o-dentista-mascarado-pouco-confortavel.html