terça-feira, 14 de abril de 2015

“Os Experientes”: Interpretações de Beatriz Segall e João Cortês e direção ágil para roteiro sensível marcam estreia da série


“A velhice é como uma sombra que vai cobrindo a pessoa, devagarinho...”, diz uma narração cobrindo a abertura do episódio “O Assalto”, que marcou a estreia de “Os Experientes”, sexta-feira (10), na Rede Globo. E a grande estrela dessa primeira história de uma série de quatro ficou por conta de Beatriz Segall, numa interpretação magistralmente emocionante e contidamente dramática. A seu lado, João Cortês, até então conhecido por ser garoto-propaganda ruivo de uma operadora de telefonia, não se deixou intimidar e mostrou talento diante da grande atriz.

Na história, seus personagens, Yolanda e Kléber, veem seus destinos se cruzarem durante um assalto a um banco onde a idosa senhora está fazendo uma transação e o jovem, que faz parte da quadrilha, acaba sendo deixado para trás pelos outros dois comparsas. Em meio às negociações com a polícia, ela, como médica, acaba se envolvendo com a história do ingênuo aprendiz de assaltante baleado enquanto trata do seu ferimento. E revela seus próprios dramas do passado.

A linguagem cinematográfica tensa deixa clara a assinatura de Fernando Meirelles na direção geral, ao lado de Gisele Barroco e também do criador da série, Quico Meirelles. Assim como já se viu em outras produções no cinema, como no filme “Tropa de Elite 2”, o episódio de estreia teve seu momento de crítica ao fazer uma paródia de programas policiais sensacionalistas da televisão, como “Brasil Urgente”, da Band, e “Cidade Alerta”, da Record, mostrando a transmissão do assalto ao vivo, conduzida por um apresentador histriônico e uma repórter esbaforida e inconveniente na ânsia de entrevistar as vítimas e o assaltante.

Com roteiro de Antônio Prata e Marcio Alemão, o programa não poderia ter título mais adequado, já que a ideia é tratar de um tema delicado que é o envelhecer, não apelando apenas para o lado sombrio, mas sim dando luz à ideia de que é possível se descobrir ou se reinventar nessa fase da vida. “O Assalto” deu uma mostra clara de que não é apenas o público adulto que será tocado, como os mais jovens também terão motivo para repensar a forma como tratam os mais velhos. Como nas sequências em que o desesperado Kléber chama Yolanda de “véia” e repete várias vezes que ela “não sabe nada da vida”. Enquanto a emocionada senhora está ali, dando a ele uma verdadeira lição de vida.


Outra série da nova programa de 2015:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2015/04/chapa-quente-ingrid-guimaraes-e-leandro.html