domingo, 12 de abril de 2015

“Chapa Quente”: Ingrid Guimarães e Leandro Hassum acertam o tom na dobradinha em nova série da Globo


Estreia de quinta-feira (9) na Rede Globo, “Chapa Quente” teve a árdua missão de ocupar um espaço na grade da emissora que durante anos foi campeão de audiência com a excelente “A Grande Família”, o que pode ter frustrado muitos órfãos da turma encabeçada por Lineu (Marco Nanini) e Nenê (Marieta Severo). Mas, fugindo de qualquer tipo de comparação, a nova série que gira basicamente em torno das aventuras e desventuras da cabeleireira Marlene, interpretada por Ingrid Guimarães, não deixou a desejar, já que teve muitas situações que cumpriram o objetivo de qualquer comédia: fazer rir. Ou, ao menos, sorrir.

À frente do elenco também estão Leandro Hassum, no papel de Genésio, o marido folgado e desempregado de Marlene, e Tiago Abravanel vivendo Fran, o assistente do Salão Marlene’s. Hassum, mais magro, eliminou peso mas não perdeu o tempo da comédia. Claro que está mais contido nas caretas exageradas que fazia em “Os Caras de Pau”, até porque a proposta agora é outra. E Tiago, apesar dos personagens sérios que já fez em novelas e da personificação de Tim Maia nos palcos, sempre deixou no ar seu potencial para o humor. Já Ingrid é sempre Ingrid Guimarães. Mas ela pode, pois consegue imprimir sua marca de forma sempre divertida. E sua dobradinha com Hassum promete. Afinal, individualmente os dois são campeões de bilheteria nos cinemas.

Renata Gaspar teve seu momento de destaque como Josy, a manicure noiva de um traficante que tem um caso com um policial. Mas a cereja do bolo no primeiro episódio foi mesmo a participação especial de Tonico Pereira irretocável na pele de um fiscal da prefeitura que aparece para multar o salão de Marlene, numa discreta homenagem à “Grande Família”, na qual o ator interpretava o hilariante Mendonça.

Ambientada no em São Gonçalo, município na região metropolitana do Rio de Janeiro, “Chapa Quente” tem a direção afiada de José Alvarenga Jr., conhecido por já ter dirigido comédias de sucesso como “Sai de Baixo”, “Os Normais” e “A Diarista”, entre outras. E o texto do também craque no gênero Claudio Paiva é naturalmente coloquial e temperado com pitadas de piadas sobre a realidade atual do país, como quando ironiza serviços públicos e política. A sensação é de que estamos ouvindo nossas próprias falas em conversas com amigos, como no diálogo entre Marlene e Fran: “Você acha que está fácil arrumar emprego no Brasil?”, pergunta a dona do salão de beleza, referindo-se ao marido desocupado. “Ué, liga pra Dilma, você não votou nela? De repente ela encontra um emprego pra ele. Tá assim de Genésio em Brasília”, responde Fran. Também muito factual a cena em que o sargento Bigode (Lúcio Mauro Filho) e seu subordinado, Noronha (Eduardo Estrela), aparecem “filando” comida no bar da Creuza (Ana Baird). É o que mais se vê nas ruas de qualquer cidade, na hora do almoço, viaturas estacionadas próximas a esses estabelecimentos e policiais saindo deles com suas quentinhas “de graça”.

Se a audiência não chegou a atingir índices satisfatórios, com apenas 17 pontos de média, é preciso lembrar que a série pega o horário com um ibope também aquém do desejado de “Babilônia”, que nesse dia registrou média de 25 pontos, bem abaixo do esperado para uma novela do horário nobre. Resta esperar para ver se haverá uma reação e se a chapa vai esquentar mesmo no segundo episódio.


Para lembrar Análise de outras séries de humor da Rede Globo:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/06/analise-das-series-de-humor-que.html