Estreia de quinta-feira (9) na Rede Globo, “Chapa
Quente” teve a árdua missão de ocupar um espaço na grade da emissora que
durante anos foi campeão de audiência com a excelente “A Grande Família”, o que
pode ter frustrado muitos órfãos da turma encabeçada por Lineu (Marco Nanini) e
Nenê (Marieta Severo). Mas, fugindo de qualquer tipo de comparação, a nova
série que gira basicamente em torno das aventuras e desventuras da cabeleireira
Marlene, interpretada por Ingrid Guimarães, não deixou a desejar, já que teve
muitas situações que cumpriram o objetivo de qualquer comédia: fazer rir. Ou,
ao menos, sorrir.
À frente do elenco também estão Leandro Hassum, no
papel de Genésio, o marido folgado e desempregado de Marlene, e Tiago Abravanel
vivendo Fran, o assistente do Salão Marlene’s. Hassum, mais magro, eliminou
peso mas não perdeu o tempo da comédia. Claro que está mais contido nas caretas
exageradas que fazia em “Os Caras de Pau”, até porque a proposta agora é outra.
E Tiago, apesar dos personagens sérios que já fez em novelas e da
personificação de Tim Maia nos palcos, sempre deixou no ar seu potencial para o
humor. Já Ingrid é sempre Ingrid Guimarães. Mas ela pode, pois consegue
imprimir sua marca de forma sempre divertida. E sua dobradinha com Hassum
promete. Afinal, individualmente os dois são campeões de bilheteria nos cinemas.
Renata Gaspar teve seu momento de destaque como
Josy, a manicure noiva de um traficante que tem um caso com um policial. Mas a
cereja do bolo no primeiro episódio foi mesmo a participação especial de Tonico
Pereira irretocável na pele de um fiscal da prefeitura que aparece para multar
o salão de Marlene, numa discreta homenagem à “Grande Família”, na qual o ator
interpretava o hilariante Mendonça.
Ambientada no em São Gonçalo, município na região
metropolitana do Rio de Janeiro, “Chapa Quente” tem a direção afiada de José
Alvarenga Jr., conhecido por já ter dirigido comédias de sucesso como “Sai de
Baixo”, “Os Normais” e “A Diarista”, entre outras. E o texto do também craque
no gênero Claudio Paiva é naturalmente coloquial e temperado com pitadas de piadas
sobre a realidade atual do país, como quando ironiza serviços públicos e
política. A sensação é de que estamos ouvindo nossas próprias falas em
conversas com amigos, como no diálogo entre Marlene e Fran: “Você acha que está
fácil arrumar emprego no Brasil?”, pergunta a dona do salão de beleza, referindo-se
ao marido desocupado. “Ué, liga pra Dilma, você não votou nela? De repente ela
encontra um emprego pra ele. Tá assim de Genésio em Brasília”, responde Fran.
Também muito factual a cena em que o sargento Bigode (Lúcio Mauro Filho) e seu
subordinado, Noronha (Eduardo Estrela), aparecem “filando” comida no bar da Creuza
(Ana Baird). É o que mais se vê nas ruas de qualquer cidade, na hora do almoço,
viaturas estacionadas próximas a esses estabelecimentos e policiais saindo
deles com suas quentinhas “de graça”.
Para lembrar Análise de outras séries de humor da Rede Globo:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/06/analise-das-series-de-humor-que.html