sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

“Tim Maia - Vale O Que Vier”: Realização impecável e atuação dos intérpretes de Tim Maia se destacam na série adaptada para televisão da cinebiografia do cantor


A Rede Globo acertou a mão ao abrir a programação especial de 2015 com uma adaptação para TV do filme “Tim Maia – Vale O Que Vier”, uma biografia do cantor, que foi lançado nos cinemas em 2014 e estreou na emissora nessa quinta-feira. 1º de janeiro. Feita para ser exibida em dois episódios, o segundo no ar na sexta-feira (2), a versão televisiva ganhou um tratamento diferenciado, com cenas inéditas e entrevistas exclusivas feitas com grandes nomes da MPB que fizeram parte da trajetória de Tim Maia. E esse foi um dos acertos do diretor Felipe Sá, da roteirista Patrícia Andrade e toda equipe envolvida na produção. Os depoimentos dados pelos cantores Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Jorge Ben Jor e Fábio, e pelo produtor musical Nelson Motta enriqueceram o programa, dando uma roupagem mais documental.

O papel de Tim Maia na fase jovem coube ao ator Robson Nunes. Já depois da fama, adulto, o cantor é interpretado por Babu Santana, que faz a narração da história, baseada no livro “Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia”, escrito por Nelson Motta em 2007 e levado para o cinema pelo diretor Mauro Lima. Os dois atores encarnaram com veracidade o papel, sendo que Babu Santana, no episódio de estreia, convenceu um pouco mais, talvez pela familiaridade que já tem com o personagem também vivido por ele no cinema. Vale destacar ainda a sintonia entre os demais atores do elenco, entre eles Alinne Moraes, Cauã Reymond, Laila Zaid, Nando Cunha e George Sauma.

A direção de arte está impecável na reconstituição de época, tanto nos cenários reproduzidos quanto na seleção de fotografias e vídeos buscados em arquivos. A edição também está ágil ao mostrar em pouco tempo todas as fases da vida de Tim, desde a infância entregando marmita na Tijuca, bairro da Zona Norte carioca onde nasceu, até o reconhecimento de seu talento, passando por todos os percalços e polêmicas que pontuaram sua trajetória, principalmente por seu temperamento irreverente e explosivo. E culmina ao mostrar o momento de consumo excessivo de álcool e drogas e o agravamento da obesidade do cantor, que morreu em 1998, após duas paradas cardiorrespiratórias.

A série, sem dúvida, é um trabalho de qualidade, à altura do talento artístico do “Síndico do Brasil”, apelido que Tim ganhou do amigo Jorge Bem Jor.