terça-feira, 17 de outubro de 2017

“Cidade Proibida”: Ambientada nos anos 50, série cria atmosfera de thriller, com elenco, fotografia e caracterização impecáveis


A mistura bem dosada do glamour da elite carioca com o estilo malandramente boêmio do Rio Antigo nos anos 50 é um dos grandes trunfos de “Cidade Proibida”, série semanal da Rede Globo que estreou dia 26 de setembro e terá 12 episódios. Baseada no livro “O Corno Que Sabia Demais”, de Wander Antunes, as aventuras do detetive Zózimo Barbosa (Vladimir Brichta), especializado em casos de adultério, ganharam a mesma linguagem de história em quadrinho do original na adaptada para televisão feita por Mauro Wilson, com um texto pontuado por uma ironia com sotaque de malandragem da época. As tramas, sempre envolvendo maridos desconfiados de estarem sendo traídos por suas mulheres, são simples, mas coerentes e com um humor leve, sútil e inteligente. A narrativa feita pelo próprio Brichta traz um clima meio Nelson Rodrigues, inclusive pelos inserts do imaginário do detetive, que se vê sempre seduzindo as esposas que investiga por suspeita de adultério. Também tem um quê de “Os Intocáveis” (seriado que fez sucesso na TV nos anos 60, 70), pontuando alguns momentos históricos da política, como o suicídio de Getúlio Vargas, mencionado no terceiro episódio, que foi ao ar nessa terça-feira (17).

A direção geral e artística de Maurício Farias valorizou ainda mais a série com uma caracterização clássica e requintada no universo da alta sociedade, e de uma simplicidade de extremo bom gosto nos ambientes onde realmente vivem Zózimo e seus três fiéis escudeiros: a prostituta Marli (Regiane Alves), o delegado Paranhos (Aílton Graça) e o malandro Bonitão (José Loreto). A sintonia entre o quarteto de protagonistas é latente na troca de olhares e nos gestuais. Depois de viver um cantor meio canastrão na novela “Rock Story”, Vladimir Brichta está conseguindo se redimir através de um personagem que realmente lhe permite uma interpretação mais convincente. E Regiane Alves acompanha o parceiro à altura, com suas caras e bocas de mulher romanticamente safada. Assim como Aílton Graça e Jorge Loreto deixam transparecer que estão se deliciando nesse trabalho.

Além do elenco fixo, a série ainda traz participações especiais a cada episódio, que sempre leva o nome da mulher que está no foco do detetive. O primeiro foi “Lídia”, a ex de Zózimo que virou criminosa tentando ficar rica vivida por Claudia Abreu; o segundo foi “Laura”, em que Mariana Lima fez a esposa infiel que acaba morta por um psicopata interpretado por Thiago Lacerda; e esse terceiro, “Paula”, que teve Giovanna Antonelli fazendo a carola que quase perde o marido, papel de José de Abreu, que deseja que ela volte a se comportar como a prostituta que era antes do casamento. Essas participações especiais sempre traem um novo realce a cada história. As próximas serão dos atores Mariana Ximenes, Fabíula Nascimento, Miguel Falabella e Lorena Comparato.



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