Talvez pela primeira vez a eliminação de um
participante do “Big Brother Brasil” tenha sido comemorada tanto pelos que
torciam por sua eliminação quanto por aqueles que admiravam sua postura no
reality show. Foi o que aconteceu nessa terça-feira (22), quando Rômulo teve uma
média de 65% de votos para deixar o programa. Talvez tenha sido também o
eliminado mais feliz por ter saído da casa. E, por mais estranho que pareça, a
eliminação foi o maior prêmio que ele poderia levar, já que ficou claro que
nesse jogo não há espaço para quem não se deixa corromper pelo sistema imposto
pelo programa. Tanto que até quem torcia por ele sentiu um alivio ao vê-lo não
se deixar mais levar por uma luta inglória contra cartas marcadas.
A cena mais bizarra e patética do programa foi
quando Rômulo ao se levantar do sofá para ir embora foi surpreendido por Marcos,
visivelmente alterado, pedindo a palavra para abraçar e dar um beijo no seu
rosto e ajoelhar-se diante do diplomata elogiando sua inteligência. O médico,
que acusa os outros de “fazerem VT” para as câmeras, não perdeu a chance de dar
o seu showzinho particular e se autopromover no ao vivo em rede nacional. Já fora
da casa, no palco, Rômulo encontrou o apresentador Tiago Leifert tentando
disfarçar sua pouca habilidade em lidar com um candidato tão sério e coerente
como nem Pedro Bial tinha visto antes nos seus 16 anos no comando do programa. Aliás,
Bial não se prestaria à metade dos papéis aos qual seu sucessor tem se
prestado. O que foi Tiago avisar que “a partir de agora a brincadeira acabou”,
referindo-se às punições que seriam impostas aos que não seguem as regras do
jogo? Quer dizer que nesses dois meses estavam todos brincando, inclusive a
direção, a produção e demais responsáveis pelo programa?
O que está mais do que claro é que o “BBB 17”, que
estreou há dois meses, exatamente no dia 23 de janeiro, prometendo se
diferenciar principalmente por ter tido o cuidado de fazer uma seleção que
primou pela diversidade de perfis dos candidatos não conseguiu de libertar do
ranço das temporadas anteriores em que a própria edição se encarrega de dar à
competição ares de folhetim mexicano, com roteiro piegas, protagonistas pouco
convincentes na arte da interpretação e coadjuvantes que ou se rebelaram ou
jogaram a toalha ao perceberem que estavam ali como meros figurantes.
Dos que ainda restam no elenco dessa novela chinfrim
da vida real, está Marinalva, a paratleta que entrou para ser um exemplo de
garra e superação e viu seu papel se resumir a fazer arroz doce para a turma do
Tá Com Nada. Conforma-se então em passar as horas vagas fumando no lounge da
piscina, esperando a companhia de algum desocupado com quem possa destilar seu
veneno, enquanto morde nervosamente os lábios. Não menos intrigueira é Ieda, a
bela senhora de 70 anos que entrou para representar uma terceira idade que não
perdeu o vigor e a alegria de viver, mas acabou mostrando-se uma Mamma chegada
a uma fofoca e com ideias conservadoras e machistas. As duas vêm dando sinais
de desgaste, assim como Daniel, o agente de trânsito que chegou pensando em ser
o bronco da vez e meteu a viola no saco ao ver que seu discurso de “gente
humilde” não teria como competir com o nível cultural de um diplomata, um
médico e um advogado indigenista nas conversas.
Mas as conversas com algum conteúdo foram rareando à medida que Marcos e Ilmar foram se afastando de Rômulo e resolveram abraçar juntos a missão de proteger Emilly. Talvez Vivian, a advogada e ex-miss Manaus ainda pode ajudar a dar algum ritmo ao jogo com sua sinceridade e objetividade ao encarar os adversários. Mesmo assim, os próximos capítulos prometem ser enfadonhos, recheados de ceninhas infantis em que Mamão, continuará fazendo as vezes de Bobo da Corte do casalzinho “utilitário” (como bem definiu o diplomata), que continuará movimentando o edredom todas as noites para “fazer VT” (como gosta de dizer o médico) e alimentar a tendenciosa edição que vai ao ar na emissora. Para deleite dos fãs da “pobre ninfeta rica”. E para decepção daqueles que realmente acreditaram que essa edição realmente seria da diversidade, da maturidade e da imparcialidade.
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