terça-feira, 31 de maio de 2016

“Totalmente Demais”: Excelente trabalho dos envolvidos em produto que trouxe um universo variado de temas sociais e espaço para todos os personagens brilharem


Em menos de sete meses, “Totalmente Demais”, novela das sete da Rede Globo, chegou a seu final nessa segunda-feira (30) conseguindo o que poucas produções do gênero têm logrado: cumprir exatamente o que havia proposto em sua sinopse. Foi um último capítulo no qual nenhum núcleo foi esquecido ou situação ficou pendente, como aconteceu ao longo da história, na qual todos os personagens, independentemente de estarem na linha de frente ou serem considerados coadjuvantes, tiveram seus “cinco minutos” de protagonista. Um carinho que poucos autores têm com seu elenco.

Assim como poucos conseguem segurar até o final uma torcida dividida entre com quem a mocinha, no caso Eliza (Marina Ruy Barbosa), deveria ficar: Jonatas (Felipe Simas) ou Artur (Fábio Assunção). No caso, venceu o Sapo, mostrando que os tempos não estão mais para os Príncipes de última hora. Foi um desfecho leve, com finais felizes, famílias reunidas, e algumas liberdades poéticas, como a viagem repentina de Jonatas para a França, logo após ter alta do hospital onde foi submetido a um transplante de fígado, e o encontro casual dele e Eliza em um parque de Paris com Gabrielle Aplin, a inglesa intérprete de “Home”, a música tema do casal. Fizeram até uma selfie com a cantora.

Mas um dos grandes feitos da novela, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, foi não trazer apenas os tradicionais ingredientes dos folhetins do horário, como ainda tocar em uma gama de temas muitas vezes só explorados na faixa nobre da emissora, e com um cuidado e uma sutileza poucas vezes visto. A começar por Dino (Paulo Rocha), que representou o padrasto que assediava sexualmente a enteada, Eliza, e explorava a mulher, Gilda (Leona Cavalli). O crápula ainda conseguia se safar da cadeia graças a um amigo, outro bandido, que corrompia policiais corruptos com propina. Mas, no final, Dino foi preso e teve a punição merecida.

A questão de alguns tipos de preconceito, como a homofobia e o racismo, foi bem representada através de Max (Pablo Sanábio), que além de temer a rejeição dos pais por ser gay ainda sofreu a violência física nas ruas por sua condição sexual, e Adele (Jéssica Ellen), negra e homossexual, mas muito bem resolvida consigo mesma. Emocionou também o delicado caso da dificuldade de se encontrar pais adotivos para crianças negras órfãs ou abandonadas em orfanatos, como Gabriel (Ícaro Zulu), que ainda tinha o agravante de ser soropositivo. A adoção do menino por Carolina (Juliana Paes), a vilã que se tornou um exemplo de que as pessoas podem mudar para melhorar e acabou como heroína, serviu para esclarecer várias dúvidas que afligem possíveis pais adotivos nesses casos.

E não há como não destacar o caso de superação de Wesley (Juan Paiva), o jovem morador da comunidade que quase teve o sonho de ser um atleta atropelado por um acidente que o deixou paraplégico, mas, com o apoio e incentivo da família, amigos e namorada, tornou-se um cadeirante campeão em corridas. Já comendo pelas beiradas teve a forma como transtornos de personalidade antissocial podem muitas vezes passar despercebidos dentro de uma família, como foi mostrado através de Sofia (Priscila Steinman), a vilã psicopata filha de Lili (Vivianne Pasmanter) e Germano (Humberto Martins).

Sem falar que nessa colcha de retalhos ainda entraram mídia sensacionalista, puxação de tapete, adultérios, traições, mentiras, diferença de idade entre casais, busca por namorados em redes sociais, romance na terceira idade, o sonho de ganhar na loteria, a obsessão pela fama, e até os riscos que correm os vendedores ambulantes de rua... Ah, e finalmente vimos no final uma formatura do núcleo de estudantes, coisa rara nas novelas. Enfim, tudo que existe na vida real e, de quebra, várias situações inspiradas em clássicos do cinema ou pespontadas por citações da literatura poética. O que significa dizer que esta novela foi realmente Totalmente Demais!


Mais "Totalmente Demais" em:

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2015/11/totalmente-demais-temas-como-assedio-e.html

e

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2016/05/opiniao-desnecessario-link-de-haja.html

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Opinião: Desnecessário link de "Haja Coração" no final de "Totalmente Demais"


Não gostei dessa ideia de linkar o último capítulo de “Totalmente Demais”, novela das sete da Rede Globo, com sua sucessora, “Haja Coração”, da maneira como foi feita.

A aparição de Fedora, personagem de Tatá Werneck na próxima novela, foi até engraçadinha contracenando com Carolina (Juliana Paes), pegando carona no sucesso da história que estava chegando ao fim.  Mas o vídeo promocional de “Haja Coração” para ser exibido em seguida à última cena, entrou no ar de uma forma abrupta logo após os créditos de “Fim” e foi até desrespeitosa para o público que ainda estava se despedindo de uma história que acompanhou durante meses.

Ficou longe de ser um “capítulo zero”, como aconteceu em “Totalmente Demais”, quando houve um clipe com um resumo da sinopse da novela exibido na web três dias antes do fim de “I Love Paraisópolis”, ou seja, sem interferir na exibição do último capítulo de sua antecessora. Dessa vez, além de não ser nem um capítulo zero, foi apenas uma matéria que poderia ter sido feita para o “Vídeo Show”, com algumas cenas mescladas com depoimentos de atores e diretores da novela.

A sensação é de que foi uma tentativa de tentar apagar qualquer sensação de “saudade” da novela que chegou ao fim, já que nem reprise em seu horário de origem haverá.

Achei desnecessário e deselegante com o elenco que estava se despedindo.


# Amanhã a crítica sobre o último capítulo de "Totalmente Demais"