segunda-feira, 28 de julho de 2014

“Império”: Autor surpreende com excelentes atores compartilhando duas fases de história forte e impactante no horário nobre


Já é histórico o risco que correm autores que se aventuram em começar uma novela ambientada em uma fase e, logo em seguida, jogar a história para a atualidade. Eles mexem com aquele sentimento nostálgico mais exarcebado em alguns telespectadores, principalmente os de gerações mais antigas, que querem ver um pouco mais daqueles modismos e costumes de épocas. E mexem também com o público mais jovem, que tem nos novos atores, intérpretes dos personagens na fase jovem, uma referência mais próxima. Aguinaldo Silva, autor de “Império”, novela das nove da Rede Globo que estreou segunda-feira (21), colocou a mão no fogo sem medo de se queimar. E, pela primeira semana no ar, ainda não ficou chamuscado.

Logo nos primeiros capítulos, Aguinaldo Silva já mostrou fôlego de quem vem com tudo para apresentar uma boa história, com cenas que mesclaram ação, amores mal resolvidos, traições, mentiras e muito, muito vilanismo. Destaque para as excelentes interpretações de Marjorie Estiano, Vanessa Giácomo e do estreante Chay Suede. Também teve as cerejas do bolo: os veteranos Reginaldo Faria e Regina Duarte em participações que mereceram serem chamadas de especiais.

Já quando entra a segunda fase, a partir do quarto capítulo, acontece aquele impacto de mudança de etapas na história. Sai Chay Suede e entra Alexandre Nero, sai Adriana Birolli e entra Lilia Cabral, sai Vanessa Giácomo e entra Malu Galli, e, no lugar da marcante Marjorie Estiano entra a sempre dramaticamente impactante Drica Moraes.

A história é forte, instigante, e não poderia ser diferente nas mãos de um bom autor, já que gira em torno de ambição, de poder, como o próprio nome diz. Mas o que a diferencia de outras tramas que já trataram do mesmo tema, é que ela traz um viés muito bem trabalhado por trás da personalidade de cada personagem. É aquele escancarado que esconde algo, ou aquele disfarçado que não consegue disfarçar o evidente. No mais, é a direção de arte, a iluminação e o figurino impecável, tudo sob a direção de núcleo de Rogério Gomes. Mas o que vale mesmo é que, até o momento, é uma novela que ainda instiga em saber quais são as cenas dos próximos capítulos.




domingo, 20 de julho de 2014

“Em Família”: Júlia Lemmertz não recebe de Manoel Carlos a Helena que ela merecia interpretar para homenagear sua mãe, Lilian


Independentemente de qualquer crítica que se faça ao conjunto de “Em Família”, novela das nove da Rede Globo escrita por Manoel Carlos, em que o autor prometeu ser seu último folhetim com a protagonista chamada Helena, no último capítulo, exibido nessa sexta-feira ( 18), o que mais constrangeu foi o fato de ver a mesma ter perdido o posto de heroína para se tornar mera coadjuvante de uma história sem protagonistas. Uma atriz do calibre de Júlia Lemmertz, convidada a prestar uma homenagem a sua mãe, Lilian Lemmertz, primeira a interpretar a precursora de uma série de Helenas em novelas de Manoel Carlos, em “Baila Comigo”, de 1981, merecia ter vivido uma história mais rica.

Antes de “Em Família” estrear, em fevereiro deste ano, Maneco afirmou que, ao decidir encerrar o ciclo das Helenas, pensou logo em Júlia: “Tinha vontade de escrever para ela. A matriz é a Lilian Lemmertz, e eu tinha essa dívida de amor que eu pago com essa escolha”. Se a dívida era apenas passar personagem de mãe para filha, foi paga. Mas, se a dívida era coroar o ciclo de uma personagem, ficou devendo.

Não que alguma outra, ou algum outro personagem, tenha se sobressaído nessa novela. Shirley (Viviane Pasmanter) com sua cobra foi uma versão bem chinfrim de Luz Del Fuego. O flashback de Laerte (Gabriel Braga Nunes), à beira da morte, passando o rodo nas personagens de Júlia, Viviane, Helena Ranaldi e Bruna Marquezine, foi algo que beirou o ridículo. No fundo ele era apenas um músico psicopata e tarado que até agonizando só pensava em sacanagem. Pior ainda foi ver Selma, a mãe de Laerte interpretada por Ana Beatriz Nogueira, ter tomado tanto espaço no capítulo, ora lendo um livro para defuntos no cemitério onde o filho estava enterrado, e depois chegando atrasada ao aniversário da amiga, Francisca (Natália do Vale), dizendo que o marido (morto) tinha ficado lá fora resolvendo uma questão de trânsito. E todos no recinto achando graça. Daria até para achar engraçada se fosse uma cena de “Pé Na Cova”, não no último capítulo de uma novela das nove classificada no gênero drama.

Mas, constrangedor mesmo foi ver a Helena de Júlia Lemmertz ter um desfecho tão em segundo plano, tão apagado, tão sem luz, apesar de ela e Virgílio (Humberto Martins) terem tido o jardim de Claude Monet, em Paris, como cenário para suas declarações de amor. Nem a beleza da locação tirou a superficialidade da sequência, apesar do esforço dos atores em tentarem se superar dizendo um texto tão artificial.

Não vou estranhar se Manoel Carlos não voltar a escrever mais uma Helena, dessa vez para Gabriela Duarte, em homenagem à mãe da atriz, Regina Duarte, que já interpretou três Helenas suas: em “História de Amor” (1995); “Por Amor (1997), e em “Páginas da Vida” (2006). Afinal, como em tantas outras vezes, o autor voltou a afirmar que não se aposentou...


Mais "Em Família" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2014/05/em-familia-humberto-martins-deixa.html

Leia também entrevistas de TV em:
http://www.folhadoslagos.com/blogs/elena-correa/fanfarrao-apresentador-andre-vasco-da-novo-folego-a-band#.U8s5ckApuSo



terça-feira, 15 de julho de 2014

“O Rebu”: Nova versão não faz jus à novela que fez história e criou conceitos em tempos de censura na teledramaturgia e só inova agora em termos de novas tecnologias




Quando o original de “O Rebu” foi ao ar, entre 1974 e 1975, na TV Globo, eu era adolescente, mas, já aficionada por novelas, estava curiosa sobre aquela história ousada que se passava em uma única noite. As lembranças mais marcantes que guardo são as do grande Ziembinski em cena como Conrad Mahler e de todo mistério brilhantemente conduzido por ele naquela trama de Bráulio Pedroso, dirigida por Walter Avancini. Nunca me esqueci da imagem daquele ator polonês. E muito menos do jovem Buza Ferraz, interpretando Cauê. Principalmente por, apesar de minha pouca idade, não ter deixado de entender que a história tratava de um caso de homossexualidade. E descobrir que a censura na época tinha exigido que Cauê fosse mostrado como filho adotivo do velho Conrad. Bobagem. Censura nenhuma tolhe a inteligência do público, de que idade for.

Nesse remake que estreou nessa segunda-feira (14), na Rede Globo, o personagem Cauê foi rebatizado como Bruno Ferraz, interpretado por Daniel Oliveira. Seria uma homenagem ao Buza Ferraz? Talvez. Mas, para por aí. O Bruno atual é apresentado como um garanhão, que teve caso com as personagens de Patrícia Pillar, Cássia Kis Magro, Shophie Charlote, Mariana Rios. Nesse ponto, a nova versão escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, com colaboração de Charles Peixoto, Flávio Araújo, Lucas Paraízo e Mariana Mesquita, fogem totalmente ao original. Nem Tony Ramos ainda fez jus ao posto de novo Ziembinski. Ou será que José de Abreu é o seu representante?

“O Rebu” foi uma obra inovadora não apenas por tratar da questão da homossexualidade como também por criar o mistério em torno de quem morreu e não de quem matou. Nesse ponto, a nova versão, que traz o benefício das novas tecnologias, com iluminação perfeita e direção de arte caprichada, perde em termos de inovação na narrativa. O “quem matou?” já deixou de ser novidade há décadas. Cenas de festas na alta sociedade com insinuações de uso de drogas e sexo no banheiro não são mais nenhuma novidade. São mais do mesmo que desmerecem uma obra que foi ousada em sua época. Quem deve realmente segurar essa novela são Cássia Kis Magro e Patrícia Pilar.

No mais, a obra que realmente deve continuar na história é o original de "O Rebu".


segunda-feira, 14 de julho de 2014

“Malhação”: Estreia de vigésima segunda temporada não empolga e mais uma vez o melhor da novelinha é o clipe de abertura


Ao longo de anos, o maior louro da equipe de “Malhação” a cada nova temporada tem sido produzir belos clipes de abertura, com trilhas sonoras inspiradas geralmente nos anos 80, 90. O precursor, lá no começo da novelinha, foi Lulu Santos, com “Ainda vai levar um tempo...”, de 95 a 99, seguido por Charles Brown Jr., que de 99 a 2007 teve dois sucessos seus nas aberturas: “Te Levar” e “Lutar Pelo Que É meu”. E, a partir daí, começaram a apelar para as bandas teen, como Hardcore Strike, NX Zero e Hori. Não por acaso, a trilha da temporada passada foi "Família", do ex-Titã Nando Reis.  Coincidentemente, ou não, a temporada que começou nessa segunda-feira (14) resolveu resgatar um hit da década passada: Pitty regravando “Agora Só Falta Você”, sucesso de Rita Lee em 1975.

Sobre a história, picadinhos de situações que não apresentam muito do que realmente se trata. Mais uma vez um grupo de jovens muito mais interessados em namorinhos proibidos, competições individualistas, meninas e meninos iniciantes vaidosos, e o elenco mais experiente tentando costurar tudo de uma forma que não pareçam tão veteranos.

Estranho é o tanto de profissionais que estão por trás de um programa que tem cerca de meia hora de produção no ar. Os autores são Rosane Svartman e Paulo Halm, com colaboração de Diego Miranda, Natália Sambrini, Juliana Lins, Claudia Sardinha e Fabrício Santiago. Sete roteiristas sob a supervisão de Glória Barreto. Sem falar que há três diretores, Luiz Henrique Rios, Marcus Figueiredo e Cristiano Marques, sob a direção de núcleo de José Alvarenga Júnior.  Tomara que esse time todo realmente mostre uma boa história nos próximos capítulos. A estreia não empolgou. Foi mais do mesmo de tantas outras “malhações”.


Mais "Malhação" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/07/malhacao-elenco-jovem-se-mostra.html 




domingo, 6 de julho de 2014

“Na Moral”: Insistindo na vontade de querer ser um novo Chacrinha, mas sem qualquer naturalidade, Pedro Bial reestreia com pauta ultrapassada e depoimentos requentados


Pedro Bial não desiste da tentativa de se auto-comparar com Chacrinha. E foi em mais uma tentativa de copiar Abelardo Barbosa, autor da célebre frase "Em televisão nada se cria, tudo se copia”, que o jornalista inaugurou mais uma temporada do seu “Na Moral” nessa quinta-feira (3), na Rede Globo. Vestindo uma camisa branca com estampas de abacaxis em azul, numa referência ao Troféu Abacaxi que o Velho Guerreiro distribuía em seus programas, Bial ensaiava uns passinhos ao som de uma marchinha - no pior estilo Fátima Bernardes tentando parecer descontraída dançando no seu “Encontro” - enquanto algumas bailarinas com maiôs coloridos reluzentes rebolavam meio sem entender se estavam no “Big Brother” ou no “Domingão do Faustão”. Constrangedor.

A pauta da noite também nada tinha de novo. Jeitinho brasileiro? Origem da feijoada? Falta de pontualidade? Muito do mesmo sendo repetido sem buscar um ângulo diferente daquele que já foi exaustivamente explorado em matérias ao longo de anos. Os convidados da noite, o ator Tony Ramos, o chef Claude Troigros, o cientista político Alberto Carlos Almeida e o economista Eduardo Giannetti, não tiveram tempo de fazer a diferença. Eram sempre interrompidos por Bial, que recorria ao percussionista Pretinho da Serrinha em momentos em que tinha a deixa para desenvolver melhor o assunto, como quando Tony Ramos levantou a bola das “barbáries” da informalidade.

E o que era aquela consultora de relações internacionais com um arco na cabeça cheio de penas de arara azul, cachos de uva e outros enfeites tropicais? Fez lembrar aquelas caixas do supermercado Extra, que faz suas funcionárias usarem acessórios conforme as datas festivas: orelhas de coelho na Páscoa, coroa de princesa no dia das crianças, gorro de Papai Noel no Natal... Totalmente desnecessária também a participação das modelos Ellen Jabour e Carol Nakamura fazendo discurso contra a imagem vendida da sensualidade da mulher brasileira, estando ambas usando vestidos justíssimos e decotes acentuados na maior linha “vestida para matar”.

Para completar, no meio de um “debate” sobre bundas, Bial, de repente, fica sério e ao citar os protestos que aconteceram no país diz: “Sou jornalista da Globo, não bate em mim, não”. Gracinha totalmente sem graça para introduzir um assunto sério e que nem foi desenvolvido.

Para completar, na moral, continuo não entendendo por que aqueles figurantes vestidos de índio no estúdio...

Mais "Na Moral" em:
http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2013/07/na-moral-pedro-bial-estreia-segunda.html

E leia também entrevistas de TV em:
http://www.folhadoslagos.com/blogs/elena-correa/beth-goulart-o-talento-vem-da-alma-e-nao-do-corpo#.U7wwPEApuSo