domingo, 26 de junho de 2016

“SuperStar”: Com torcida de realizadores do programa, banda de forró vence competição cantando covers de repertório nordestino


A vitória da banda de forró Fulô de Mandacaru na final do “SuperStar” nesse domingo (26), na Rede Globo, repetiu nas redes sociais o mesmo tipo de repercussão de uma das duas temporadas anteriores do programa: de um lado, fãs aplaudindo o vencedor, e de outro, grande parte dos internautas reclamando de mais uma vez a emissora ter beneficiado uma banda, seja lá por que motivos. Em 2014, na estreia da versão brasileira do show de talentos israelense “Rising Star”, ganhou a banda Malta sagrou-se campeã, especulou-se que seu contrato com uma gravadora, além dos R$ 500 mil de prêmio, já estava acertado desde sua seleção. Na temporada do ano seguinte o mesmo não se repetiu quando Lucas & Orelha foram os preferidos na votação do público. Mas é bem verdade que a dupla não teve o mesmo tratamento para dar sequência ao sucesso sob os holofotes da Globo como a Malta.

De qualquer forma, o que se viu nessa terceira temporada foi uma direção mais descontraída por parte de Boninho, talvez pela mudança de horário, deixou de ir ao ar após o “Fantástico” para ser exibido no começo da tarde, logo depois do “Esporte Espetacular”. Esse formato mais solto refletiu em uma atitude menos imparcial da apresentadora Fernanda Lima, que não escondeu sua preferência por algumas bandas e até mais proximidade com alguns músicos. Coincidentemente (?), Fulô de Mandacaru era uma delas.

No trio de jurados também houve alteração: Daniela Mercury substituiu Thiaguinho ao lado de Sandy e Paulo Ricardo e desde o começo parecia estar totalmente focada em “causar”. Durante as apresentações, a baiana parecia estar “fora da casinha”, aos primeiros acordes, antes mesmo de o vocalista soltar a voz, ela levantava para dançar num frenesi que nem sempre correspondia ao ritmo. Era estranho, porque a técnica que deveria estar ali para observar e avaliar os concorrentes no palco, parecia mais preocupada em se divertir e chamar a atenção para ela. Diferentemente de Sandy e Paulo Ricardo, que até se esforçavam em fazer análises tanto técnicas quanto emotivas, mas em muitos momentos ficavam visivelmente constrangidos com as explosões exageradas de alegria da colega.

Agora, em relação ao processo de votação do público, mais uma vez ficou claro que as primeiras bandas a se apresentarem são sempre prejudicadas. Muitos internautas reclamaram não terem conseguido votar nas duas primeiras bandas por falhas no aplicativo. O que pode ter prejudicado muito a primeira banda eliminada, Bellamore. Também ficou estranho o “termômetro” da votação ter parado na metade da apresentação do OutroEu, segunda eliminada.

Enquanto isso, a Fulô de Mandacaru foi claramente beneficiada nas três etapas, ficando sempre por último na ordem de apresentação. Além de ter contado com o favoritismo escancarado de Daniela. A técnica nem disfarçou e, enquanto a banda convidada de Lúcio Mauro Filho se apresentava, foi dançar à frente da torcida dos forrozeiros. Pegou muito mal. Assim como pegou mal Fernanda Lima se despedir da Plutão Já Foi Planeta como se ela já tivesse certeza de que a banda não teria qualquer chance contra a Fulô. Tudo bem que ela soubesse, mas como apresentadora poderia ter ao menos mantido o suspense ou criado uma expectativa.

Ou seja, no fim, todos se comportaram como se estivessem apenas jogando mais uma partida com um baralho de cartas marcadas. E de nada adiantou Paulo Ricardo e Sandy repetirem várias vezes no decorrer da competição de que é preciso valorizar os músicos que apresentam composições autorais. Venceu um grupo que sobrevive de covers do repertório nordestino e que ao vencer tentou transformar o palco em um palanque político com um discurso batido e não mais convincente.


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sábado, 25 de junho de 2016

“Êta Mundo Bom!”: Novela foge do padrão de focar em par romântico central e dá leveza a situações que poderiam ser dramáticas se não fossem cômicas


Embora ambientada no século XX, entre os anos 40 e 50, “Êta Mundo Bom!” está longe de ser uma novela que coloca o romantismo como fio condutor costurado por um par romântico central da história, como acontece na maioria dos folhetins, principalmente os de época. Talvez esteja aí um dos grandes trunfos do sucesso que vem fazendo a novela das seis da Rede Globo, escrita por Walcyr Carrasco e Maria Elisa Berredo. É claro que a assinatura de Jorge Fernando na direção-geral também colabora em grande parte na execução de situações romanticamente ou até mesmo dramaticamente cômicas criadas pelos autores e brilhantemente interpretadas por todo elenco.

Uma frase dita por Candinho (Sérgio Guizé), o protagonista, no capítulo dessa sexta-feira (24) para Anastácia (Eliane Giardini) após ela perder toda sua fortuna e não ter mais como dar luxo ao filho perdido bebê e reencontrado já adulto, foi emblemática: “A mãe cuida do filho, e o filho cuida da mãe”, resumiu Candinho, docemente resignado. Essa declaração selou de vez que essa é uma novela que não busca um par romântico, mas que trata de relações de amor que podem ser incondicionais, ou não.

Aí entende-se por que o amor entre Candinho e Filomena (Débora Nascimento) nunca foi o centro das atenções. Filó, como é conhecida, até se envolveu com Ernesto (Eriberto Leão) antes de engravidar de Candinho. Assim como Candinho ficou noivo de Sandra (Flávia Alessandra). E, apesar de tantos desencontros, o amor dos dois caipiras, mesmo à distância, continuou imune a tudo que passaram na cidade. Porém, nem por isso se tornou mais importante do que as demais tramas paralelas.

Na verdade, Gerusa (Giovanna Grigio) e Osório (Arthur Aguiar) formam o único par romântico clássico. Assim mesmo, o sentimento que une os dois jovens causa mais comoção pelo fato de a moça sofrer de leucemia, uma doença que naqueles tempos não contava com tratamentos muito eficazes. Bem diferente dos envolvimentos amorosos de Sandra, a grande vilã da história, e Bianca (Priscila Fantin), que colecionam amantes usados em seus planos ambiciosos de ficarem ricas.

Nessa rebarba o que diverte mesmo são as cenas daquelas paixões improváveis ou desprovidas de preocupação com grandes romantismos. Como acontece com Mafalda (Camila Queiroz), a jovem que, apesar de ser disputada pelo roceiro Zé dos Porcos (Anderson Di Rizzi) e o almofadinha Romeu (Klebber Toledo), só pensa mesmo é em saciar sua curiosidade de conhecer o “cegonho” dos moços. Assim como sua Tia Eponina (Rosi Campos), que desencalhou ao se casar com o Dr. Pandolfo (Marco Nanini), mas, para desespero da jovem-senhora-virgem, o “cegonho” do noivo não consegue “levantar voo” na lua-de-mel.

Essa leveza ao brincar com o que poderia se transformar em algo muito sério se fosse visto apenas pela lente do dramalhão, aliada ao esmero e capricho na cenografia, direção de arte, caracterização das personagens e produção em geral, com certeza, garantem uma audiência qualificada para mais uma novela que veio transformar a faixa das seis em horário nobre.


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quarta-feira, 22 de junho de 2016

“Power Couple Brasil”: Lavação de roupa suja domina final, com vitória de casal desconhecido kamikaze sobre famosos


A final do “Power Couple Brasil”, que foi ao ar nessa terça-feira (21), na Record, com a vitória de Laura e Jorge sobre Simony e Patrick, acabou se transformando em uma verdadeira lavação de roupa suja entre os seis casais eliminados e os dois casais finalistas. A edição ajudou, esmerando-se em selecionar as maiores polêmicas ao preparar os melhores momentos da primeira temporada da competição. E com um empurrãozinho do apresentador do programa, Roberto Justus, as farpas rolaram soltas no programa ao vivo.

Para começar, os dois casais finalistas foram colocados sentados de frente para falar, cara a cara, por que um achava que o outro não merecia ganhar o prêmio. No caso, o valor que havia acumulado no jogo, R$ 697 mil para Laura e, se ganhasse, R$ 371 para Simony. A cantora começou alfinetando, dizendo que havia passado “coisas fora do jogo”, mas Laura logo reagiu acusando o outro casal de não sustentar o “sim” ou o “não”, ou seja, chamou os dois de falsos.

Mas o estopim foi aceso mesmo quando Justus pediu que fosse feita uma simulação de DR (a votação que mandava um casal Direto pra Rua no jogo), e que os eliminados escolhessem seu casal preferido para ser o campeão. Apenas Gretchen escolheu sua amiga Simony. Aliás, as duas não perderam uma única oportunidade quando estavam com o microfone na mão para falar sobre o quanto “sofreram” após o jogo, referindo-se às ameaças que sofreram nas redes sociais de fãs da dupla kamikaze, Laura e Jorge.

Na votação dos eliminados, o lutador de boxe Popó soltou o verbo contra Simony; o modelo Mário Veloso não escondeu sua amizade com o outro casal, e o ex-jogador de futebol Túlio preferiu a diplomacia ao exaltar os méritos de Laura e Jorge como competidores. Já Gretchen repetiu seu batido discurso de exaltar seus 40 anos de carreira e exagerou ao falar sobre a luta na vida pessoal dela e de sua amiga também cantora, o que a ex-paquita Andréia Sorvetão logo rebateu com uma indireta: “Todos que estão aqui tem uma carreira e estamos aqui para falar do Power Couple”. O cantor sertanejo Gian em seguida assinou embaixo dizendo que estava na hora de pararem de falar sobre o lado pessoal e pediu que tratassem do que interessava no momento, que era o jogo.

Depois de muito bate-boca, inclusive um bem acalorado entre Simony e Conrado, Justus resolveu amenizar fazendo um discurso poético antes de anunciar o casal campeão, à la Pedro Bial nas finais do “Big Brother Brasil”. Laura e Jorge foi declarado o primeiro casal Power, com 82% por cento da preferência do público, levando para casa os R$ 697 mil que acumularam durante as provas, mais dois carros e uma viagem para Las Vegas, que ganharam também no decorrer da competição. Já com apenas 18% dos votos, Simony e Patrick, que já tinham ganhado uma viagem para o Caribe durante o jogo, foram premiados com um carro zero quilômetro pelo segundo lugar.

Graças à boa audiência, que garantiu até a liderança da Record no ibope quando estava no ar, e a surpreendente repercussão nas redes sociais, Justus encerrou a noite anunciando que a emissora já bateu o martelo e haverá uma segunda temporada de “Power Couple”. É esperar para ver se vão conseguir encontrar outro casal kamikaze que cause tanto quanto fizeram os até então famosos-desconhecidos Laura e Jorge.


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“MasterChef Brasil”: Gleice é eliminada e deixa espaço para que avaliação volte a ser por competência e não por apelo emocional


A segunda eliminação de Gleice do “MasterChef Brasil”, que já vinha de uma repescagem e aconteceu nessa terça-feira (21), na Band, era não apenas previsível como também esperada. Desde o início da competição de culinária da emissora, a estudante paulista de 20 anos teve uma certa proteção não apenas dos jurados como também dos demais competidores. O motivo? Ser de origem humilde e ter perdido, pouco antes da estreia do programa, um irmão assassinado por motivos que não foram esclarecidos para o público. Também não precisava maiores explicações.

Dramas pessoais não devem interferir no resultado final de programas desse gênero. Ou não deveriam interferir. Fato é que Gleice foi, sim, protegida até então em muitas situações por sua condição de caçula e por ter uma história de vida difícil. Em várias provas feitas em equipes ela ficava disfarçando, comendo pelas beiradas e se livrando da prova de eliminação. Foi poupada por colegas de competição, como Aluísio, e tratada de forma diferenciada por Paola Carossela, Henrique Fogaça e Erick Jacquin. Não era justo na comparação com o desempenho dos demais competidores.

Acontece que não se trata de uma disputa de quem sofre mais ou quem tem mais problemas pessoais e dificuldades materiais: a competição é entre quem cozinha melhor. Os jurados deveriam ter esse critério acima de qualquer outro de ordem emocional. Quantos cozinheiros mais preparados não foram eliminados em função dessa valorização da vitimização?

É preciso ficar bem claro que quem foi eliminada não foi apenas a Gleice, mas sim a participante que fez o pior ovo na prova de eliminação. 
Ponto.

Agora é esperar que as avaliações passem a ser feitas por competência culinária e não por apelo emocional.


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terça-feira, 21 de junho de 2016

“Programa Xuxa Meneghel”: Apresentadora peca ao não assumir de forma absoluta entrevista com participantes do “Power Couple”, atual destaque na emissora


Xuxa perdeu uma boa oportunidade de se destacar como condutora absoluta e soberana no programa que leva seu nome e sobrenome na Rede Record, nessa segunda-feira (20), quando recebeu ex-participantes do “Power Couple Brasil”, reality que tem rendido bons índices de audiência à emissora e que chega ao fim nessa terça-feira (21). Os convidados eram três casais eliminados da competição: a ex-paquita Andréa Sorvetão e Conrado, o cantor sertanejo Gian e Tati, e o ex-jogador de futebol Túlio Maravilha e Cristiane. O maior erro da apresentadora não foi apenas demonstrar não ter tanto conhecimento quanto deveria para a ocasião sobre o reality em questão, mas também, e principalmente, o fato de ter chamado como auxiliar Amin Khader, um arremedo de promoter, repórter, humorista, que não convence em nenhuma dessas funções.

De forma inconveniente, como sempre faz, o mesmo chegou tentando ser o centro das atenções, como se fosse o dono do espaço. Os convidados logo perceberam a intenção da figura e visivelmente tentaram fazê-lo se colocar no seu lugar. Conrado até se levantou do sofá para ser ouvido e se sobrepor à postura inconveniente do outro. Tão sem noção que até Túlio teve que chamar sua atenção no momento em que sua mulher, Cristiane, estava dando sua versão para os fatos e ele continuava tentando se destacar: “Psiu! Deixa ela falar!”, advertiu o jogador. Enquanto isso, Xuxa, que deveria ser a primeira a colocar as rédeas em Amin, ainda achava a situação engraçada: “Ó o Túlio!”, disse ela, rindo.

Com os anos de experiência que tem como apresentadora, Xuxa não precisa, nem deveria, se submeter a esse tipo de “ajudante de palco”. Já que se trata de um programa semanal e gravado, não custa nada algumas horas de preparação para se inteirar da pauta da noite e assumir de forma segura e independente a condução das entrevistas.


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sábado, 18 de junho de 2016

Análise: Não importa a época em que é ambientada, toda novela precisa de texto, produção e edição impecáveis e ritmo ágil


Já há algum tempo as novelas classificadas como de época vêm surpreendendo por uma qualidade não apenas em termos de produção artística como também por trazerem uma agilidade no texto e um ritmo acelerado nos acontecimentos que superam de longe certas histórias ambientadas nos dias atuais. Pode até parecer contraditório uma trama cuja locomoção das personagens são carroças que percorriam longas distâncias entre fazendas e vilarejos, ou bondes em cidades que ainda engatinhavam em busca do progresso, ser mais “movimentada” do que outra que tem a seu alcance meios de transportes modernos como carros, helicópteros, aviões.

Mas, é o que está acontecendo novamente. Basta pararmos para analisar duas novelas que estrearam recentemente e exatamente na mesma data, há 18 dias, e que são ambientadas em séculos totalmente diferentes: “Escrava Mãe”, da Rede Record, e “Haja Coração”, da Rede Globo. A diferença mais gritante entre ambas é o fato de a primeira ser um drama romântico que se passa no século XVIII, e a segunda uma comédia romântica do século XXI. E é justamente aí que está a razão da comparação. Afinal, tem-se na maioria das vezes a ideia de que um drama do passado pode parecer um tanto quanto enfadonho diante de uma comédia moderna. O romance entraria apenas como um aposto.

Só que para o telespectador o que conta não é o século ou o ano em que a história se passa, mas sim que ela seja contada seguindo o ritmo do tempo em que ele próprio está vivendo. Sendo assim, a dificuldade em escrever não é maior ou menor para os autores de um gênero ou outro. Todos devem ter o mesmo cuidado em não apenas criar diálogos bem construídos, mas também imprimir neles o máximo de informações que sirvam para desencadear novas ações. Talvez seja aí que aparentemente vemos acontecer um certo comodismo quando se trata de um enredo passado nos dias atuais, enquanto o folhetim que traz emblemas históricos corre na frente, pesquisando, ensaiando, na ânsia de fugir de se tornar arrastado ou didático ao extremo.

Em apenas 15 capítulos, exibida de segunda a sexta-feira, às 19h30, os acontecimentos de “Escrava Mãe” se sucederam numa velocidade digna de minissérie. E não é que os fatos tenham se atropelado, pelo contrário, estão seguindo uma trajetória lógica e sendo todos bem elucidados no momento em que ocorrem. Os autores nem se valeram da possibilidade de reutilizarem a batida fórmula do “Quem matou?”, por ocasião da morte do Coronel Genuíno (Antônio Petrin). Um capítulo após o da morte já foi revelado que a assassina é sua filha, Maria Izabel (Thaís Fersoza). E nem por isso acabou o suspense, porque os outros suspenses não estão, necessariamente, diretamente ligados a esse assassinato. Até porque em todos os núcleos há mistérios a serem revelados e as pistas mudam de um capítulo para o outro. Talvez esteja aí o maior feito dos realizadores: deixarem telespectadores dos novos tempos intrigados sobre o que acontecerá na cena seguinte de uma novela de época.

O mesmo não acontece em “Haja Coração” que, com dois capítulos à frente no ar, por ser exibida também aos sábados, parece estar um passo atrás em termos de criar expectativa para as próximas cenas. Não bastasse os acontecimentos serem sempre previsíveis, as situações se repetem e os diálogos nada acrescentam, pecando pelo excesso de descrição do cotidiano nas relações. Não justifica ser uma história baseada em outra que se passou há décadas o fato de se perder em um moderno pincelado de um conservadorismo e de uma visão bairrista contestados no mundo atual. Já está esgotada essa fórmula de usar aberrações comportamentais de homens que buscam a ascensão casando-se com mulheres feias, autoritárias e ricas, e de mulheres que mesmo tendo gênio forte e dizerem-se independentes só se realizarem se encontrar o príncipe dos sonhos. Até mesmo o que deveria ser o mistério central da história está perdido em meio a um festival de gracinhas sem graça e péssimos, cansativos e irritantes exemplos de erros de português divulgados através de Tancinha (Mariana Ximenes). O viés de “Sassaricando” poderia até ser reaproveitado, mas precisaria ser costurado de outra forma para não virar mais uma peça de figurino obsoleta, repetitiva e cheirando a naftalina.

Vale lembrar que novelas de época mais recentes da Rede Globo, como “Lado a Lado” (2012), “Joia Rara” (2013) e “Além do Tempo” (2015), também surpreenderam pela primazia da produção e direção, impulsionadas pelo texto impecável de seus autores. Ou seja, tanto em uma emissora quanto em outra, a qualidade das novelas de época, que exigem muito mais pesquisa, conhecimento e dedicação dos seus realizadores, está se sobrepondo à das produções modernas. Talvez esteja na hora de o moderno perceber que, de tão novo, esteja precisando também se autoanalisar. Não importa a época em que aconteça, uma novela precisa de um texto irretocável para uma história produzida com esmero e uma edição impecável.



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sexta-feira, 17 de junho de 2016

“Jogo de Panelas”: Com troca de farpas, lágrimas e clima mexicano, quadro do “Mais Você” sai da mesmice de edições anteriores


A 19° edição do “Jogo de Panelas” que foi ao ar essa semana no “Mais Você” teve mais um clima de “Big Brother” do que mesmo de uma disputa culinária. E talvez por isso tenha sido uma das mais animadas dos últimos tempos, não repetindo a mesmice das edições anteriores, nas quais todos pareciam querer interpretar o papel de amigos de infância. O clima entre os participantes dessa vez foi o prato principal, na maioria dos jantares esquentou e em alguns momentos as trocas de farpas à mesa quase desandou a receita. E o quadro do programa quase virou uma novela mexicana, com manifestações exaltadas, lágrimas e intrigas.

Dessa vez, a escolha do grupo foi feita no Rio de Janeiro: o publicitário Wagner, o artista plástico paranaense Anderson, o analista jurídico mineiro Del, a jornalista Lorhana e a gerente comercial Mônica. As duas são as únicas que não moram na capital, mas sim em Niterói. E se no cara a cara eles não poupavam indiretas e diretas, no momento em que ficavam isolados dos demais, diante de uma câmera para gravar a nota oculta, as críticas rolavam soltas.

Ao assistir a cada jantar, ficou perceptível que quando o teor etílico subia, as características pessoais ficavam mais afloradas. Após alguns drinques, Del, o mais tímido, ficava um pouco mais solto, embora continuasse discreto. Já Anderson depois de algumas doses era tomado por uma espécie de sincericídio e disparava sua metralhadora detonando as falhas dos demais, principalmente contra quem tentava replicar ou contrariá-lo. Mas o artista plástico promoveu as discórdias mais engraçadas, principalmente por pegar, literalmente, no pé de Mônica, por causa do bacalhau salgado que ela serviu em sua casa. Como foi a segunda anfitriã da semana, e sempre posou de conhecedora de cozinha, Mônica teve que ouvir Anderson lembrar o erro dela nos três jantares seguintes. “Você é rancoroso”, chegou a rebater Wagner, o último anfitrião.

Caso os cinco estivessem realmente confinados em um reality show tipo “BBB”, Anderson, sem dúvida, seria o vilão; Mônica, a jogadora; Lorhana, a chorona da vez; Wagner, aquele que tenta ser diplomata, e Del, o que só observa, fica neutro e não se compromete. Curiosamente, a seleção dos participantes parece ter considerado a possibilidade de provocar alguns contratempos em relação aos gostos de cada um, já que entre eles escolheram Wagner, que não come arroz de jeito algum, ingrediente que dificilmente não apareceria em alguns jantares; Anderson, que não gosta de coco nem ovo de codorna, presentes em dois cardápios, e Lorhana, que fez cara feia para a carne de porco servido por Del e foi enfática ao afirmar que odeia pimenta, tema da noite na casa de Wagner.

Até mesmo Ana Maria Braga estava mais crítica na avaliação dos pratos que os participantes prepararam para ela quando foram ao vivo no programa. Apenas Wagner ganhou um “Hummm”, sinal de que a apresentadora gostou do prato. Já na vez de Lorhana, Ana Maria nem quis comentar a sobremesa: “Vamos mudar de assunto”, desconversou ela. E olha que a moça já tinha ganhado de Mônica um 6 na nota aberta de seu jantar. Lembrando que a nota mínima é 5 e, por isso, a partir dali as duas concorrentes também começaram a trocar indiretas e olhares faiscantes.

Ou seja, a final desse “Jogo de Panelas”, que acontece na segunda-feira (27), promete ter muita lavação de roupa suja, já que é quando serão reveladas as quartas notas que estão faltando e foram gravadas no calor da emoção nas noites dos jantares. É claro que, como não estarão movidos a “uns bons drinques”, pelo horário do programa, talvez os participantes não extravasem tanto suas emoções no ao vivo. É aguardar para ver se Ana Maria terá ou não que, literalmente, “chamar os cachorros”.


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quarta-feira, 15 de junho de 2016

“Power Couple Brasil”: Casal que se mantém neutro durante toda competição é eliminado na prova de resistência


Em sua penúltima semana no ar, o “Power Couple Brasil”, reality show da Record que consiste em uma competição entre casais de celebridades, mostrou nessa terça-feira (14) uma prova de resistência semelhante àquelas que sempre acontecem no “Big Brother Brasil” da Globo. E, como acontece na concorrência, lá estava na reta final um casal que sobreviveu a toda a competição levado pela sorte ou por uma estratégia de jogo: o cantor sertanejo Gian e sua mulher, Tati. Os dois conseguiram chegar à semifinal com a cantora Simony e seu marido, Patrick, e a atriz Laura Keller e seu companheiro, Jorge, mantendo sempre uma postura neutra, comendo pelas beiradas sem se indispor com nenhuma outra dupla de competidores e, assim, sendo sempre poupado do voto de eliminação.

Essa tática de se apresentar como mais frágeis e menos jogadores já está bem manjada. É algo que vem acontecendo no “BBB”, vide a última edição em que Cacau, usando dessa mesma artimanha, chegou à final sem nunca ter ido para o Paredão. Tivesse ido, talvez o público a eliminasse logo na primeira chance. No caso do “Power Couple”, o casal “Soft Couple” Gian e Tati foi poupado enquanto foi conveniente para seus concorrentes. E, como era de se esperar, não aguentou uma prova “power”, e foi embora de mãos abanando.

Agora é esperar a final da próxima terça-feira (21), ao vivo, quando o casal vencedor será eleito através do voto do público. Quem vencerá? O casal de kamikazes Laura Keller, uma atriz praticamente desconhecida e sempre a 220 por hora, e seu parceiro Jorge, uma figura histriônica, quase bizarra, ou o casal que parece sempre uma incógnita formado pela cantora Simony, que tem o “apoio” da amiga Gretchen, e por Patrick, o jovem engenheiro que parece estar sempre se controlando para não perder as estribeiras com a própria mulher?



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sexta-feira, 10 de junho de 2016

“Power Couple Brasil”: Com provas criativas e brigas entre casais, reality conquista audiência e repercute nas redes sociais


Ao convidar o casal Laura Keller e Jorge Souza para a versão brasileira do Power Couple Brasil, reality show copiado de um formato original israelense, a Record deve ter atirado no que desejava e acertado no que menos esperava: a dupla kamikaze formada por uma atriz pouco conhecida e seu marido empresário conseguiu se sobrepor e tirar do sério as “famosas” da edição, como as cantoras Gretchen e Simony e seus respectivos maridos, o empresário português Carlos e o jovem engenheiro Patrick, e a ex-Paquita Andréa Sorvetão com seu companheiro, o cantor Conrado. Correndo por fora e aparentemente os mais fracos do jogo estavam o cantor sertanejo Gian e sua mulher Tati e o casal de modelos Mário Velloso e Pietra, além do lutador de boxe Popó e do ex-jogador de futebol Túlio Maravilha, com suas esposas Emilene e Cristiane, respectivamente.

No ar desde 12 de abril, nessas oito semanas no ar todos foram submetidos a provas que desafiavam a sintonia dos pares, envolvendo desde memória, resistência, força, coragem e inteligência. Cinco já foram eliminados. Restam três na disputa: Laura e Jorge, Simony e Patrick, e Gian e Tati, que passarão por uma disputa na próxima terça-feira (14) valendo as duas vagas para a final, no próximo dia 21, quando a decisão ficará nas mãos do público que votará na sua dupla preferida. A vencedora levará o total de dinheiro acumulado ao longo de toda a competição.

Apresentado por Roberto Justus - que mantém sempre o mesmo estilo engomadinho à frente de qualquer tipo de atração -, “Power Couple Brasil” tem conquistado a vice-liderança. E já conseguiu até mesmo ficar em primeiro lugar por alguns minutos nas edições em que o ponto alto foram as brigas envolvendo Gretchen e Simony contra Laura, ou contra Conrado. Exibido nas noites de terça-feira, o programa está longe de ser um fenômeno, mas possui provas bem elaboradas e executadas, e vem conquistando audiência e repercutindo na internet justamente pelas situações bizarras protagonizadas por seus participantes.

É um novo caso de trash que satisfaz uma parcela de telespectadores. Em especial aqueles que gostam de ver o “circo pegar fogo” para comentar simultaneamente nas redes sociais. Tem sido um dos mais discutidos no Twitter quando está no ar. E já virou até caso de polícia quando Gretchen e Simony registraram Boletim de Ocorrência em uma delegacia por estarem sofrendo ameaças de fãs do casal que está à frente na competição, Laura e Jorge.

Ou seja, é mais um programa de TV mostrando que audiência não é sinônimo de qualidade. Mas serve como distração. Afinal, como não rir das defesas que Gretchen fazia de seu parceiro dizendo que “Ele não atravessou o oceano para isso!”? Ou se indignar com a falsidade de Conrado num leva e traz tentando fazer conchavos com amigos e inimigos e sendo totalmente machista no trato com a Sorvetão? E ainda tem o jeito todo zen de ser do casal Gian e Tati “Vida”, que mesmo no meio da maior confusão mantém a voz mansa, os movimentos quase em slow? Sem falar nas reações histriônicas do casal mais power do jogo, Laura e Jorge. Ou seja, dentro do que se propõe, a emissora está cumprindo seu papel.


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domingo, 5 de junho de 2016

“Escrava Mãe”: Com destaque para fotografia e direção de arte de alta qualidade e sequências com ritmo ágil, novela surpreende em sua primeira semana no ar


Em seus primeiros capítulos, “Escrava Mãe”, novela da Rede Record que estreou na terça-feira (31), vem se apresentando como um produto de qualidade tanto no texto de Gustavo Reiz, quanto na direção-geral de Ivan Zettel. Depois de uma estreia impactante, quando foi mostrada a origem daquela que dá título à obra, ou seja, o roubo de negros africanos, tirados de suas tribos por feitores portugueses para serem trazidos como escravos para o Brasil, a história continuou mantendo o fôlego nos capítulos subsequentes.

Direção de arte e fotografia estão conversando perfeitamente em sintonia com a época na qual a novela se passa. Assim como casou bem a trilha sonora com clássicos da MPB dos anos 80, 90 em novas interpretações, mas sem perder as marcas registradas deixadas por seus intérpretes originais, como Milton Nascimento, Roberto Carlos e Clara Nunes, entre outros. E a abertura, com desenhos ganhando cores de nanquim, é de uma criatividade simples, delicada e muito bem executada.

Diferentemente de sua concorrente no horário, “Haja Coração”, da Rede Globo, que pretende ser um reboot de “Sassaricando” (ou seja, um reinício de uma história já contada), “Escrava Mãe” vem a ser uma prequela, que viria a ser uma narrativa que antecede uma obra anterior, no caso “Escrava Isaura”, inspirada no romance homônimo de 1875 de Bernardo Guimarães, que teve sua primeira versão para a televisão feita em 1976 pela Globo, e uma segunda na Record em 2004. Ambientada no mesmo universo ficcional, a novela conta a história da mãe da escrava Isaura, Juliana, muito bem interpretada por Gabriela Moreyra, atriz que está em seu sétimo trabalho na emissora, onde estreou há dez anos, em “Bicho do Mato”.

É sempre uma presença de peso ter Zezé Motta, como Tia Joaquina, fazendo as vezes de narradora de toda a trajetória da protagonista. O elenco traz ainda outros atores maduros e experientes nesse gênero, como Antônio Petrin e Luiz Guilherme, fazendo os coronéis rivais Custódio e Quintanilha. E mais uma vez se destacando Jussara Freire, como a viúva falida, ambiciosa e fogosa Urraca de Góis. Também estão corretas Thaís Fersoza e Lidi Lisboa, interpretando respectivamente Maria Izabel, a sinhá maquiavélica da fazenda, e Esméria, ama da jovem vilã e tão impiedosa quanto ela.

Seria recomendável que não se pesasse tanto a mão nas cenas de violência e castigo a escravos. Mas, como se trata de uma obra fechada, cujas gravações foram realizadas ano passado e já concluídas, não há como se sugerir ou esperar qualquer mudança. De qualquer forma, vale por ser uma boa história e pela qualidade da produção como um todo. Lembrando que os figurinos foram confeccionados no mesmo ateliê norte-americano responsável pelo figurino da série “Game Of Thrones” e que se trata da primeira novela brasileira gravada em resolução 4K, superior ao HD tradicional.



quarta-feira, 1 de junho de 2016

“Haja Coração”: Com interpretações repetitivas e texto correto mas diálogos rasos, novela não empolga pela falta de destaques que uma estreia merece


Não empolgou o primeiro capítulo de “Haja Coração”, nova novela das sete da Rede Globo, que foi ao ar nessa terça-feira (31). Pode até ter mostrado que vai investir em humor, drama e romance, mas faltaram situações que realmente dessem aquele Plus esperado em uma estreia. Para se ter uma ideia, a cena mais engraçada foi quando a ex-BBB interpretada por Ellen Roche, que tentava em vão ser reconhecida em um restaurante chegou para um cliente e deu a dica: “É Big, é Big, é Big...”, e o figurante respondeu: “É hora, é hora, é hora...”. No mais, foi muita trilha sonora para pouca ação.

Escrita por Daniel Ortiz, sob a direção-geral de Teresa Lampreia, está parecendo mais um remake do que uma história livremente inspirada em “Sassaricando” (1988), de Silvio de Abreu. Não adianta querer encontrar termos novos para justificar, como chamar de reboot (uma espécie de reinício ou novo episódio de uma mesma história), porque o público noveleiro quer assistir a um folhetim com identidade própria, já que foi oferecido com um título novo.

A trama central continua sendo a mesma: o operário, chefe de uma família humilde, a Di Marino, desaparece da noite para o dia e, 20 anos depois, sua mulher e filhos tentam provar que o rico empresário dono do Grand Bazzar e sua rica família, os Abdala, são responsáveis pelo assassinato daquele que era funcionário de sua empresa no passado. E em termos de interpretação também não houve um grande destaque no elenco. O que se viu foi atores mais uma vez repetindo as mesmas entonações, expressões e mesmos trejeitos que já mostraram em trabalhos anteriores, como é o caso de Marisa Orth e Jayme Matarazzo na família Di Marino. Enquanto Mariana Ximenes, justiça seja feita, convenceu como Tancinha, embora não esteja mostrando algo muito diferente do que foi feito por Claudia Raia quando interpretou a mesma personagem, há 28 anos.

Já entre os Abdala, Alexandre Borges parece estar fadado a só fazer maridos que alternam entre insatisfeitos, trapalhões ou submissos, como tem acontecido ultimamente; e Tatá Werneck repete o mesmo erro que cometeu em “I Love Paraisópolis”: insiste em transformar a personagem nela própria, quando a atriz que deveria se transformar na personagem. Ou seja, vemos mais uma vez Tatá sendo Tatá em qualquer programa.

Bom, se realmente será uma história inédita, só os próximos capítulos mostrarão. Mas por esse primeiro o que se percebe é que a abordagem não está sendo nova, além de existirem muitos elementos claramente copiados da produção do passado. Inclusive a cenografia e direção de arte que continuam seguindo o velho estilo das novelas de Silvio de Abreu que, em sua maioria ambientadas em São Paulo, trazem sempre os ricos vindos de famílias quatrocentonas e morando em mansões com mobílias e decorações pesadas, antiquadas e de gosto duvidoso. Não vamos esquecer que essa tal “ostentação” não é algo que só surgiu nos tempos modernos. 

Vamos aguardar!


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