domingo, 14 de abril de 2013

“O Dentista Mascarado”: Pouco confortável como ator, Marcelo Adnet parece estar desesperado para se livrar do jaleco em seriado de humor sem graça na Rede Globo

Depois da estreia anestesiada semana passada, o segundo episódio de “O Dentista Mascarado” nessa sexta-feira (12), na Rede Globo, não mostrou qualquer sinal de calcificação. No primeiro, tentou-se dar um desconto para o fato de o seriado que deveria ser de humor, escrito por Fernanda Young e Alexandre Machado e protagonizado por Marcelo Adnet, havia tido a preocupação maior de apresentar o elenco, formado nos papéis principais por Taís Araújo, Leandro Hassum, Diogo Vilela e Otávio Augusto. Só que, também dessa vez, aquela que deveria ser a principal função, fazer rir, continuou não sendo cumprida.

O seriado é principalmente ambientado em um consultório odontológico que pertence a Adalberto Paladino (Adnet), um renomado dentista que à noite tenta desvendar crimes, mas acaba se tornando mesmo um herói às avessas. O mote poderia servir para criativas situações, não fossem as piadas clichês requentadas por um humor morno e previsível.

Vindo da MTV, em que fazia comédia sem vestir um personagem, Marcelo Adnet parece pouco confortável como ator. A todo o momento passa a sensação de que está desesperado para se livrar daquele jaleco e transformar tudo num grande stand up em que poderia novamente ser ele mesmo. Taís Araújo está se saindo bem como a golpista Sheila, numa interpretação que faz lembrar um pouco da Penha de “Cheias de Charme” e outro tanto da Ellen de “Cobras e Lagartos”. Leandro Hassum, em média 20 quilos mais magro vivendo o protético Sérgio, apesar de ótimo comediante parece mais um personagem perdido saído do “Caras de Pau” à espera de que a qualquer momento Marcius Melhem venha lhe salvar dizendo o jargão “Siga o mestre”.

O elenco e a produção são bons, a direção de José Alvarenga é competente, a edição se esforça na tentativa de criar um clima de HQ, meio anos 60, 70, mas falta o principal: conteúdo. Se Fernanda e Alexandre realmente foram buscar inspiração no consultório de seu próprio dentista para escrever a série, como já disseram em entrevistas, os frequentadores de tal estabelecimento devem se entediar muito enquanto aguardam sua vez.

O problema de Paladino não é apenas ser um dentista mascarado e um herói fracassado, é o fato de ele ser extremamente sem graça. Sem querer fazer trocadilho e já fazendo, parece que o nervo do humor já nasceu morto e não há tratamento de canal que dê jeito.


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